Descrição de chapéu The New York Times

Covid longa pode afetar habilidades funcionais nos pacientes, diz relatório de agência americana

Novo estudo identifica mais de 200 sintomas pós-Covid e as sequelas em diversos órgãos

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Pam Belluck
The New York Times

Uma das principais organizações consultivas médicas dos Estados Unidos se pronunciou sobre a Covid longa. Em um relatório de 265 páginas, a Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina (NAS, na sigla em inglês) reconhece a seriedade e persistência da condição para milhões de americanos.

Passados mais de quatro anos desde o início da pandemia de coronavírus, as sequelas da Covid continuam a prejudicar a capacidade de muitas pessoas de funcionar, disse o órgão, uma instituição não-governamental que aconselha agências federais nos Estados Unidos.

Pacientes com Covid longa pedem mais apoio; cientistas temem que, após março, o NIHR não tenha mais dinheiro para pesquisar a condição
Pacientes com Covid longa pedem mais apoio; cientistas temem que, após março, o NIHR não tenha mais dinheiro para pesquisar a condição - Michael Melia/Alamy

"A Covid longa pode afetar pessoas em todas as faixas etárias, de crianças a idosos, bem como em diferentes grupos de gênero, raça, etnia e outros grupos sociodemográficos", disseram os autores no estudo, concluindo que "a Covid longa está associada a uma ampla gama de condições de saúde novas ou pioradas e abrange mais de 200 sintomas envolvendo quase todos os sistemas de órgãos".

Veja abaixo algumas das principais descobertas do relatório da NAS, elaboradas por um comitê de 14 médicos e pesquisadores.

Quantas pessoas têm Covid longa?

O relatório citou dados de 2022 sugerindo que quase 18 milhões de adultos e quase 1 milhão de crianças nos EUA tiveram Covid longa em algum momento. Na época da pesquisa, cerca de 8,9 milhões de adultos e 362 mil crianças tinham a condição.

Estudos apontam que a prevalência da Covid longa diminuiu em 2023, mas, por razões não esclarecidas, aumentou este ano. Em janeiro, os dados mostraram que quase 7% dos adultos no país tinham Covid longa.

Diagnóstico e consequências

Ainda não há uma maneira padronizada de diagnosticar a condição e nenhum tratamento definitivo para curá-la. "Não há uma abordagem única para reabilitação, e cada indivíduo precisará de um programa adaptado às suas necessidades complexas", disseram os especialistas no texto, aconselhando que os médicos não devem exigir que os pacientes tenham um teste de coronavírus positivo para serem diagnosticados com Covid longa.

O relatório disse que alguns dos sintomas mais problemáticos, como confusão mental e fadiga crônica, podem impedir as pessoas de retornar ao trabalho e devem torná-las elegíveis para pagamentos de invalidez, embora seus sintomas possam não se encaixar nas categorias de invalidez atuais da autoridade previdenciária americana.

"A Covid longa pode resultar na incapacidade de retornar ao trabalho [ou à escola para crianças e adolescentes], baixa qualidade de vida, capacidade diminuída de realizar atividades da vida diária e função física e cognitiva reduzida por seis meses a dois anos ou mais", afirma o relatório.

Pessoas em maior risco

Pessoas que ficam mais gravemente doentes com sua infecção inicial por coronavírus têm mais probabilidade de ter sintomas de longo prazo. Aqueles que ficaram doentes o suficiente para serem hospitalizados tinham duas a três vezes mais chances de desenvolver sequelas da Covid.

Mas, segundo o estudo "mesmo indivíduos com um curso inicial leve de doença podem desenvolver Covid longa com efeitos graves na saúde". E "dado o número muito maior de pessoas com doença leve versus grave, eles compõem a grande maioria das pessoas com Covid longa".

As mulheres têm risco cerca de duas vezes maor de desenvolver sintomas pós-Covid. Outros fatores de risco incluem não estar adequadamente vacinado contra o coronavírus, ter condições médicas pré-existentes ou deficiências e fumar.

Sequelas em crianças

As crianças têm menos probabilidade do que os adultos de desenvolver sequelas e têm mais probabilidade de se recuperar dela, mas algumas crianças "experimentam sintomas persistentes ou intermitentes que podem reduzir sua qualidade de vida" e "resultar em aumento de faltas à escola e diminuição da participação e desempenho na escola, esportes e outras atividades sociais", disse o relatório.

Recuperação da Covid longa

Algumas pessoas se recuperam com o tempo, e há evidências de que após um ano, muitos sintomas das pessoas diminuíram. Mas algumas pesquisas sugerem que a recuperação desacelera ou se estabiliza após esse primeiro ano, disse o relatório.

Como a Covid longa varia tanto de pessoa para pessoa e afeta tantos sistemas do corpo, cada caso deve ser abordado individualmente.

Para algumas pessoas, "retornar ao trabalho muito cedo pode resultar em deterioração da saúde, e um plano de retorno gradual ao trabalho pode ser aconselhado", disse o relatório, especialmente para pessoas com mal-estar pós-exercício, um sintoma que envolve esgotamento após atividades que envolvem esforço físico ou mental.

Os gestores podem precisar oferecer acomodações aos funcionários que retornam, como permitir que façam pausas frequentes ou trabalhem remotamente.

Algumas semelhanças com outras condições crônicas

"A Covid longa parece ser uma doença crônica, com poucos pacientes alcançando remissão completa", disse o relatório.

Alguns sintomas são semelhantes aos de outras condições que surgem após infecções, incluindo encefalomielite miálgica, síndrome da fadiga crônica, fibromialgia e síndrome da taquicardia postural ortostática.

A causa biológica dos sintomas não está clara. As teorias incluem inflamação, fragmentos do vírus remanescente e desregulação do sistema imunológico.

A desigualdade piora as sequelas pós-Covid

A Covid longa apresenta mais obstáculos para pessoas que enfrentam desafios econômicos ou discriminação por causa de sua raça ou etnia, onde vivem ou quanto de educação possuem.

Tais pacientes podem encontrar mais ceticismo sobre seus sintomas, podem ter menos capacidade de se afastar do trabalho e podem morar mais longe de clínicas de Covid longa ou programas de tratamento.

Este artigo foi originalmente publicado no The New York Times.

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