Brasil muda a política comercial em meio a onda de protecionismo global
Avanço do país depende da superação das falhas que vão da baixa competitividade da indústria à falta de acordos em meio a cenário externo hostil ao comércio internacional
Avanço do país depende da superação das falhas que vão da baixa competitividade da indústria à falta de acordos em meio a cenário externo hostil ao comércio internacional
Metade das empresas brasileiras não usa ferramentas digitais em suas linhas de produção e quatro em cada dez não conseguem identificar novas tecnologias importantes para seus negócios, aponta estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A separação rígida entre países desenvolvidos e em desenvolvimento nas negociações comerciais multilaterais é uma das barreiras ao avanço de acordos na área de comércio exterior.
O Brasil mudou a direção da política comercial e busca novos acordos de livre comércio para exportar mais. Especialistas ouvidos pela Folha avaliam, no entanto, que o país chega atrasado e enfrentará dificuldades por causa do aumento do protecionismo.
O comércio mundial anda a passos lentos porque a China desacelera, a Europa está em crise, as cadeias globais de valor pararam de expandir e os países desenvolvidos vivem cada vez menos de manufaturas exportáveis. O futuro imediato é cheio de riscos porque as grandes democracias industrializadas assistem a uma onda antiglobalização onde ganha voto quem promete protecionismo. Perdem todos, países ricos e países pobres.
As exportações do agronegócio brasileiro renderam US$ 1,03 trilhão nos últimos 15 anos. Valor semelhante a esse virá em muito menos tempo daqui para a frente.
Esnobado durante anos pela indústria brasileira, o mercado externo foi a rota de fuga encontrada por muitos empresários para tentar sobreviver à recessão no Brasil.
A zona industrial de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, abriga a maior fábrica de alimentos do Oriente Médio. Inaugurada em 2014 pela BRF, é um dos mais recentes investimentos da empresa no exterior e tornou-se um dos símbolos da nova estratégia da companhia.
Das cinco maiores exportadoras brasileiras, quatro vendem commodities. A outra é a Embraer. A fabricante de aeronaves mantém-se há anos como a exceção no topo da lista das empresas que mais vendem ao exterior. E disputa espaço com gigantes como a canadense Bombardier e a francesa Dassault.
Nas ruas de Covent Garden, no centro de Londres, marcas internacionais enfileiram-se umas ao lado das outras. Entre elas, está a da brasileira Havaianas. A cena repete-se em cidades como Paris, Tóquio e Nova York.
O Brasil ficou isolado de boa parte do comércio internacional e agora tenta superar o atraso em meio a uma onda global de protecionismo e desconfiança, concluíram especialistas reunidos num fórum realizado pela Folha em parceria com a CNI (Confederação Nacional da Indústria).