Descrição de chapéu Dengue Projeto Saúde Pública

Tire suas dúvidas sobre a vacina da dengue aplicada na rede particular e no SUS

Imunizante está disponível em laboratórios privados a um preço médio de R$ 450 por dose

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São Paulo

Em meio a mais um estado de alerta contra a dengue no país, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, ressalta um atenuante: pela primeira vez, o Brasil terá o auxílio de uma vacina no enfrentamento à doença.

A Qdenga, fabricada pela farmacêutica Takeda, foi incorporada ao SUS (Sistema Único de Saúde) e deve começar a ser aplicada ainda no mês de fevereiro. Ela já está disponível em laboratórios particulares a um preço médio de R$ 450 por dose.

A aprovação do imunizante foi recebida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em março de 2023 para pessoas de 4 a 60 anos. Ele é aplicado via subcutânea, em duas doses, com intervalo de três meses.

Vacina Qdenga, do laboratório Takeda, protege contra a dengue
A vacina contra a dengue também é aplicada em clínicas particulares - Divulgação/Takeda

As 757 mil doses entregues pelo laboratório fabricante passam por processo de liberação no Ministério da Saúde, como ocorre com os medicamentos e imunizantes importados que chegam ao Brasil. O cronograma de distribuição e a quantidade de doses para cada região serão divulgados em breve, diz a pasta.

Veja tudo o que sabemos sobre a vacina e como adquiri-la.

Quem pode receber a vacina

Nos laboratórios particulares, pessoas que estão na faixa etária de 4 a 60 anos conseguem receber o imunizante. Para isso, elas podem levar indicação médica ou se consultar em triagem com os profissionais dos próprios estabelecimentos.

O preço varia entre R$ 400 a R$ 490 por dose em laboratórios de São Paulo. Em alguns, porém, como o Fleury, o estoque está limitado aos clientes que solicitaram a segunda dose e em algumas unidades já não há mais vacina disponível, devido à alta demanda por imunização e à restrição da oferta do fabricante da vacina ao setor privado.

Pelo SUS, porém, o público inicial será composto por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Essa faixa etária, segundo o Ministério da Saúde, concentra o maior número de hospitalizações por dengue, depois de pessoas idosas —grupo para o qual a vacina não foi liberada pela Anvisa.

O ministério segue recomendação do grupo de assessoramento (Sage, em inglês) da OMS (Organização Mundial da Saúde), que aconselharam a introdução da vacina para o público de 6 a 16 anos. "Dentro dessa faixa etária, a vacina deve ser introduzida cerca de 1-2 anos antes do pico de incidência de hospitalizações relacionadas à dengue".

Além disso, a vacina será aplicada apenas em 521 municípios de regiões que atendem aos seguintes critérios: possuir pelo menos um município com mais de 100 mil habitantes; alta transmissão de dengue registrada em 2023 e 2024; maior predominância do sorotipo 2 do vírus da dengue (DENV-2).

A pasta da Saúde explica que a limitação foi feita devido à baixa capacidade de produção do laboratório.

Quem não pode receber a vacina

Segundo a bula do fármaco, a Qdenga não deve ser aplicada em gestantes, lactantes, pessoas alérgicas a algum dos componentes da vacina e aqueles com problemas no sistema imunológico, como HIV, questões genéticas ou que estão em tratamento que afeta as defesas do corpo.

Qual a eficácia e contra quais tipos de dengue a vacina tem proteção?

Em testes conduzidos em oito países na Ásia e na América Latina (Brasil, Colômbia, República Dominicana, Nicarágua, Panamá, Filipinas, Sri Lanka e Tailândia), a vacina teve eficácia de 80% contra os casos de dengue confirmados 12 meses após a segunda dose, e reduziu as hospitalizações em 90,4% nos 18 meses após a segunda dose.

Em relação à eficácia por sorotipo, a análise mostrou uma proteção variável para cada um, sendo de 69,8% contra o sorotipo 1 e 95,1% para o tipo 2, demonstrando uma boa proteção para este último.

Por outro lado, a proteção para o sorotipo 3 foi abaixo do limite de eficácia de 50% (48,9%, com intervalo de 27,2%-64,1%) e, para o sorotipo 4, foi inconclusivo.

Este último ponto preocupa os especialistas, especialmente pela possibilidade de uma epidemia dos sorotipos 3 e 4 no país este ano.

Quais os possíveis riscos associados?

Como todo fármaco, a vacina possui efeitos colaterais esperados, como dor ou vermelhidão no local da injeção, dores de cabeça e musculares, mal-estar generalizado e fraqueza. Cerca de 10% dos vacinados podem apresentar febre. Os efeitos colaterais são, em geral, leves a moderados, e podem desaparecer em poucos dias.

Um efeito que pode surgir ao aplicar a vacina e preocupa cientistas é a ocorrência de uma reação chamada ADE (aumento dependente de anticorpo, na sigla em inglês). Isto ocorre porque a vacina induz a produção de anticorpos ligados aos diferentes sorotipos, mas ela não é igual para cada um deles.

Assim, no momento de uma infecção por um dos tipos do vírus, em vez de combatê-lo, os anticorpos podem ajudar a infecção do vírus nas células, causando um quadro similar ao de dengue hemorrágica –que pode ocorrer ao contrair a doença pela segunda vez.

Como mostrou a Folha, a Takeda afirma que após um estudo de mais de quatro anos de seguimento, o imunizante não apresentou nenhum risco de segurança ou agravamento de doença associado à vacinação, independentemente de exposição prévia ao vírus.

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