Descrição de chapéu Câncer de Próstata câncer

Diagnóstico precoce possibilita tratamentos pouco invasivos contra o câncer de próstata

Cirurgias de remoção da glândula com robôs evitam lesões em tecidos próximos

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São Paulo

Com a evolução do protocolo de rastreamento do câncer de próstata e dos recursos terapêuticos disponíveis, atualmente já é possível identificar quais casos devem ser tratados e realizar operações pouco invasivas.

"Se o diagnóstico é feito em fase inicial, há cura com qualidade de vida, preserva-se a função erétil e o controle urinário. Quando é tardio, o tratamento envolve bloqueio hormonal e tem efeitos colaterais como perda de libido, piora do colesterol e da glicemia e aumento do risco de diabetes e doenças cardiovasculares", diz Rafael Ferreira Coelho, urologista do Hospital Nove de Julho, da Dasa.

Os desafios para detectar precocemente a doença foram debatidos durante o seminário Câncer de Próstata, promovido pela Folha na terça-feira (8), com patrocínio da Dasa Oncologia e mediação da jornalista Carolina Marcelino.

Foto mostra o auditório da Folha; no palco, sentada em uma cadeira, está a jornalista Carolina Marcelino; em telas, aparecem Rafael Ferreira e Jairo Savastano, participantes do seminário
A jornalista Carolina Marcelino faz a mediação do evento - Marcelo Chello/Folhapress

Além da dosagem de PSA (proteína relacionada a alterações na próstata) e do exame de toque retal, a ressonância magnética da glândula permite confirmar se o quadro exige biópsia. Se sim, o exame de imagem contribui para um diagnóstico mais preciso, pois serve como guia para se chegar aos pontos afetados.

"Muitos tumores na próstata são indolentes, têm baixa agressividade, e não precisam ser tratados, porque demoram anos para progredir e as pessoas vão morrer de outras causas", afirma Coelho.

Nesses casos, há a vigilância ativa. Um especialista acompanha o câncer com exames de imagem e biópsias. Só há tratamento se houver avanço.


Assista ao evento completo:


Se o tumor é um pouco mais agressivo, mas ainda está restrito à próstata, é possível tratá-lo com radioterapia ou com a remoção da glândula.

Hoje, o procedimento pode ser feito com uma plataforma robótica, de forma minimamente invasiva, para evitar lesões nos tecidos próximos.

Essa cirurgia não é coberta pelo SUS, mas o equipamento está disponível em alguns hospitais públicos, como o Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), para projetos de pesquisa, diz Coelho, que também chefia a equipe de urologia da instituição.

Houve uma grande evolução, mas ainda há o estigma de tratamentos que eram feitos há 30 anos e tinham uma série de efeitos colaterais

Rafael Ferreira Coelho

urologista do Hospital Nove de Julho

O industrial Jairo Savastano, 65, começou a frequentar o urologista depois dos 50, mas não levou a sério quando o primeiro médico com quem se consultou, um amigo de bairro, o alertou para alterações que havia identificado.

O diagnóstico de câncer foi feito apenas em 2017, com outro especialista, que recomendou a cirurgia robótica.

"Entrei no hospital em pânico e me surpreendi ao ver que a parte mais desconfortável durou só uma semana, enquanto usei uma sonda. O dia da retirada foi uma maravilha, fiquei muito bem. No dia seguinte, retomei a rotina normal, sem incontinência."

Muitos dos seus amigos, conta Savastano, desconhecem os avanços dos tratamentos e mantêm a memória de sequelas sofridas por quem passou por cirurgias invasivas.

Foto mostra detalhe da plataforma robótica usada para cirurgias urológicas
Detalhe do robô Da Vinci, utilizado principalmente em cirurgias urológicas, no Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês - Jardiel Carvalho/Folhapress

Para aproximar os homens dos consultórios, Coelho diz que campanhas como a do Novembro Azul precisam expandir seu enfoque para além da divulgação do exame de toque retal, abordando aspectos como saúde mental e cultivo de hábitos como atividades físicas e alimentação saudável.

"Procure um profissional para fazer exames indicados para diagnóstico precoce de cânceres de intestino e de pulmão, de doenças cardiovasculares, de diabetes e de tudo que precisa ser rastreado."

Não podemos ter vergonha de falar sobre o tema. Eu evitava dizer que fiz cirurgia, mas preciso, pois, com diagnóstico tardio, a doença mata

Jairo Savastano

industrial, teve câncer de próstata em 2017

É preciso ainda tratar de novos exames, diz, como testes genéticos que detectam mutações no genes BRCA1 e BRCA2, também relacionados ao câncer de mama, capazes de provocar casos mais agressivos de tumor na próstata.

Os testes beneficiam pacientes com histórico familiar da doença. Nesses casos, a recomendação é iniciar o acompanhamento a partir dos 45, cinco anos antes da população geral. O ideal é, no entanto, que o começo do rastreamento e sua periodicidade sejam definidos caso a caso, com a avaliação de um especialista.

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