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Caos e erros marcam passagem de Magic Johnson como cartola no Lakers

Equipe conseguiu atrair talentos, mas não encontrou as peças complementares

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Daniel Victor
Los Angeles | The New York Times

Em seus dois anos como presidente das operações de basquete do Los Angeles Lakers, Magic Johnson comandou um time tão caótico, e tão fora dos playoffs, quanto o que ele herdou ao assumir o posto.

O Lakers conseguiu atrair talentos —o que inclui a contratação de LeBron James, que pode vir a mudar a história da franquia—, mas não encontrou as peças complementares ou atrair o segundo superastro que Johnson declarou abertamente estar procurando.

Abaixo, um panorama dos pontos altos e baixos da passagem de Johnson pela presidência do clube.

Uma reforma chocante no comando executivo promove Johnson

Em fevereiro de 2017, depois de quatro temporadas sem ir aos playoffs —a maior seca na história do clube—, o Lakers reformulou seu comando executivo, demitindo o diretor geral Mitch Kupchak e promovendo Johnson à presidência das operações de basquete. Menos de um mês mais tarde, Rob Pelinka, que trabalhou muito tempo como agente, se tornou diretor geral.

Johnson manteve sua ligação com o Lakers, oficial e extraoficialmente, desde que encerrou a carreira, em 1996. Ele teve participação acionária no clube entre 1994 e 2010 e depois disso foi vice-presidente honorário —título de que o Lakers o privou depois que ele violou as regras da NBA contra aliciamento de jogadores ao tuitar sobre "free agents" [jogadores sem vínculos contratuais].

Três semanas antes de ser apontado para seu novo posto, ele havia retornado ao Lakers como assessor de Jeanie Buss, presidente e coproprietária do time. Ela não demorou a fazer uma limpa no comando da organização, ao promover Johnson.

"Todo mundo que está associado ao Lakers agora batalhará pelo mesmo objetivo, um objetivo estabelecido por mim e Earvin", ela disse, usando o nome de batismo de Johnson. "Estamos determinados a voltar a competir e a vencer novos títulos na NBA".

Lakers promoveram à presidência das operações de basquete Magic Johnson à presidência das operações de basquete
Lakers promoveram à presidência das operações de basquete Magic Johnson à presidência das operações de basquete - AFP

Draft de 2017: Lonzo Ball, joias ocultas e a troca de D' Angelo Russell

Dias antes do draft, Johnson decidiu se livrar do dispendioso contrato de Timofey Mozgov; para fazê-lo, ele precisou incluir na troca D'Angelo Russell, que o Lakers havia selecionado com a segunda escolha no draft de 2015. Em troca da dupla, o Brooklyn Nets cedeu Brook Lopez e a 27ª escolha no draft, usada para selecionar o promissor Kyle Kuzma. Mas Russell floresceu no Nets, este ano, chegando ao All Star e conduzindo o time de volta aos playoffs.

A saída de Russell abriu uma vaga como armador principal para Lonzo Ball, que mostrou potencial ofensivo e defensivo mas não satisfez as expectativas que lhe valeram a posição de segundo escolhido no draft. Além de Kuzma, o Lakers se deu bem com a seleção de Josh Hart, na 30ª escolha do draft; ele se tornou peça central do time.

Equipe contratou Lonzo Ball, que mostrou potencial ofensivo e defensivo mas não satisfez as expectativas que lhe valeram a posição de segundo escolhido no draft - USA TODAY Sports

Preparativos para buscar astros

Johnson não escondeu sua intenção de atrair os maiores astros do esporte a Los Angeles, de olho em uma pós-temporada que era vista como decisiva em 2018. O Lakers não se movimentou muito ao final da temporada 2017-2018, a fim de preservar espaço em sua folha de pagamento para a temporada seguinte, limitando-se a contratar Kentavius Caldwell-Pope por um ano.

Na data-limite para trocas, em 2018, o Lakers abriu mão de Jordan Clarkson e Larry Nance Jr., para liberar ainda mais espaço na folha. Johnson disse que as transações indicavam que o Lakers teria espaço na folha e capacidade para contratar dois superastros, por meio de trocas ou como "free agents".

"Eu não teria tomado essa decisão se não confiasse nisso", ele disse, na época.

LeBronJames - e quem mais?

Assinar um contrato longo com LeBron James em 2018 era exatamente o tipo de resultado que o Lakers planejava e de que precisava, despertando expectativas de que o time voltaria aos playoffs e poderia até disputar o título. Mas os "free agents" que o Lakers contratou para cercar o novo astro —Caldwell-Pope, Rajon Rondo, Lance Stephenson, JaVale McGee e Michael Beasley - parecem ter intrigado alguns observadores.

Um otimista poderia defini-los com veteranos com experiência em playoffs. Outros observadores encaravam a situação de modo diferente: um elenco de jogadores que arremessam mal e têm personalidades fortes, e dificilmente se encaixariam bem a James e aos jovens talentos do time.

Essa coleção meio disparatada de jogadores foi montada em parte por o Lakers ter fracassado em atrair seus alvos. Depois de anos de especulação de que Paul George voltaria à sua cidade natal, ele em lugar disso optou por renovar com o Oklahoma City Thunders. O San Antonio Spurs enviou Kawhi Leonard para o Toronto Raptors, na conferência leste. DeMarcus Cousins assinou um contrato de um ano, a preço baixo, com o Golden State Warriors.

Quando a temporada começou, o Lakers fracassou de maneira dramática, estendendo seu recorde de temporadas sem playoffs. Mas manteve espaço na folha para a pós-temporada de 2019, o que representaria nova oportunidade de atrair um segundo astro.

A saga de Anthony Davis

Não havia dúvida de que Anthony Davis interessaria ao Lakers, assim que chegasse ao mercado. James e Davis têm o mesmo agente, e todo mundo via o Lakers como o principal interessado no jogador.

Mas quando o pivô solicitou em público uma troca, em janeiro, ele criou muita confusão para Johnson e o Lakers. Os jogadores do núcleo jovem de Los Angeles - Ball, Kuzma, Hart e Brandon Ingram, o segundo selecionado no draft de 2016 —eram citados constantemente em ofertas de trocas vazadas para a imprensa.

O New Orleans Pelicans fez um esforço para evitar o possível aliciamento de seu jogador, ao anunciar o pedido de troca de Davis. "Também pedimos que a liga aplique severamente as regras contra aliciamento, nessa transação", afirmou o time em comunicado.

Além das conexões de Davis com o Lakers, o time de Los Angeles tem um histórico conhecido de aliciamento, que data dos tuites de Johnson antes de assumir o posto.

Episódios de aliciamento

 

Johnson não foi nada sutil sobre a tentativa de contratar George, em uma entrevista a Jimmy Kimmel em 2017 durante a qual lhe foi perguntado o que faria caso se encontrasse com o jogador em uma ocasião social.

"Bem, diríamos oi, porque nos conhecemos, e você não pode simplesmente convidar o cara para jogar no Lakers; mas eu com certeza vou piscar para ele, como que dizendo 'ei, você sabe o que isso significa'".

O episódio valeu uma advertência da NBA a Johnson, e o Lakers mais tarde foi multado em US$ 500 mil por o que a liga definiu como contrato não autorizado entre Pelinka e o agente do jogador.

Em junho de 2018, Johnson foi multado em US$ 50 mil por comentários sobre Giannis Antetokounmpo, depois de elogiar o astro do Milwaukee Bucks.

Em fevereiro, Ben Simmons, do Philadelphia 76ers, que, como Johnson, joga como armador principal apesar de ser muito alto, solicitou uma reunião com Johnson para pedir dicas. Johnson elogiou o jogador, escolhido como calouro do ano na temporada 2017-2018. Nesse caso, a liga determinou que Johnson não violou as regras contra aliciamento.

Tradução de Paulo Migliacci

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