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Os perigos potenciais à saúde das inundações no Rio Grande do Sul

Edição da newsletter Cuide-se fala sobre as consequências da maior enchente registrada no estado

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São Paulo

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As cenas chocantes de cidades submergidas após as fortes chuvas no Rio Grande do Sul não deixam dúvidas sobre a urgência de planos de adaptação e mitigação à crise climática. Mas e em relação aos efeitos à saúde? Na edição desta semana, escrevo sobre os potenciais riscos e o que fazer para prevenção em casos assim.

Enchentes no RS

As inundações que afetaram o Rio Grande do Sul desde o início da última semana provocaram ao menos 90 mortes e mais de 1,3 milhão de pessoas afetadas. A tragédia levanta alertas sobre os riscos à saúde das populações.

Enchentes estão entre os principais eventos ambientais associados com riscos à saúde, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Além dos efeitos diretos, a entidade considera outros indiretos, como danos psicológicos e perdas materiais.

Defesa civil e voluntários ajudam na remoção de pessoas afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul - Carlos Macedo/Folhapress

É grande o risco de doenças infecciosas que podem atingir pessoas que estão em situações como a do Rio Grande do Sul. Listo aqui algumas delas:

Leptospirose, causada pela bactéria Leptospira, que tem como hospedeiro diversas espécies animais —nas cidades, o principal é o rato, cuja urina pode transmitir a doença. Quando há enchentes, a água de esgoto se mistura com a da chuva, aumentando o risco de transmissão. O contato é dado pela pele.

Tétano, transmitido pela bactéria tetânica. A infecção pode ocorrer com o contato, por meio de cortes, com objetos contaminados, como hastes de ferro e grades, que podem ser deslocadas com a chuva e as inundações.

Hepatite A, transmitida pelo contato com água contaminada.

Arboviroses, como dengue, zika e chikungunya, podem ter alta de casos após inundações, pois o mosquito Aedes aegypti usa como local para depositar os ovos focos de água parada.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre emitiu um alerta no último domingo (5) sobre os riscos de contaminação por doenças a partir da água de enchentes.

Pessoas com sintomas de uma ou mais doenças infecciosas listadas acima, como náuseas, diarreia, enjoos, dores no corpo e febres devem procurar assistência médica. No caso de tétano, pode ser recomendada a vacina anti-tetânica.

A pasta também não recomenda a ingestão de água potencialmente contaminada, tampouco o reaproveitamento de alimentos que entraram em contato com as águas das inundações, pois podem estar contaminados.

E a saúde mental?

Dores pela perda de familiares, medo de não conseguir sobreviver e o trauma vivenciado pelas enchentes provocam efeitos psicológicos de curto e longo prazo.

De acordo com o Ministério da Saúde, um evento traumático, seja individual ou coletivo, pode causar grave sofrimento às pessoas, afetando de forma significativa a qualidade de vida.

Uma pesquisa apontou que pessoas que perdem suas casas ou têm moradias parcialmente destruídas em decorrência de eventos climáticos sofrem também efeitos na saúde mental, como estresse, dificuldade para realizar atividades cotidianas e insegurança habitacional por um período de até dois anos após o evento.


Em um mundo em que os eventos climáticos extremos estão cada vez mais frequentes e mais intensos, é preciso pensar, em estratégias de combate e mitigação dos efeitos climáticos, também em assistência médica e psicológica.

CIÊNCIA PARA VIVER MELHOR

Novidades e estudos sobre saúde e ciência

  • Exposição intrauterina ao tabaco eleva risco de doenças crônicas precocemente. Um estudo analisou a exposição ao tabaco e o efeito no desenvolvimento de doenças ligadas ao envelhecimento, como diabetes tipo 2, câncer e doenças cardíacas. De acordo com a pesquisa, que analisou dados genéticos de mais de 276 mil participantes e cruzou com análises de sangue para detectar a velocidade do envelhecimento celular, quanto maior a exposição ao tabaco, maior era o risco de envelhecimento e morte celular precoce, fatores que podem aumentar o aparecimento de células cancerosas e de condições inflamatórias no organismo. O artigo foi publicado no periódico científico Science Advances.
  • Descobertos mais de cem regiões genômicas ligadas à pressão alta. Pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde detectaram mais de cem novas regiões no genoma humano que podem influenciar a pressão arterial. De acordo com o estudo, com dados de mais de 1 milhão de indivíduos, existem regiões no DNA responsáveis por codificar receptores celulares responsáveis por regular a ligação de ferro nas células sanguíneas. A pesquisa também confirmou a presença de um gene associado com a possibilidade de ocorrência de pressão alta. O estudo, publicado na revista Nature Genetics, traz novos caminhos na busca por terapias mais eficazes para controle da hipertensão.
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