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Hipertensão, diabetes e depressão influenciam disfunção erétil, diz estudo

Prevenção com mudança do estilo de vida é a medida mais eficaz para evitar ou adiar o problema

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Ribeirão Preto

Um estudo brasileiro com dados de 44.395 exames de rotina masculinos apontou que a hipertensão é o fator mais fortemente associado à disfunção erétil (DE), seguida de diabetes, problemas urinários, depressão e idade. Foram analisados os teste laboratoriais e o perfil clínico e comportamental de 2.436 homens com 60 anos ou mais que participaram da triagem de saúde entre janeiro de 2008 e dezembro de 2018 no Hospital Israelita Albert Einstein.

A pesquisa demonstrou que brasileiros com a chamada impotência masculina são prevalentemente mais velhos, inativos fisicamente e com índice de massa corporal mais alto, já em sobrepeso. Os resultados foram publicados no segundo trimestre de 2023 na revista internacional DovePress e apontam a prevenção em saúde masculina como a principal ferramenta de controle do problema.

De acordo com um dos autores do estudo, Rafael Mathias Pitta, o estudo comprova que hábitos modificáveis são cada vez mais associados a reduções no risco de diversas doenças, podendo ser trabalhados como tratamentos não medicamentosos.

Homem anda de bicicleta no parque Ibirapuera, em São Paulo
Homem anda de bicicleta no parque Ibirapuera, em São Paulo - Adriano Vizoni/Folhapress

"Estamos acostumados com o modelo de tratamento de doenças, sendo que o mais efetivo, menos custoso e mais benéfico para a saúde seria a prevenção. Acreditamos que nossos dados podem colaborar para a mudança da mentalidade da população em geral [nesse sentido]", afirma.

Profissional de educação física e pesquisador do Albert Einstein na área de Ciências do Envelhecimento, Pitta diz que ficou surpreso com o fato da atividade física não ter aparecido como fator de menor risco para a disfunção erétil neste levantamento. Contudo, reforçou que estar em movimento é essencial para o contexto de qualidade de vida e redução de peso e comorbidades que levam ao problema.

"A atividade física interfere positivamente nas demais variáveis associadas ao desenvolvimento da disfunção erétil, tais como: diminuir sintomas depressivos, melhorar saúde cardiovascular, respostas glicêmicas e de sensibilidade à insulina e atenuar efeitos adversos urinários", diz o autor.

Segundo Pitta, essa movimentação também ajuda na ereção, pois melhora a alimentação de oxigênio no pênis, aumentando no sangue a disponibilidade de óxido nítrico, que é um vasodilatador.

"É importante destacar que a disfunção erétil é considerada a primeira manifestação clínica de desordem endotelial relacionada a problemas cardiovasculares. A atenuação e a prevenção dessas complicações podem ser feitas com mudanças do estilo de vida", pondera.

Iniciar uma atividade física leve (caminhadas curtas, trocar elevadores por escadas, entre outras), diminuir consumo de álcool e tabagismo, melhorar qualidade do sono e encontrar atividades que diminuam o estresse diário são alguns dos tópicos de mudança possíveis.

"No contexto de saúde pública, reforçamos a importância da democratização da atividade física. Enquanto ainda discutirmos atividade física no modelo elitista, somente dentro de academias e locais excludentes, essa ferramenta jamais poderá ser considerada algo útil para a população como um todo", diz o pesquisador.

Além de políticas públicas que incluam programas de estímulo à atividade física, o pesquisador orienta difundir mais a ideia de que o acúmulo diário de movimento na rotina de um indivíduo já traz benefícios e melhorias para a saúde.

"Estratégias simples, como subir 3 andares de escada, equivalem ao gasto energético de 10 minutos de uma caminhada. Fragmentar o movimento ao longo do dia pode ser útil para acumular 30 minutos de atividade física. E esse volume já se associa com redução no risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas, além de diminuir o risco de mortalidade por todas as causas", destaca.

Envelhecimento masculino

Estudos de coortes internacionais têm demonstrado que a idade é um fator de risco no desenvolvimento de várias complicações na saúde da população e que as comorbidades agravam muito os quadros clínicos, sobretudo de homens, que tendem a cuidar menos da saúde. Embora não esteja associada a risco de morte, a disfunção erétil, por fatores sociais e pessoais, pode afetar a saúde mental masculina e, em um ciclo, piorar ainda mais a saúde sexual do indivíduo.

Um levantamento feito por pesquisadores da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, e do Instituto de Pesquisa Urológica de Milão, na Itália, mostrou que "homens com várias comorbidades têm o mesmo risco de disfunção erétil que homens saudáveis 15 a 25 anos mais velhos."

O artigo, publicado em janeiro deste ano na revista European Urology Focus, destaca que a DE relatada por pacientes sem nenhuma comorbidade aumentou de 10% aos 40 anos de idade para 79%, aos 80 anos.

Foram avaliados dados de 17.250 pacientes com diagnóstico de câncer de próstata. O estudo apontou que a probabilidade de indivíduos saudáveis de 50 anos e de 75 anos terem DE foi de 20% e 68%, respectivamente. Contudo, em homens dessas mesmas idade com hipertensão, obesidade e diabetes, isso saltou para 41% e 85%.

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