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CGU aplica multas de R$ 27 mi por vacina da Covid e medicamentos não entregues

Global e Precisa, empresas do mesmo grupo, fraudaram contratos, diz Controladoria

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Brasília

A CGU (Controladoria-Geral da União) aplicou multas de R$ 27 milhões a três empresas por suspeitas de irregularidades em contratos do Ministério da Saúde para entregas da vacina indiana Covaxin, contra a Covid, e de medicamentos usados no tratamento doenças de doenças raras.

No caso que envolve a vacina, a Controladoria decidiu cobrar R$ 3,8 milhões da Precisa Medicamentos por suposto uso de documentos forjados, carta de fiança falsa, entre outras irregularidades, para fechar contrato de R$ 1,6 bilhão durante a pandemia. O órgão ainda multou em R$ 1,5 milhão o Fib Bank, que forneceu a carta.

Já a Global Gestão em Saúde, que é sócia da Precisa, recebeu punição de R$ 21,7 milhões após a CGU considerar que houve fraude em licitação, em 2017, e na execução de contratos de R$ 20 milhões para entrega de medicamentos de alto custo.

Imagem mostra uma pessoa segurando caixa de medicamento dentro do centro de distribuição de insumos do Ministério da Saúde, localizado em Guarulhos (SP). A imagem também mostra uma caixa de com adesivo escrito "frágil" e com a marca do Ministério da Saúde
Estoque principal de medicamentos do Ministério da Saúde, localizado em Guarulhos (SP) - Divulgação/Ministério da Saúde

A CGU decidiu impedir as três empresas de fechar novos contratos com a administração pública por no mínimo dois anos. Neste período, devem comprovar "o ressarcimento dos prejuízos causados ao erário e a superação dos motivos determinantes da punição".

O contrato da Covaxin entrou na mira da CPI da Covid após a Folha revelar, em junho de 2021, que Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, relatou ao MPF (Ministério Público Federal) pressão "atípica" para liberar a importação da vacina.

O ex-deputado federal Luis Miranda, irmão do funcionário da Saúde, disse que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) havia sido alertado por eles sobre as suspeitas de irregularidades. Bolsonaro teria respondido, segundo o parlamentar, que iria acionar a Polícia Federal, o que não ocorreu na ocasião.

A Precisa Medicamentos tem como sócios a Global e Francisco Emerson Maximiano. Ele também é presidente da Global.

Procuradas, as empresas ainda não se manifestaram sobre a decisão da CGU.

O Ministério da Saúde manteve o contrato com a Covaxin mesmo sob alertas da área técnica da pasta, como sobre o prazo de validade dos lotes. A Precisa Medicamentos ainda tentou receber o pagamento antecipado de US$ 45 milhões por um lote do imunizante, o que não estava previsto no contrato.

O contrato da Precisa com o governo Bolsonaro só foi encerrado em julho, após a revelação das supostas irregularidades.

As condenações da CGU ocorreram dentro de PAR (Processo Administrativo de Responsabilização), abertos com base na Lei Anticorrupção. As punições foram divulgadas nas edições de 12 e 15 de janeiro do Diário Oficial da União.

A Saúde empenhou o valor do contrato, mas não chegou a pagar pela compra da Covaxin.

Já o caso da venda de medicamentos de alto custo, para doenças raras, entrou na mira do MPF. O ex-deputado Ricardo Barros (PP-PR), ministro da Saúde à época em que o contrato com a Global foi assinado, responde a uma ação de improbidade ao lado da empresa e de servidores da Saúde.

A acusação da Procuradoria é de que Barros favoreceu a empresa, que chegou a receber pagamento antecipado pelo contrato. O ex-ministro nega irregularidades. À CPI, disse que não atuou para favorecer o grupo da Precisa e da Global.

Caso as empresas apresentem pedido de reconsideração, as penalidades da CGU ficam suspensas até o órgão julgar o recurso.

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