Equipe médica liderada por brasileiro nos EUA anuncia primeiro transplante de rim de porco a um paciente vivo

Paciente está se recuperando bem, afirmam os cirurgiões; outro paciente que recebeu rim de porco no ano passado teve complicações imunológicas após o transplante e morreu

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Nancy Lapid
Reuters

Um homem de 62 anos com doença renal em estágio terminal se tornou o primeiro humano a receber um novo rim de um porco geneticamente modificado, médicos do Hospital Geral de Massachusetts em Boston anunciaram na quinta-feira (21).

Equipe médica do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, EUA, onde foi realizado um transplante com sucesso de rim de porco para um paciente vivo - Michelle Rose/Hospital Geral de Massachusetts/AFP

A cirurgia de quatro horas, realizada em 16 de março, "marca um marco importante na busca por fornecer órgãos mais prontamente disponíveis para os pacientes", disse o hospital em um comunicado. A equipe médica que realizou o transplante foi liderada pelo nefrologista brasileiro Leonardo Riella, diretor médico do centro de transplante de rim da unidade.

Rins de porco já haviam sido transplantados em pessoas com morte cerebral.

O paciente, Richard Slayman, de Weymouth, Massachusetts, está se recuperando bem e deve ter alta em breve, informou o hospital.

Slayman havia recebido um transplante de rim humano no mesmo hospital em 2018 após sete anos em diálise, mas o órgão falhou após cinco anos e ele havia retomado os tratamentos de diálise.

O rim foi fornecido pela eGenesis de Cambridge, Massachusetts, de um porco que foi geneticamente editado para remover genes que poderiam ser prejudiciais a um receptor humano e adicionar certos genes humanos para melhorar a compatibilidade. Além disso, a empresa inativou certos vírus inerentes aos porcos que têm potencial para infectar humanos.

Rins de porcos editados de forma semelhante criados pela eGenesis foram transplantados com sucesso para macacos que foram mantidos vivos por uma média de 176 dias, e em um caso por mais de dois anos, pesquisadores relataram em outubro na revista Nature.

Os medicamentos usados para ajudar a prevenir a rejeição do órgão do porco pelo sistema imunológico do paciente incluíram uma terapia com anticorpos experimental chamada tegoprubart, desenvolvida pela Eledon Pharmaceuticals.

O procedimento de rim de porco move o campo da xenotransplante —o transplante de órgãos ou tecidos de uma espécie para outra— mais perto de se tornar uma solução potencial para a escassez mundial de órgãos.

De acordo com a United Network for Organ Sharing, mais de 100 mil pessoas nos EUA aguardam um órgão para transplante, sendo os rins os mais demandados.

Com informações da AFP

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