Descrição de chapéu Projeto Saúde Pública

Casos de Covid aumentam 83,2% no estado de SP após o Carnaval

Infecções foram impulsionadas por aglomerações e nova variante mais transmissível

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São Paulo

Os casos de Covid aumentaram 83,2% no estado de São Paulo após o Carnaval, segundo dados da plataforma SP Covid-19 InfoTracker, coordenada pelo pesquisador Wallace Casaca.

De 11 a 17 de fevereiro, foram registrados 4.289 casos (ou uma média de 612 por dia). Na semana seguinte, de 18 a 24 de fevereiro, o número de infecções subiu para 7.861 (média de 1.123 por dia).

De 25 a 28 de fevereiro, houve 6.969 confirmações da doença, cerca de 1.742 casos por dia.

Profissionais da saúde cuidam de paciente com Covid em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no Hospital das Clínicas, em São Paulo - Diego Vara - 14.jan.22/Reuters

"O estado vive hoje um surto generalizado de Covid, que tem levado muitas pessoas em diversos municípios a procurarem ajuda profissional no diagnóstico e, nos casos mais severos, suporte hospitalar", afirma Casaca.

De acordo com ele, as novas infecções foram impulsionadas pelas aglomerações recentes e pela circulação de subvariantes da ômicron mais transmissíveis. "Embora cada região tem vivido um momento distinto em termos de escalada de casos, tal aumento tem se mostrado rápido e generalizado. Quando olhamos o consolidado do estado, ainda estamos enfrentando uma fase delicada da doença. Essa situação não é exclusiva de São Paulo. Ocorre também em outros estados, sobretudo em capitais", disse.

A plataforma foi criada por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e da Unesp (Universidade Estadual Paulista) para acompanhar a evolução da pandemia da Covid e tem apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Para Evaldo Stanislau de Araújo, infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, a diminuição dos casos depende do comportamento da população e do vírus.

"Dá para dizer que, mesmo que aumente mais uma ou duas semanas, a tendência, em curto prazo, é que a gente volte para um patamar mais basal, por conta do fim do Carnaval", diz Araújo.

"Esse aumento de casos reflete primeiro a variante JN.1, que predomina no país e é diferente das [demais] variantes que circularam. Ela teve início no Brasil pela região Nordeste e veio descendo. Então, o espalhamento da JN.1 explica esse aumento de casos, potencializado pela aglomeração do Carnaval, um momento de grande fluxo de pessoas de diferentes regiões", explica o infectologista.

Segundo o especialista, ao observar o padrão de ondas anteriores, percebe-se que depois de um pico, a tendência é retornar ao patamar normal após a diminuição da circulação de pessoas e também a redução de pessoas ainda suscetíveis a novas infecções por imunidade natural.

Araújo orienta o uso de máscaras em serviços de saúde por profissionais e pacientes, em ambientes fechados e aglomerados, como no transporte público.

"E qualquer pessoa com sintoma respiratório, dos mais brandos aos mais graves —como incômodo na garganta, nariz escorrendo, tosse ou tudo junto— tem a obrigação moral de usar máscara, reforça Araújo.

A vacinação é outra recomendação importante. A vacina continua sendo eficaz contra os casos graves e as mortes, mesmo com a circulação de novas variantes.

"Os processos de aquisição da vacina atualizada com proteção contra as novas variantes já estão bem avançados e muito em breve o Brasil também deverá disponibilizar", comenta o infectologista.

Ele ressalta a importância da testagem e do tratamento. "Não negligenciem a busca pelo teste. Se você tem um sintoma, por menor que seja, é para fazer o teste. Pode ser o de farmácia, pode ser o de laboratório, mas é para testar. E se esse teste vier negativo, a recomendação é a repetição em 48 horas, porque hoje o comportamento do vírus é um pouquinho diferente. Às vezes, as cargas virais não são tão grandes ou demoram mais para aumentar", explica.

De acordo com o infectologista, para pessoas no grupo de risco, se houver a confirmação do caso, eles podem buscar tratamento com o antiviral Paxlovid, da Pfizer, que reduz o risco de hospitalização.

A droga está disponível pelo SUS (Sistema Único de Saúde) para idosos com 65 anos ou mais e pessoas imunossuprimidas com mais de 18 anos e que têm diagnóstico confirmado para o Sars-CoV-2. O paciente deve estar entre o primeiro e quinto dia de sintomas e ter quadro clínico leve ou moderado.

O medicamento também pode ser adquirido nas farmácias e na rede privada.

Rede de hospitais vê hospitalizações por Covid dobrarem

O número de internações de pacientes com Covid em hospitais de Rede D’Or, a maior rede de hospitais privados do país, mais que dobrou em fevereiro na comparação com o mês anterior.

Na última segunda-feira (26), 207 pessoas estavam hospitalizadas. Em 25 de janeiro, eram 83, o que representa um aumento de 149% na comparação entre os períodos. O levantamento leva em conta 69 hospitais em 13 estados e no Distrito Federal.

De 18 a 24 de fevereiro, a média de pacientes internados por dia cresceu 10% em relação à semana anterior. A maioria das internações por Covid está concentrada nos hospitais dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

"Os casos são, na maioria, leves, com indicação de tratamento domiciliar e isolamento. As internações são predominantemente de pessoas não vacinadas, ou de idosos e pacientes que têm comorbidades", afirma David Uip, diretor nacional de Infectologia da Rede D’Or e reitor do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC).

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