Em 2023 transcorrem pela primeira vez na Alemanha os Invictus Games, o torneio esportivo bianual para ex-combatentes. Mais de 500 soldados feridos e enfermos de guerra, assim como veteranos de 21 nações se enfrentam em dez modalidades, de 9 a 16 de setembro, na cidade de Düsseldorf.
Mais da metade dos atletas participante sofre sobretudo danos psíquicos, inclusive depressão. Vivências e conflitos muito drásticos, mas também estresse ou proclividade genética, podem nessa condição psíquica que restringe sensivelmente a qualidade de vida e com frequência resultam em outras doenças.
Psicoterapia e diversos medicamentos, em geral antidepressivos, estão entre as formas de tratamento mais comuns, porém nem sempre têm sucesso. No caso de resistência à terapia ou de distúrbios graves, recorre-se ainda à eletroconvulsoterapia (ECT), em que se aplicam eletrochoques. Trata-se do método de estimulação cerebral mais antigo, e na maioria dos casos é bastante eficaz. No entanto é uma intervenção severa, só executada sob estado de ligeira narcose.
Uma tendência atual é combinar as terapias antidepressão com atividades esportivas, com base em estudos e experiências de médicos. Mas será que o esporte sozinho também funciona, como uma espécie de monoterapia? Para os pacientes, isso significaria o fim de talvez anos de sessões com o psicoterapeuta ou psiquiatra, e o abandono dos antidepressivos.
Corrida e ioga em vez de antidepressivos?
Há um bom tempo a ideia do esporte com antidepressivo é objeto de diversos projetos de pesquisa. Um dos mais recentes foi publicado no início de 2023 pela revista British Journal of Sports Medicine. Nele, especialistas em medicina social e preventiva da Universidade de Potsdam compilaram dados de diversas análises, em colaboração com pesquisadores do Brasil, Austrália, Bélgica, Reino Unido e Suécia.
Sua conclusão foi que esporte e movimento têm impacto extremamente positivo no combate à depressão, comparável ao da psicoterapia ou da medicação, com grande potencial de uso no tratamento da doença. O que não está ainda suficientemente comprovado é se a atividade física bastaria como tratamento exclusivo para depressões graves.
Tanto corrida, ciclismo quanto ioga liberam no cérebro a endorfina, o "hormônio da felicidade", que amenizam as oscilações de humor. Além disso, os esportes comprovadamente reduzem o estresse, tanto em indivíduos saudáveis quanto depressivos.
Devido a seu bom efeito sobre o sono, eles podem ainda aliviar a depressão, distraindo de pensamentos negativos e direcionando o foco para sensações mais positivas. Tudo isso contribui para uma melhoria adicional das funções cerebrais.
Mais ainda: a atividade esportiva ativa a plasticidade do cérebro. Essa capacidade do órgão de se modificar, adaptando-se a novos estímulos e informações, costuma ser fortemente limitada nos indivíduos depressivos.
Assim, pacientes que têm intolerância ou preferem evitar o tratamento medicamentoso podem, como alternativa, tentar praticar esporte de forma intensiva e consequente. As vantagens parecem óbvias, e os efeitos colaterais se restringem a um tornozelo luxado ou dores musculares. Importante é levar em consideração que ainda não está confirmada a eficácia desse método como terapia exclusiva, no longo prazo.
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