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Nísia relata preocupação com sobrecarga do sistema de saúde em SP por fumaça

Ministra da Saúde fala em aumentos de atendimentos em várias regiões do país, com alta de até 190% no Tocantins

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Brasília

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, relata alta de atendimentos no SUS (Sistema Único de Saúde) por náuseas e vômitos em decorrência da seca e das queimadas. O aumento no Tocantins passou de 190%. Há ainda uma preocupação com a sobrecarga do sistema em cidades do estado de São Paulo.

Até o momento, Goiás registrou 45% de aumento de náuseas e vômitos; Mato Grosso teve 58%; enquanto o Distrito Federal dobrou o número de atendimentos para esses casos. As unidades informam o Ministério diariamente da procura da população.

Além disso, há a preocupação com a sobrecarga nos sistemas de saúde, especialmente em São Paulo e, especificamente na grande São Paulo, Ribeirão Preto, Araçatuba e São José do Rio Preto.

"A situação é grave e urgente. No caso da saúde, é importante pensar que o SUS é um sistema que tem capacidade de atendimento, mas que essa resiliência cada vez mais é testada por fatores como mudança climática", disse Nísia.

As informações foram dadas durante entrevista a jornalistas nesta quarta-feira (11), no Ministério da Saúde, pela pasta, o Conass (Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde) e o Conasems (Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde).

A ministra da Saúde, Nísia Trindade - Lucio Távora - 20.mar.2024/Xinhua

Segundo a ministra, a ideia para o enfrentamento à situação climática, sobre os cuidados de saúde pública, é, além das recomendações à população e aos gestores de saúde, reforçar o atendimento nos serviços de atendimento de saúde, especialmente nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

"Contando com o apoio da Força Nacional, estamos monitorando as informações de qualidade do ar, umidade e temperatura, de oferta e qualidade de água, para garantir a oferta adequada de pontos de hidratação e nebulização, avaliando a necessidade de novas unidades", disse.

Ela lembrou a experiência de instalação de tendas durante a epidemia de dengue. "Tivemos essas experiências na epidemia de dengue, com tendas de hidratação. O Ministério da Saúde vai apoiar essas ações. Isso não se faz em gabinete de Brasília", afirmou.

Mas desde o agravamento das queimadas, já há registros de aumento de procura ao sistemas de saúde. Os problemas respiratórios geraram uma corrida às unidades de saúde de Ribeirão Preto no fim de agosto. As salas de medicação e inalação e nebulização das UPAs ficaram lotadas devido à ação da fumaça e fuligem dos incêndios em matas e canaviais.

Nísia Trindade afirmou que há três níveis de atuação da pasta no enfrentamento à situação. O primeiro deles é o de orientação, capacitação, e monitoramento da rede disponível. O segundo é a instalação de tendas, nas localidades onde for identificada a necessidade diante da alta demanda.

Por fim, em caso de colapso dos sistemas, acionamento de outras estruturas, como uso de prédios públicos ou construção de hospital de campanha.

Até o momento, o país está no primeiro estágio. Além do acompanhamento da capacidade da estrutura nos estados e municípios, a coordenação organiza ações para capacitar e orientar equipes para compartilhar informações à população e identificar e manejar em tempo oportuno eventuais risco à saúde, como as crises alérgicas, respiratórias, cardiovasculares, especialmente de grupos mais vulneráveis, crianças e idosos.

"Um aspecto para o qual estamos olhando é o sofrimento psíquico que acompanha todo esse quadro, a tensão, a sensação de risco, e de um grande abalo emocional. Quando acontece algo como aconteceu em São Paulo, com aquela nuvem carregada de fumaça, o impacto que causa uma imagem dessas é grande. E não é só imagem, são as partículas, a seca", disse a ministra.

Perguntada se há a perspetiva de o Ministério da Saúde voltar a exigir uso de máscaras, ela negou a possibilidade.

"Essa foi uma forte questão para enfrentamento à pandemia da Covid. A situação que vivemos hoje é distinta. O que recomendamos é o oposto. Não tem a ver com transmissão pessoa a pessoa, mas que se busque evitar exposição por tempo prolongado a fuligens e ar de qualidade ruim. Além disso, a hidratação e umidificação dos ambientes", disse.

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