Dominante no século, vôlei masculino chega ao Mundial com incertezas

Seleção decepciona na temporada e vê equilíbrio entre as grandes forças

Renan Dal Zotto, técnico da seleção brasileira, destaca o equilíbrio entre as principais forças do vôlei
Renan Dal Zotto, técnico da seleção brasileira, destaca o equilíbrio entre as principais forças do vôlei - Wander Roberto/CBV/Divulgação
Marcelo Laguna
São Paulo

​Ninguém foi mais dominante no cenário do vôlei masculino internacional neste início de século do que o Brasil. Desde 2002, a seleção brasileira vem sendo a protagonista nas principais competições do planeta, tendo acumulado uma quantidade impressionante de títulos e presença constante em pódios.

Mas, às vésperas de estrear na disputa do Mundial masculino, que será realizado na Itália e na Bulgária e que começa neste domingo (9), esta realidade nunca esteve tão próxima de mudar.

Com três títulos e um vice nas últimas quatro edições do torneio, a seleção brasileira, que fará sua estreia no dia 12, contra o Egito, chega ao Mundial sob desconfiança.

Entre os motivos, estão a decepcionante campanha na Liga das Nações, quando a equipe ficou em quarto lugar, além de lesões em importantes jogadores, como os ponteiros Maurício Borges e Lucarelli.

Estes problemas, contudo, não diminuem o otimismo do técnico Renan Dal Zotto, que assumiu o comando do time em 2017, após a saída de Bernardinho.

“Devido ao período que tivemos de trabalho, chegamos em um bom momento. O Mundial é uma competição extremamente difícil, onde todas as seleções chegam com o que têm de melhor e, por isso, a expectativa é de muito equilíbrio. Sabemos que chegamos bem tanto física, quanto tecnicamente. Agora fica a expectativa por um bom desempenho”, disse Renan.

Neste domingo (9), enquanto o Mundial será aberto com duas partidas —Itália x Japão em Roma, e Bulgária x Finlândia em Varna—, o Brasil encerra sua preparação na Alemanha, onde chegou na última quarta-feira (5).

A equipe está em Dresden, onde fará o segundo e último amistoso contra a seleção alemã. No primeiro deles, realizado na sexta-feira (7), o Brasil ganhou por 3 a 0.

Brasileiros comemoram ponto na vitória sobre a Alemanha, em amistoso
Brasileiros comemoram ponto na vitória sobre a Alemanha, em amistoso - Sebastian Wells/Federação Alemã de Voleibol/Divulgação

A falta de mais jogos preparatórios foi apontada pelo treinador como uma das principais dificuldades na preparação da equipe brasileira.

“Nas semanas de treinamento, conseguimos fazer tudo que pretendíamos. Talvez, pudéssemos jogar um pouco mais, como outras seleções fizeram, mas entendemos a dificuldade de estarmos em um continente distante. No decorrer do campeonato, isso não vai fazer tanta diferença assim”, acredita o treinador.

O retrospecto decepcionante do time na temporada, após ficar fora do pódio na Liga das Nações (antiga Liga Mundial) não é visto por Renan como o maior problema enfrentado pela seleção, mas sim o equilíbrio que existe entre as grandes forças do vôlei mundial.

“O resultado é uma consequência do trabalho, do desenvolvimento da competição. Sabemos que várias seleções estão em condições de conquistar o Mundial. Nas últimas competições, cada vez é uma seleção diferente que se consagra campeã. As chances existem, claro. Mas, é fato que cada vez é mais complicado estar em um pódio pelo equilíbrio e alto nível”, disse.

Em relação ao vôlei masculino, esse equilíbrio de forças é um cenário pouco familiar ao Brasil. Graças a gerações excepcionais, sob o comando do técnico Bernardinho, a seleção passou os últimos 16 anos acumulando títulos.

Além dos três mundiais, a equipe ganhou dois ouros (Atenas-2004 e Rio-2016) e duas pratas (Pequim-2008 e Londres-2012) em Olimpíadas. De 2001 para cá, foi oito vezes campeã da Liga Mundial, além de ter sido vice em outras seis edições.

Para o técnico brasileiro, a lista de candidatos ao título mundial é bem ampla. “Temos sete ou oito seleções em condições de chegar na fase final. Além das tradicionais, como Rússia, Estados Unidos, França, Polônia, Itália, Sérvia, além do Brasil, outras estão crescendo e estão em um patamar bem próximo, como Canadá, Irã, Argentina, Bulgária, sem falar nas asiáticas. Por isso, a competição é totalmente aberta”, afirmou Renan.

A falta de renovação no time brasileiro —dos 14 convocados, nove estavam no elenco campeão da Rio-2016— também não preocupa o técnico para a campanha no Mundial.

“A mescla com a nova geração existe e os jogadores mais experientes que estão aqui ainda têm muita lenha para queimar. Estamos sempre preocupados com o resultado, mas atentos à renovação. Enquanto esses atletas puderem dar sua contribuição para a seleção brasileira serão sempre bem-vindos”, disse Renan.

O Mundial de vôlei de 2018 marcará também uma novidade. Será a primeira vez que o torneio acontecerá em duas sedes.

Dos 94 jogos que serão realizados até a final, dia 30, 42 acontecerão em três cidades búlgaras, enquanto as outras 52 estarão divididas em seis sedes italianas. A partir da terceira fase, todas as partidas acontecerão em Turim (ITA).

O novo formato não é visto como um problema a mais para Renan Dal Zotto. “Vai haver um equilíbrio de dificuldades para todas as equipes. Vamos pensar em um ponto de cada vez. Agora, temos que nos preocupar com a etapa na Bulgária e em fazer um bom trabalho por lá”, disse o treinador, referindo-se aos jogos do Brasil na primeira fase, marcados para a cidade búlgara de Ruse.

 
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