Efeito Lava Jato faz empresas criarem planos anticorrupção
Companhias investem em medidas de controle para retomar a confiança do mercado e evitar que crimes se repitam
Companhias investem em medidas de controle para retomar a confiança do mercado e evitar que crimes se repitam
Impulsionadas pela Lei Anticorrupção e pela Lava Jato, várias empresas brasileiras passaram a se especializar na criação e implantação de sistemas de compliance.
Combater a corrupção interna nas empresas é o trabalho da advogada Karin Ullmann, do contador José Francisco Compagno, do profissional de marketing Yaniv Chor e do consultor Andre Pannunzio.
Dois anos se passaram para que a Queiroz Galvão, um dos alvos da Lava Jato, voltasse a receber recursos do BNDES e fechasse novos contratos com clientes, bancos e seguradoras. A pena teria sido maior se a empreiteira não tivesse implantado um sistema capaz de evitar que seus funcionários cometam crimes em nome dos negócios.
Ações para reduzir risco de corrupção nas empresas enfrentam barreiras culturais. Segundo gestores, brasileiros flexibilizam regras e não gostam do papel de "dedo-duro", o que compromete a implantação dos programas.
Três grandes empresas brasileiras estão sob a mira de um "xerife" indicado pelo DOJ (Departamento de Justiça dos Estados Unidos): a construtora Odebrecht, a petroquímica Braskem e a fabricante de aviões Embraer.
Após três anos de investigações, a Operação Lava Jato conseguiu 131 condenações e recuperou R$ 10,3 bilhões. São números invejáveis, mas o principal legado da maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro do Brasil vem sendo construído dentro das empresas.
A corrupção é um problema da cultura adotada pelas empresas e também pelas famílias que controlam grandes companhias. Mas existe uma mudança em curso no cenário internacional e, para sobreviver aos constrangimentos decorrentes da exposição da má conduta, os grupos brasileiros terão de se adaptar.
Quando uma empresa passa por uma crise de imagem por causa de uma investigação ou de uma ação mal pensada, a companhia precisa ser a mais transparente possível e ter 'timing' para passar à sociedade a mensagem de que corrigiu os erros e trabalhará para que eles não mais ocorram.
As tentativas de deputados e senadores de anistiar a prática de caixa dois, na realidade, escondem o objetivo de anistiar a corrupção no país, segundo o procurador da força-tarefa da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é tão transparente quanto permitido pela lei, segundo a superintendente da área de controladoria da instituição, Vania Borgerth.