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Quatro fatos sobre o congelamento de óvulos

Cada vez mais mulheres buscam o procedimento na expectativa de garantir uma gravidez em algum momento futuro; caro, o procedimento não tem garantia de sucesso

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Julia Vergin
DW

Entre o início e meados dos 30 anos de idade, o relógio biológico de muitas mulheres começa a alarmar. Não é hora de ter filhos? Por outro lado, seria o momento ideal para tal na minha carreira? Continuarei a ter uma vida própria, com amigos e hobbies? Onde está o parceiro ideal para ser o pai da criança? Talvez ainda não seja o momento certo...?

Apesar das dúvidas, o relógio biológico não para. Confira quatro fatos sobre o congelamento de óvulos:

Apesar da complexidade e dos custos, o congelamento de óvulos não garante uma futura gravidez - Maksym Yemelyanov/Zoonar/picture alliance

1. Óvulos também envelhecem

A partir dos 35 anos, a fertilidade feminina diminui devido ao processo natural de envelhecimento. Isso não significa que é impossível engravidar naturalmente sem problemas nos anos seguintes. Mas a probabilidade de que nem todos os óvulos sejam férteis aumenta significativamente.

Isso ocorre porque as mulheres já nascem com toda a sua reserva de óvulos. Após o nascimento, uma menina possui entre 1 e 2 milhões de óvulos. Na puberdade, restam apenas cerca de 300 mil – muitos dos quais nunca vão amadurecer e regridem.

Apenas cerca de 400 óvulos amadurecem durante os anos férteis. Geralmente, um óvulo por ciclo pode ser fertilizado. No entanto, quanto mais velha a mulher fica, mais propenso a erros se torna o processo de maturação, a chamada meiose.

A meiose é o processo de divisão celular que assegura que cada óvulo tenha exatamente 23 cromossomos, que transportam a informação genética da mãe. Erros podem acontecer durante esse processo, e um óvulo pode no fim acabar com cromossomos a mais ou a menos do que o esperado. Isso dificulta a concepção, além de aumentar as taxas de abortos espontâneos.

2. Congelamento de óvulos permite ganhar tempo

O processo de envelhecimento dos óvulos pode ser paralisado se essas células forem retiradas da mulher e congeladas. Originalmente, a chamada criopreservação de óvulos não fertilizados era destinada a mulheres com doenças graves, como câncer. A técnica agora passou a ser aplicada sem a necessidade médica.

Muitas mulheres esperam assim enganar o relógio biológico e engravidar num momento posterior. O principal motivo que leva mulheres a buscar essa técnica é a falta de um parceiro, escreveram as ginecologistas Janna Pape e Sibil Tschudin num artigo publicado na revista especializada Endocrinologia Ginecológica.

3. Procedimento caro

Antes da retirada e congelamento dos óvulos, as mulheres passam pelo chamado tratamento de estimulação ovariana, que consiste na aplicação de injeções hormonais durante um determinado período para estimular a maturação do maior número possível de óvulos nos ovários.

Esse tratamento pode ter efeitos colaterais, como tonturas, ondas de calor e problemas de visão. Para o processo de congelamento, geralmente, são necessários de dois a quatro períodos de estimulação. De acordo com Pape e Tschudin, no melhor dos cenários, cerca de 25 óvulos maduros são coletados, mas o mais comum é entre dez e 15.

Os óvulos são coletados através da chamada punção folicular. Nesse procedimento, os folículos que contêm os óvulos são perfurados com uma agulha fina e o óvulo é aspirado. Esse procedimento é considerado de baixo risco e demora entre dez e 15 minutos.

Logo após a retirada, os óvulos são congelados. A uma temperatura de -197°C, eles podem ser armazenados por anos.

Na Alemanha, esse processo custa entre 2 mil e 4 mil euros (R$ 10 mil e R$ 21,3 mil). Além disso, há uma taxa anual de congelamento que varia entre 200 e 300 euros (R$ 1 mil e R$ 1,5 mil). A fertilização in vitro, ou seja, a inseminação artificial com um espermatozoide, que se realizará posteriormente, tem um custo estimado em 2 mil euros (R$ 10 mil).

4. Nenhuma garantia de gravidez futura

Apesar da complexidade e dos custos do procedimento, o congelamento de óvulos não garante uma futura gravidez.

Após a fertilização dos óvulos congelados, a maternidade é alcançada em cerca de 10% dos casos, segundo Pape e Tschudin. Quando mais nova for a mulher na época da retirada dos óvulos, maiores as chances de uma gravidez posterior.

A eficácia do congelamento dos óvulos sofre ainda em outro aspecto: muitas mulheres acabam não utilizando os óvulos congelados. De acordo com um estudo de 2017, isso ocorre principalmente porque elas não encontraram um parceiro certo e têm receio de serem mães solteiras.

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