Bebê apresenta paralisia no primeiro caso de poliomielite tipo 2 em Gaza em 25 anos, diz OMS

Autoridades da saúde pedem maior imunização infantil na região

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Tala Ramadan
Dubai | Reuters

Um bebê de dez meses em Gaza apresentou paralisia causada pelo vírus da poliomielite tipo 2, o primeiro caso desse tipo no território em 25 anos, disse a OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta sexta-feira (23), com agências da ONU apelando por vacinações urgentes de todos os bebês.

O vírus tipo 2 (cVDPV2), embora não seja inerentemente mais perigoso do que os tipos 1 e 3, tem sido responsável pela maioria dos surtos nos últimos anos, especialmente em áreas com baixas taxas de vacinação.

A imagem mostra um profissional de saúde usando luvas brancas, administrando uma vacina em um bebê. O bebê está deitado, com uma faixa branca na cabeça
Profissional da saúde do Acnur, agência de refugiados das Nações Unidas, vacina criança contra a poliomielite em uma clínica na Faixa de Gaza - Mohammed Abed/AFP

As agências da ONU pediram que Israel e o grupo militante palestino Hamas, dominante em Gaza, concordem com uma pausa humanitária de sete dias em sua guerra de 10 meses para permitir que as campanhas de vacinação prossigam no território.

"A poliomielite não faz distinção entre crianças palestinas e israelenses", disse o chefe da agência da ONU para refugiados palestinos (Acnur) na sexta-feira (23) em uma postagem no X (ex-Twitter).

"Adiar uma pausa humanitária aumentará o risco de propagação entre as crianças", acrescentou Philippe Lazzarini.

O bebê, que perdeu movimento em sua perna esquerda inferior, está atualmente em condição estável, disse o Diretor-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em um comunicado.

A OMS anunciou que duas rodadas de uma campanha de vacinação contra a poliomielite estão programadas para começar no final de agosto e setembro de 2024 em toda a densamente povoada Faixa de Gaza.

Com seus serviços de saúde amplamente danificados ou destruídos pelos combates, e esgoto bruto se espalhando em meio a uma quebra na infraestrutura de saneamento, a população de Gaza é particularmente vulnerável a surtos de doenças.

Desafio das vacinações em zona de guerra

O ministério da saúde de Gaza relatou pela primeira vez o caso de poliomielite no bebê de dez meses não vacinado há uma semana na cidade central de Deir Al-Balah, uma área frequentemente combatida na guerra.

O Hamas apoiou em 16 de agosto um pedido da ONU por uma pausa de sete dias nos combates para vacinar as crianças de Gaza contra a poliomielite, disse na sexta-feira o oficial do escritório político do Hamas, Izzat al-Rishq.

Israel, que tem sitiado Gaza desde outubro passado e cuja ofensiva terrestre e bombardeios devastaram grande parte do território, disse dias depois que facilitaria a transferência de vacinas contra a poliomielite para Gaza para cerca de um milhão de crianças.

A unidade humanitária militar de Israel (Cogat, na sigla em inglês) disse que estava coordenando com os palestinos para adquirir 43 mil frascos de vacina —cada um com múltiplas doses— para entrega em Israel nas próximas semanas para transferência para Gaza.

As vacinas devem ser suficientes para duas rodadas de doses para mais de um milhão de crianças, acrescentou o Cogat.

Além de permitir a entrada de especialistas em pólio em Gaza, a ONU disse que uma campanha bem-sucedida exigiria transporte para vacinas e equipamentos de refrigeração em cada etapa, bem como condições que permitissem que a campanha alcançasse as crianças em todas as áreas do território cheio de escombros.

A poliomielite, um vírus altamente infeccioso transmitido principalmente pela via fecal-oral, pode invadir o sistema nervoso e causar paralisia.

Traços do vírus da poliomielite foram detectados no mês passado no esgoto em Deir al-Balah e Khan Younis, duas áreas no sul e centro de Gaza que viram centenas de milhares de palestinos deslocados pelos combates em busca de abrigo.

Crianças menores de cinco anos estão particularmente em risco.

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