Descrição de chapéu Financial Times

Vacina de mRNA contra gripe da Moderna mostra resultados promissores

Teste concluiu que versão mais recente provocou melhor resposta imunológica do que anteriores

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Hannah Kuchler
Londres | Financial Times

A vacina contra gripe da Moderna provocou uma resposta imunitária melhor do que as vacinas existentes num ensaio de fase final, abrindo caminho para a empresa de biotecnologia sediada em Boston (EUA) entrar no mercado anual de US$ 6 bilhões.

O laboratório, cuja primeira vacina aprovada foi para a Covid-19, relatou dados iniciais sobre os níveis de anticorpos que sugeriam que sua vacina poderia competir com a Fluarix da GSK. Está discutindo o processo de aprovação com os órgãos reguladores.

Em outro ensaio, a vacina provocou uma resposta de anticorpos mais elevada do que a alta dose de Fluzone da farmacêutica francesa Sanofi, que é frequentemente utilizada para vacinar pessoas idosas.

Uma mão tira vacina de um frasco com uma seringa
A primeira vacina da Moderna com a tecnologia mRNA foi contra a Covid-19 e agora a empresa está investindo em um imunizante contra a gripe - Angela Weiss - 6.set.23/AFP

Stéphane Bancel, executivo-chefe da Moderna, disse que os resultados, obtidos após testes bem-sucedidos de vacinas para variantes da Covid-19 e do vírus sincicial respiratório, mostraram que a plataforma de RNA mensageiro funciona. A tecnologia, que usa código genético para ensinar o corpo a reconhecer patógenos, foi usada pela primeira vez em vacinas contra o novo coronavírus.

A Moderna pretende lançar produtos em oncologia e doenças raras e latentes até 2028. Nos cinco anos após esses lançamentos, ela prevê vendas anuais entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões desses tratamentos, além dos US$ 8 bilhões a US$ 15 bilhões de vendas esperadas, anunciadas anteriormente, de vacinas respiratórias em 2027. Ela pretende investir cerca de US$ 25 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de 2024 a 2028.

Os investidores esperavam que o mRNA fosse uma boa tecnologia para melhorar as vacinas contra a gripe, que muitas vezes são apenas cerca de 50% eficazes, porque podem ser rapidamente adaptadas a novas cepas a cada inverno.

Mas em fevereiro deste ano os acionistas ficaram decepcionados quando um estudo da Moderna relatou que uma versão anterior de sua vacina contra a gripe não era melhor que as vacinas atuais para duas das quatro cepas de gripe mais comuns.

A Moderna a reformulou, e a nova versão é melhor que o Fluzone no combate a três das variedades. É igualmente capaz de atingir a quarta, disse a empresa. As ações da Moderna subiram 6,6%, para US$ 112,19, após a publicação dos resultados.

Stephen Hoge, presidente da Moderna, disse ao Financial Times que, no ano passado, a companhia aprendeu rapidamente a melhorar a vacina. "Não divulgamos o que é isso por razões de concorrência", acrescentou.

A Pfizer e a BioNTech também estão tentando entrar no mercado da gripe com uma vacina de mRNA, que está na fase três de testes. Os fabricantes existentes também estão adotando o mRNA, incluindo a GSK, que está fazendo parceria com a biotecnológica alemã CureVac, em um teste de fase dois neste inverno, e a CSL Seqirus, que licenciou uma versão da tecnologia de mRNA da Arcturus Therapeutics, com sede em San Diego (Califórnia).

A Sanofi disse em junho que seus esforços iniciais com o uso de mRNA para a gripe mostraram um padrão semelhante aos resultados de testes anteriores da Moderna, errando o alvo em duas das quatro cepas. Também está trabalhando em versões atualizadas.

Alguns analistas estão preocupados com o fato de o mercado da gripe não tolerar o mesmo nível de "reatogenicidade" —efeitos secundários de curto prazo, como inchaço e febre, que algumas pessoas experimentaram após tomarem as vacinas de mRNA da Covid-19.

Moderna disse que o ensaio mostrou que a vacina tinha um perfil de segurança "aceitável". Hoge disse que a reatogenicidade da nova vacina contra a gripe é semelhante à das vacinas existentes contra a gripe, de dosagem mais alta.

"Não acreditamos que isso seja uma desvantagem", disse ele, "mas realmente caberá a outros decidir."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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