Estudo mostra que fatores que protegem coração também ajudam a prevenir doença renal crônica

Estilo de vida saudável protege o coração e os vasos dos rins; diabetes e hipertensão são as principais doenças que prejudicam a função renal

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Gabriela Cupani
Agência Einstein

Os mesmos fatores que protegem a saúde cardiovascular também podem ajudar a prevenir a doença renal crônica, segundo um artigo publicado no American Journal of Clinical Nutrition.

Os pesquisadores avaliaram oito comportamentos que protegem o coração estabelecidos pela Associação Americana do Coração e concluíram que as pessoas que têm um estilo de vida mais saudável também têm menos risco de desenvolver problemas nos rins.

Os pesquisadores investigaram se as recomendações da associação para o coração também poderiam ser um indicativo da saúde renal. São elas: alimentação saudável, prática de atividade física, não fumar, higiene do sono, controle do Índice de Massa Corporal (IMC), da taxa de lipídios, da pressão arterial e da glicemia. Cada um desses fatores, isoladamente ou em conjunto, contribui para uma pontuação que avalia o estado da saúde cardiovascular.

Val Moreyra (à esquerda) e sua aluna, Andrea Nobi (à direita), que tem hipertensão, durante yoga; a prática faz bem ao coração
Val Moreyra (à esquerda) e sua aluna, Andrea Nobi (à direita), que tem hipertensão, durante yoga; a prática faz bem ao coração - Jardiel Carvalho - 16.dez.2022/Folhapress

O estudo selecionou quase 150 mil participantes do Biobanco, um banco de dados britânico com informações de milhares de pacientes para fins de pesquisa, e acompanhou essas pessoas durante dez anos. Nenhum deles tinha doença cardiovascular ou renal no início do estudo.

Depois de analisar os dados, os pacientes avaliados com boa saúde cardiovascular a partir da pontuação fornecida pelas recomendações tinham 57% menos risco de desenvolver doença renal em relação àqueles com níveis baixos. Níveis moderados resultaram em uma possibilidade 39% menor de apresentar problemas nos rins.

"Há uma forte associação entre a saúde cardiovascular e a dos rins", explica o nefrologista Marcelo Costa Batista, do Hospital Israelita Albert Einstein. Isso porque os glomérulos – a unidade funcional do rim – contém uma rede de pequenos vasos sanguíneos que filtram o sangue e dependem em boa parte do débito de sangue procedente do coração.

"Por isso, problemas que eventualmente acometem o sistema circulatório afetam os vasos dos rins, prejudicando a microcirculação", diz o médico. "Em boa parte das vezes, são doenças de vasos sanguíneos, com mecanismos de doença inter-relacionados", explica sobre as chamadas doenças cardiorrenais.

A doença renal crônica é causada principalmente pelo diabetes e pela hipertensão, que prejudicam o funcionamento dos vasos. Ela leva a uma falha na capacidade de filtrar o sangue pelos rins, facilitando o acúmulo de resíduos chamados de toxinas urêmicas. Nos estágios iniciais, a doença pode não apresentar sintomas, mas à medida que progride, pode levar à falência irreversível dos rins, tornando o paciente dependente de diálise, um tratamento que remove resíduos e excesso de fluidos do sangue, ou de um transplante renal.

A obesidade está frequentemente associada ao diabetes e a problemas de pressão arterial, contribuindo para a inflamação dos vasos sanguíneos. Por essa razão, a prevenção envolve mudanças no estilo de vida, incluindo atividade física e uma alimentação saudável com baixa quantidade de sal.

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