Descrição de chapéu Copa do Mundo

Queda da seleção na Rússia pode antecipar posse na CBF

Presidente eleito, Caboclo quer poder para definir comissão técnica

Coronel Nunes e Rogério Caboclo na Granja Comary em Teresópolis
Coronel Nunes e Rogério Caboclo na Granja Comary em Teresópolis - Mauro Pimentel - 18.mai.2018/AFP
Kazan

A eliminação da seleção da Copa deve abrir uma disputa de poder na CBF (Confederação Brasileira e Futebol). Eleito presidente da entidade em abril, Rogério Caboclo só tem direito para assumir o cargo em 2019. Nos bastidores, ele articula antecipar a sua posse e ser o responsável pelo destino de Tite após o fracasso na Rússia.

Caboclo comandará a CBF na Copa do Qatar em 2022 e quer definir o comando do time nacional até o final de julho. Para isso, ele terá que chegar a um acordo com Antonio Carlos Nunes, presidente da entidade.

Em abril, coronel Nunes, como gosta de ser chamado, assumiu o poder após Marco Polo Del Nero ser banido pela Fifa por corrupção. Ele foi escolhido para comandar a CBF após um “golpe”, como a oposição classifica, a eleição arquitetada por Del Nero para fazer o oficial da reserva da Polícia Militar do Pará seu sucessor, em caso de afastamento definitivo, como acabou acontecendo.

A derrota em Kazan da seleção pode antecipar também a saída de Nunes da CBF. Diretor executivo o da entidade, Caboclo mantém o estilo diplomático. Aceitaria antecipar a sua posse, marcada apenas para abril do próximo ano.

Entre os cartolas do país, Nunes é querido, mas sabe que sua situação é delicada no exterior. Fora do Brasil, o dirigente é ignorado pelas principais autoridades do futebol mundial.

No Mundial da Rússia, o prestígio de Nunes ficou ainda mais arranhado. No dia 13, um dia antes da abertura do torneio, ele quebrou o pacto firmado pela Conmebol (entidade que controla o futebol na América do Sul) que escolheu o Canadá, os EUA e o México para sediar a Copa de 2026.

Sem saber que a votação era em aberto, ele prometeu votar na candidatura americana, mas escolheu o Marrocos, que também tentava organizar a competição.

Com a divulgação dos votos, Nunes foi considerado traidor pela Conmebol. Agora, o presidente da entidade, o paraguaio Alejandro Domínguez, quer a saída do cartola do órgão. Ele já avisou que aceitaria a indicação de outro representante brasileiro.

Na Fifa, ele também é ignorado. O presidente da entidade, o suíço Gianni Infantino, também considerou uma desfeita a atitude de Nunes na votação.

Antes da partida desta sexta, Caboclo e Nunes eram favoráveis a manutenção de Tite após o Mundial da Rússia.

Caboclo havia até adiantado o assunto com o treinador antes do período de preparação para a disputa da competição.

 

Na ocasião, Tite achou melhor esperar o resultado em campo para definir o destino da sua carreira.

Ele sabe que raramente um treinador consegue se manter no cargo após um revés no Mundial.

No Brasil, Telê Santana foi o único a trabalhar em duas Copas seguidas após perder a anterior. Mesmo assim, ele deixou o cargo após a Copa da Espanha em 1982 e reassumiu o posto na reta final para o Mundial do México em 1986..

Caboclo foi o chefe da delegação na Copa e se encontrava diariamente com os integrantes da comissão técnica e jogadores. Já Nunes raramente ia aos treinos. Ele ficou baseado em Moscou e só chegava na cidade dos jogos na véspera das partidas.

Numa dessas viagens, ele foi protagonista de uma briga. Em São Petersburgo, um dia antes do jogo contra a Costa Rica, um torcedor hostilizou o cartola dentro de um restaurante. Um dos assessores de Nunes reagiu e quebrou um copo na cabeça de Alexandre Nazareno.

O assessor identificado como Gilberto Barbosa voltou ao Brasil no dia seguinte para evitar problemas criminais na Rússia. Já Nazareno, que ficou com cicatrizes na cabeça, ameaça processar o cartola e a CBF.

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