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Com envelhecimento da população, casos de câncer de próstata devem dobrar até 2040, diz estudo

Crescimento previsto é maior em países de baixa e média renda; no Brasil, doença mata mais de 40 pessoas por dia

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São Paulo

O envelhecimento da população deve impulsionar a incidência de câncer de próstata em todo o mundo nas próximas décadas. De acordo com cientistas, os registros de novos casos da doença devem saltar de 1,4 milhão em 2020 para 2,9 milhões até 2040. No mesmo período, pesquisadores projetam alta de 85% nas mortes pela doença, que vão se aproximar de 700 mil ocorrências por ano.

A estimativa faz parte de novo estudo publicado nesta quinta-feira (4) por comissão científica da revista The Lancet, desenvolvida com o apoio do Instituto de Pesquisa sobre Câncer do Reino Unido. Segundo os autores, a tendência é que o ritmo de crescimento da doença seja maior em países de baixa e média renda.

"À medida que mais e mais homens ao redor do mundo chegam à meia-idade e à velhice, haverá um aumento inevitável no número de casos de câncer de próstata. Sabemos que esse aumento de casos está chegando, então precisamos começar a planejar e agir agora", afirma Nick James, principal autor do estudo.

Médico conversa com paciente homem sobre o câncer de próstata
Os principais fatores de risco para o câncer de próstata são a idade e o histórico familiar - Kenchiro 168/Adobe Stock

O especialista destaca a importância da detecção precoce e programas de educação para atenuar os impactos da doença. "Isso é especialmente verdadeiro para países de baixa e média renda, que suportarão o peso avassalador dos casos futuros", acrescenta James.

A comissão do The Lancet aponta para a urgência de se ampliar a capacidade de atendimento cirúrgico e de radioterapia nesses países. Hoje, uma das principais barreiras para tratamento de pacientes é a falta de serviços e profissionais especializados. Segundo o estudo, a implementação de centros regionais poderia fornecer a infraestrutura necessária para aumentar o treinamento e melhorar o acesso.

Os principais fatores de risco para o câncer de próstata são idade e histórico familiar. Homens com mais de 50 anos são especialmente afetados, e pessoas com parentes próximos que tiveram a doença também têm risco aumentado.

A comissão também alerta para a necessidade de se aprimorar mecanismos de testagem e conscientização. Além do exame de toque retal, o câncer de próstata pode ser detectado pelo teste PSA, feito a partir de análise de amostra de sangue. A confirmação da doença depende da realização de biópsia.

"Com o câncer de próstata, não podemos esperar que as pessoas se sintam doentes e procurem ajuda –devemos incentivar os testes em aqueles que se sentem bem, mas que têm alto risco de doença para detectar o câncer de próstata letal cedo", diz James.

Câncer de próstata no Brasil

O Inca (Instituto Nacional do Câncer) estima que 71.730 novos casos de câncer de próstata serão registrados por ano no Brasil entre 2023 e 2025.

De acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, a doença matou 16.292 pessoas em 2022 —aproximadamente 44 óbitos por dia.

Segundo o médico Maurício Dener Cordeiro, coordenador do departamento de uro-oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia, além do envelhecimento, a maior exposição da população a outros fatores de risco favorece a tendência de aumento de casos da doença. "Tabagismo, alcoolismo, obesidade, sedentarismo. Esses fatores, ao longo do tempo, aumentam a incidência de inúmeras neoplasias, inclusive o câncer de próstata", afirma.

Apesar da disponibilidade do exame PSA e do tratamento pelo SUS (Sistema Único de Saúde), Cordeiro avalia que o acesso da população ainda é insuficiente, sobretudo em regiões interioranas, onde os centros oncológicos são mais raros.

Um dos efeitos dessa carência é que parte significativa dos casos é descoberta tardiamente. Segundo Cordeiro, que coordena o departamento de uro-oncologia do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), maior centro de oncologia do país, 60% dos pacientes operados na unidade já têm a doença em estágio avançado, com risco maior de necessitar radioterapia.

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