Santa Casa cancela provas de residência para nove especialidades por irregularidades

Exames foram aplicados no último sábado (9) e geraram denúncia sobre problemas como um malote de provas violado

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São Paulo

A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo vai cancelar parte das provas de residência médica aplicadas no último sábado (9) e reaplicar o exame.

A decisão abrange os candidatos a nove programas: pediatria, ginecologia e obstetrícia, endocrinologia e metabologia, gastroenterologia, geriatria, hematologia e hemoterapia, oncologia clínica, pneumologia e reumatologia. Somados, eles oferecem 55 vagas e mobilizam 933 candidatos.

Os demais programas seguirão com o cronograma publicado no edital.

Fachada do prédio principal da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; instituição decidiu cancelar parte das provas de residência médica - Adriano Vizoni - 03.set.2017/Folhapress

De acordo com o Instituto Mais de Gestão e Desenvolvimento Social, responsável pela aplicação dos testes, foi constatado que houve falha na entrega do pacote de provas em uma das salas da Universidade Anhembi Morumbi em que estavam os candidatos à residência em pediatria.

O erro, diz a Santa Casa, gerou um tumulto que prejudicou o andamento da prova em algumas salas próximas, onde estavam os candidatos aos programas de pediatria e ginecologia e obstetrícia. Por isso essas especialidades terão as provas reaplicadas.

Além disso, o Instituto Mais e a Santa Casa constataram falhas na impressão dos cadernos de questões das outras sete áreas, que também terão a aplicação cancelada. A data da nova prova ainda não foi divulgada.

O instituto afirma que lamenta os fatos e está apurando internamente os erros. A Santa Casa também afirma lastimar as ocorrências e reforça que a Comissão de Residência Médica "sempre prezará por garantir a isonomia no acesso aos programas.

Os problemas na aplicação das provas foram denunciados pelo escritório de advocacia De Souza Aranha no domingo (10). Em nota pública assinada pelos advogados Gabriel Prado de Souza Aranha e Luca Zuccari Boskovitz e por 25 médicos, são mencionados, por exemplo, relatos de que "alguns exemplares da prova possuíam um leve destaque em cinza claro nas alternativas corretas".

Nesta terça-feira (12), o escritório protocolou um pedido de liminar para o cancelamento das provas de todas as especialidades ou então a suspensão da homologação da primeira fase até que as irregularidades sejam investigadas.

No processo, distribuído para a 4a Vara Cível do Foro Regional de Pinheiros, sob os cuidados do juiz Diego Ferreira Mendes, os advogados listam as seguintes falhas:

  • Na sala 72 da Universidade Anhembi Morumbi – Mooca, os candidatos para pediatria testemunharam um malote de provas violado, com a ausência de 20 cópias de provas. Alguns candidatos foram à delegacia e foi registrado boletim de ocorrência;
  • Na sala ao lado, o tumulto desconcentrou os candidatos à especialidade de ginecologia e obstetrícia e o tempo de prova foi aumentado arbitrariamente para tentar contornar a situação;
  • Não havia identificação em parte das carteiras das salas utilizadas e nem controle das saídas de sala para idas ao banheiro;
  • Houve livre comunicação dos candidatos entre si e com os fiscais nos corredores e banheiros durante o período de prova.

"A lisura do processo foi atacada como um todo", diz Souza Aranha. "O justo seria o cancelamento para todas as especialidades."

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