Plano de combate à dengue amplia métodos de controle, cria polos de hidratação e estende horário de UBSs

Projeto do Ministério da Saúde está estruturado em seis eixos principais

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O novo plano preparado pelo Ministério da Saúde para combater a dengue prevê a ampliação dos métodos de controle do mosquito transmissor da doença e a criação de polos de hidratação para a população. Além disso, inclui a extensão do horário de funcionamento das UBSs (Unidades Básicas de Saúde).

O "Plano de ação para redução dos impactos da dengue e outras arboviroses" está estruturado em seis eixos principais: prevenção, vigilância dos vírus e dos mosquitos, controle dos transmissores, organização dos serviços de saúde e preparação e resposta às emergências, além da comunicação social, gestão de risco e participação comunitária.

Plano da dengue amplia métodos de controle, cria polos de hidratação e estende horário de UBSs - Luis Robayo/AFP

No eixo de controle dos mosquitos transmissores, o plano prevê a ampliação do uso da bactéria Wolbachia. Essa estratégia consiste em liberar mosquitos aedes aegypti infectados com a Wolbachia, o que impede o desenvolvimento do vírus da dengue no vetor.

Outro método é a liberação de mosquitos estéreis, que, após o acasalamento, produzem ovos que não resultam em novos insetos.

Já no eixo de organização dos serviços de saúde, o plano propõe a criação de polos de hidratação, que podem ser estruturas físicas temporárias ou localizadas nas próprias unidades de saúde.

Esses polos funcionarão em tempo integral para agilizar o atendimento, reduzindo o tempo de espera e oferecendo hidratação venosa, além de acompanhamento clínico e laboratorial dos pacientes. A hidratação é uma das principais estratégias de tratamento da doença. As unidades também receberão testes rápidos para diagnóstico de dengue.

Uma das alternativas para ampliação do acesso e consequentemente redução nas filas de atendimento será o aumento do horário de atendimento das UBSs.

O plano contempla ainda a oferta de serviços de teleorientação para casos suspeitos de arboviroses e a organização de mutirões de cirurgias para crianças com sequelas da síndrome congênita pelo vírus zika.

Os eixos do plano foram apresentados na reunião da CIT (Comissão Intergestores Tripartite) nesta quinta-feira (29). Entretanto, ele ainda será pactuado pela comissão na próxima reunião.

Rivaldo Venâncio da Cunha, secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, disse que o plano foi elaborado por cerca de 200 pessoas, incluindo representantes do Ministério da Saúde, do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) e membros de universidades.

A meta é reduzir os casos prováveis e o número de óbitos por dengue, zika e chikungunya no próximo período sazonal.

"Estamos considerando apresentar o plano por etapas. Algumas ações precisam começar imediatamente, enquanto outras dependem da avaliação da pactuação do ano passado, como é o caso da vacinação, e de estudos de cenários atualizados", afirmou a ministra Nísia Trindade

Ela ressaltou a importância de distinguir as ações que terão impacto imediato daquelas que, embora estruturantes, não devem apresentar resultados em curto prazo. "Por exemplo, o caso da Wolbachia em Niterói, que levou oito anos de trabalho para alcançar bons resultados", acrescentou.

A ministra da Saúde disse que esse plano será apresentado ao presidente Lula (PT).

Como a Folha mostrou, a vacinação contra a dengue ainda não será a principal estratégia de combate à dengue em 2025. O plano prevê o aumento gradual da produção das vacinas desenvolvidas pelo laboratório Takeda e pelo Instituto Butantan.

A vacina do Butantan se tornou a principal aposta do SUS (Sistema Único de Saúde), é um imunizante de dose única que demonstrou alta eficácia (89%) contra casos graves ou com sinais de alerta, independentemente do risco de hospitalização.

CONHEÇA OS EIXOS DO PLANO

EIXO PREVENÇÃO

  • Priorizar as ações dos agentes de combate às endemias que, juntamente com a mobilização da comunidade, ajudem a reduzir os focos de proliferação dos mosquitos transmissores;
  • Estimular a atuação integrada de agentes comunitários de saúde com os agentes de combate às endemias;
  • Elaborar planejamento para incorporação gradativa das vacinas contra a dengue, considerando a produção do laboratório Takeda e o início da produção da vacina do Instituto Butantan.

EIXO VIGILÂNCIA DO VÍRUS E DOS MOSQUITOS

  • Monitorar os sorotipos do vírus da dengue;
  • Monitorar os índices de infestação do Aedes aegypti;
  • Detectar qualquer aumento no número de casos novos de arboviroses;
  • Identificar rapidamente qualquer mudança no padrão clínico das arboviroses;
  • Utilizar o método AeSOP como suporte para a vigilância.

EIXO CONTROLE DOS MOSQUITOS TRANSMISSORES

  • Ampliar imediatamente o uso de estações disseminadoras de larvicidas, com prioridade para periferias;
  • Ampliar de maneira substancial o uso de método Wolbachia, como método complementar de controle;
  • Ampliar de maneira substancial o uso de insetos estéreis, como método complementar de controle;
  • Avaliar o uso da borrifação residual intradomiciliar como método complementar de controle.

EIXO ORGANIZACIONAL DE SERVIÇO DE SAÚDE

  • Tratar as organizações da rede assistencial como componente fundamental para melhorar o tratamento dos doentes e, dessa forma, salvar vidas;
  • Estimular a formação de grupos de apoio técnico estratégico que serão compostos por técnicos da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), universidades, profissionais do programa Mais Médicos;
  • Os grupos apoiarão os gestores locais no processo de organização da rede assistencial, além da sensibilização, mobilização e treinamento dos profissionais que estarão na linha de frente do atendimento aos doentes;
  • Definir critérios objetivos e factíveis sobre onde, quando e como organizar e ampliar o acesso à rede (polos de hidratação). Podem ser uma estrutura física temporária ou dentro das próprias unidades de saúde já existentes e devem funcionar 24 h, agilizando os atendimentos, diminuindo o tempo de espera e oferecendo hidratação venosa e acompanhamento clínico e laboratorial dos doentes, evitando mortes;
  • Os polos de hidratação receberão testes rápidos para diagnóstico de dengue;
  • Indução para que UBSs estratégicas ampliem o horário de funcionamento;
  • Organização de mutirão de cirurgias para crianças com sequelas de síndrome congênita pelo vírus zika;
  • Se necessário, implantação de serviços de teleorientação para casos suspeitos de arboviroses;
  • Estabelecer parcerias, com a devida antecedência, com as grandes redes privadas de assistência à saúde.

PREPARAÇÃO E RESPOSTAS ÀS EMERGÊNCIAS

  • Atualizar o Plano de Contigência Nacional;
  • Elaborar planos de contigência regionalizados;
  • Divulgar informações do InfoDengue aos gestores municipais;
  • Avaliar a pertinência de rever os critérios para decretação de Espin (Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional) e de apoio financeiro a estados e municípios;
  • Rever a matriz de responsabilidades elaborada durante o COE (Centro de Operações de Emergência em Saúde) para dengue e outras arboviroses, incluindo as lições apreendidas.

COMUNICAÇÃO SOCIAL, DE RISCO E PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA

  • Elaborar estratégia política para construção de uma mobilização nacional contra a dengue e outras arboviroses.
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.