Descrição de chapéu Copa do Mundo Falando Russo

Falando russo: 'terrível' foi alcunha do primeiro czar e dá nome a cidade

Após reinado de Ivan, Rússia se firmou como Estado centralizado e poder imperial expansão

Letreiro com a frase "Eu amo Grozni", no centro da cidade com nome de czar russo
Letreiro com a frase "Eu amo Grozni", no centro da cidade com nome de czar russo - Kirill Kudryavtsev/AFP
Irineu Franco Perpetuo

No dicionário, grózny é ameaçador, temível, terrível ou severo. No mapa, é uma cidade de 270 mil habitantes, capital da Tchetchênia, república localizada no Cáucaso, parte integrante da Rússia, que retomou controle do país após uma longa guerra de dez anos, de 1999 a 2009. E, na história, é o apelido do primeiro czar da Rússia: Ivan Grózny (1530-1584), ou seja, Ivan, o Terrível.

Já houve quem dissesse que a alcunha foi produto do romantismo posterior, não do século 16, que ele não foi adotado nem pelos mais encarniçados adversários do monarca e que, na língua russa da época, a palavra grózny queria dizer "assombroso", e até carregava conotações positivas.

Até ele, os soberanos da Rússia tinham o cargo de grão-príncipe de Moscou. Em 1547, porém, Ivan fez-se coroar czar —uma palavra que claramente reivindicava uma ligação histórica com os monarcas romanos e bizantinos.

Após seu reinado, a Rússia se firmou como Estado centralizado e poder imperial em franca expansão. Mas as histórias das perseguições políticas e atrocidades de Ivan pareciam chocantes mesmo para os padrões de sua época.

Muitos séculos após a morte do Terrível, sua sombra continuou a se projetar sobre a Rússia e servir como paradigma ou inspiração para diversos de seus governantes.

Caso, por exemplo, de Stálin, que, 500 anos depois, identificava-se com o antigo czar, encomendando ao cineasta Serguei Eisenstein (1898-1948) um filme a respeito do monarca, com música vigorosa de Serguei Prokófiev (1891-1953).

Se a primeira parte do filme foi agraciada pelo Prêmio Stálin, em 1946, a segunda foi censurada e só pôde ser exibida em 1958, cinco anos após a morte do ditador. Hoje, o filme é tido como uma obra-prima.

Irineu Franco Perpetuo

Jornalista e tradutor brasileiro.

Jornalista e tradutor brasileiro.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.