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Após recorde negativo de gols, clubes brasileiros concentram reforços no ataque

Até agora, equipes da Série A do Brasileiro contrataram 56 jogadores de frente para a temporada

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Gabriel é apresentado como novo reforço do Flamengo
O atacante Gabriel, artilheiro do último Campeonato Brasileiro, é um dos reforços do Flamengo - MarceloCortez/Flamengo
São Paulo

Se você fosse um atacante de 25 anos, teria chances razoáveis de ser contratado por um clube do Campeonato Brasileiro. É esse o perfil predominante dos 161 reforços contratados para 2019 nas equipes da Série A.

Levantamento feito pela Folha sobre as movimentações no mercado de transferências dos 20 times da primeira divisão mostra que foi o ataque, de longe, o setor com o maior número de chegadas.

Exceção feita ao Santos, que se move vagarosamente para concretizar transferências, todas as equipes contrataram ao menos um homem de frente. Desembarcaram 56 atacantes nos clubes do Brasileiro, o que representa mais de um terço do total de reforços confirmados até agora.

A lista inclui atletas que retornam de empréstimo, como Gustavo, 24, que voltou do Fortaleza e marcou na reestreia pelo Corinthians, em amistoso contra o Santos.

 

Há motivos para os clubes irem atrás de reforços para o ataque. A última edição do Nacional teve média de apenas 2,18 gols por jogo, a pior marca desde 1990.

Nesta temporada, algumas das principais contratações foram feitas por equipes que tentam encontrar jogadores que marquem gols.

O Flamengo se reforçou com Gabriel Barbosa, 22, artilheiro do Brasileiro do ano passado pelo Santos. O São Paulo apostou suas fichas em Pablo, 26, que foi destaque do Athletico-PR em 2018. Já o Palmeiras, enfim, conseguiu realizar o antigo desejo de contar com Ricardo Goulart, 27, que estava no futebol chinês.

Na maior parte dos casos, a aposta foi em atacantes jovens. A média de idade dos homens de frente contratados, 24,2 anos, é bem inferior, por exemplo, à dos goleiros, 30,7. Diego Cavalieri e Sidão, ambos de 36 anos, são os mais velhos entre todos os contratados da Série A.

Nenhum elenco foi tão reformulado quanto o do Fluminense. De técnico novo (Fernando Diniz, 44), o time tricolor se desfez de 15 jogadores, acertou a chegada de 14 e não está satisfeito.

Ganso e Nenê estão na mira da equipe das Laranjeiras, que tenta se virar em meio a sérias dificuldades financeiras. Até aqui, a maioria dos reforços veio de equipes menores e sem aporte financeiro —Bruno Silva, 32, chegou em troca com o Cruzeiro, e seis foram reintegrados após período de empréstimo.

O meia Paulo Henrique Ganso, 29, é alvo do Fluminense para 2019 - Francois Lo Presti/AFP

​“Como não podemos competir financeiramente com parte do mercado, nós nos reinventamos”, disse o diretor executivo de futebol do clube, Paulo Angioni.

Ele sabe que não tem, por exemplo, o poder de compra do Flamengo. Em 2017, último ano com dados consolidados, o clube rubro-negro gastou R$ 314 milhões no futebol e teve receitas totais de R$ 595 milhões. A arrecadação do Fluminense foi de R$ 227 milhões, com R$ 116 milhões investidos no futebol.

Essa diferença tende a ser maior quando forem contabilizados os números de 2018. Com o modelo de distribuição de verba de direitos de TV estabelecido para 2019, que beneficia Flamengo e Corinthians, o abismo crescerá.

O Fluminense sabe que não pode pagar R$ 63 milhões por um jogador, como o rival da Gávea fez para ter Arrascaeta, 24. O jeito é encontrar saídas criativas para se reforçar.

De acordo com Paulo Angioni, há a preocupação de buscar soluções “sem sair nem um milímetro” do orçamento. “Apesar de ser discreto, gosto de ousar”, afirmou, esperançoso de que a lista de reforços do clube ainda crescerá.

O ritmo frenético nas entradas e saídas das Laranjeiras contrasta com o que foi visto, ao menos até este momento, na Vila Belmiro. O Santos trabalha lentamente para formar o elenco, o que já gerou atrito da direção com o recém-chegado treinador Jorge Sampaoli, 58.

O argentino afirmou que esperava muito mais quando assinou seu contrato e cobrou pressa publicamente. “A expectativa foi expressada ao presidente. Queremos que o que pedimos em curto prazo se concretize. Que isso ocorra logo”, afirmou.

O clube perdeu o zagueiro Robson Bambu, 21, para o Athletico Paranaense e o atacante Gabriel Barbosa, 22, para o Flamengo. O agora ex-volante Renato, 39, trocou o gramado pela sala da diretoria, mas ainda não conseguiu viabilizar grandes negócios.

Só um atleta chegou ao grupo alvinegro. O nome do meia Yeferson Soteldo, de 21 anos, é a íntegra da lista de jogadores entregues pelo presidente José Carlos Peres a Sampaoli.

“Para fechar uma boa contratação, é preciso ter dinheiro. Você não contrata ninguém se não tem o dinheiro na mão. Essa é uma das explicações”, afirmou o dirigente.

“Não é quantidade, é qualidade. Estou vendo muita gente contratar dezenas. Só quero saber o resultado depois”, concluiu Peres.

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