Descrição de chapéu The New York Times

Doença respiratória desconhecida afeta cachorros nos EUA

Foram encontrados casos em quatro estados americanos; sintomas são similares aos de tosse dos canis

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Rebecca Carballo
The New York Times

Laboratórios de ao menos quatro estados dos Estados Unidos estão investigando uma misteriosa doença respiratória que afeta cachorros. De acordo com veterinários, a infecção tem sintomas similares à tosse dos canis, mas pode durar muito mais e até ser fatal em alguns casos.

Os cães infectados desenvolvem tosse, febre, letargia e perda de apetite intermitente. Veterinários afirmam que a doença desconhecida já provocou hospitalizações e mortes de animais mais velhos ou com problemas de saúde.

Ainda que não exista um número oficial de infectados, a procura por tratamento veterinário por tutores de cães com esses sintomas cresceu nos últimos meses, segundo profissionais da área. Os casos já foram registrados em ao menos quatro estados: Colorado, Massachussetts, Oregon e Rhode Island. Especialistas, no entanto, suspeitam que a doença já tenha circulado muito mais.

Hospital veterinário público na zona oeste de SP
Cão recebe atendimento em hospital veterinário público na zona oeste de SP - Edson Lopes Jr/Secom/Prefeitura de SP

A veterinária Lindsey Ganzer, diretora do Centro de Referência em Veterinária de North Springs, em Colorado Springs, relatou ter atendido cerca de 35 cães infectados desde outubro.

Quatro animais morreram ou foram sacrificados. Ela disse que tratou cachorros de diferentes idades e raças, sendo que alguns apresentaram apenas uma tosse, enquanto outros tiveram pneumonia.

De acordo com a especialista, porém, os casos tiveram um ponto em comum: todos os animais infectados estiveram em locais com grande concentração de cachorros, como canis, hotéis e parques. Para Ganzer, o número de casos pode aumentar com a chegada das festas de fim de ano, já que muitos tutores devem deixar seus animais de estimação em serviços do tipo.

"Nós esperamos que divulgando essa informação as pessoas fiquem menos inclinadas a isso", disse. "Toda a comunidade veterinária está assustada".

Desde meados de agosto, veterinários do Oregon registraram mais de 200 casos, segundo a Associação de Medicina Veterinária Americana.

Stephen Kochis, diretor médico da Oregon Humane Society (entidade que promove adoção), diz que o número representa uma pequena parte dos cachorros do estado, e que as pessoas não devem entrar em pânico.

"Não estamos vendo um aumento nas doenças respiratórias fora da expectativa para animais de estimação", disse. Kochis acrescenta que muitas doenças respiratórias são tratáveis.

Cães com a tosse dos canis, por exemplo, apresentam sintomas similares, como tosse, falta de apetite, febre e letargia, que normalmente desaparecem em até três semanas. Tutores não precisam se preocupar caso seus animais apresentem sintomas, mas devem tomar precauções.

"Todos nós atravessamos a pandemia de Covid", disse. "Eu diria que se o seu cachorro está apresentando algum sintoma respiratório, isole ele em casa e chame um veterinário para fazer uma avaliação".

Normalmente, cachorros conseguem se recuperar de doenças respiratórias por conta própria ou com ajuda de antibióticos. Mas com a nova doença nem sempre acontece assim, segundo Kurt Williams, diretor do Laboratório de Diagnóstico Veterinário da Universidade do Estado do Oregon.

"Nesses cães, ou a doença levou mais tempo para ser curada, ou acabou levando a implicações mais graves, incluindo a morte", disse ele.

Os especialistas não têm certeza se a doença é causada por uma bactéria ou um vírus. Alguns veterinários do Oregon levantaram a hipótese do vírus, já que os cães que trataram não responderam aos antibióticos.

"Existem essas duas possibilidades, mas também pode ser algo que não estamos nem imaginando", disse Williams.

O veterinário David Needle, patologista sênior do Laboratório de Diagnóstico Veterinário da Universidade de New Hampshire, pesquisa a doença há cerca de um ano.

Ele e colegas estão fazendo testes para determinar, com base em amostras de todo o país, se os organismos causadores da doença partilham da mesma composição genética.

"Há algo significativo acontecendo. Se é ou não a mesma coisa, ainda não se sabe", disse.

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