Descrição de chapéu Pan-2019

Veja em quais esportes Pan vale vagas para Tóquio-2020

Brasileiros disputam, em Lima, classificação para Olimpíada em 14 modalidades

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São Paulo

​​​Se não existem dúvidas sobre a relevância esportiva de cada medalha olímpica conquistada pelos atletas brasileiros, os resultados obtidos por eles nos Jogos Pan-Americanos devem ser avaliados em perspectiva. Afinal, quanto vale o Pan?

A resposta varia conforme o cenário da modalidade no país, a fase em que está seu processo de classificação para os Jogos Olímpicos do ano seguinte e o nível dos concorrentes no continente.

A atleta brasileira Eduarda Amorim é bloqueada pelas tunisianas Ines Jaouadi e Fatma Bouri durante o Campeonato Mundial de Handebol Feminino
A atleta brasileira Eduarda Amorim é bloqueada pelas tunisianas Ines Jaouadi e Fatma Bouri durante o Campeonato Mundial de Handebol Feminino - Carmen Jaspersen - 3.dez.2017/AFP

Por esses motivos, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) não estabelece uma meta de medalhas ou de posição no quadro de classificação para a delegação brasileira nos Jogos de Lima-2019, que começam oficialmente na próxima sexta (26) na capital peruana e vão até o dia 11 de agosto.

“A única certeza é que estamos indo com o que temos de melhor de acordo com a estratégia de cada esporte”, afirma Jorge Bichara, diretor de esportes do COB.

O Pan de Lima concorre com outros eventos importantes do ciclo para a Olimpíada de Tóquio-2020, como o Mundial de Esportes Aquáticos, em andamento na Coreia do Sul. Já os torneios pré-olímpicos do vôlei, no início de agosto, farão as seleções masculina e feminina irem com equipes reservas ao Peru.

Na sequência do Pan ainda serão realizados os Mundiais de canoagem, judô, basquete masculino, atletismo e ginástica, além do evento-teste da vela para os Jogos do Japão.

Nas próximas semanas, o único objetivo declarado do COB será garantir presença em Tóquio nas modalidades em que o Pan possibilita a obtenção de vagas diretamente. 

São 14, incluindo esportes coletivos, como handebol e polo aquático, e individuais, a exemplo de tênis de mesa, tiro com arco e tiro esportivo.

“Nosso Pan não é meia-boca para nenhum país da América. Ninguém está mandando time B ou tratando como mais uma competição no calendário. Para a gente é prioridade”, afirma Marcus Vinicius D’Almeida, 21, principal nome do país no tiro com arco.

A mesa-tenista Bruna Takahashi, 19, participou da Olimpíada do Rio-2016, mas só agora irá para o seu primeiro Pan. Ela terá como inspiração o técnico da equipe feminina, Hugo Hoyama, dono de 15 medalhas de 1987 a 2011 e um dos maiores exemplos de valorização da competição.

“Ele fez a história dele nesses torneios”, afirma Bruna.

No tiro esportivo, que deu a primeira medalha do país na Rio-2016, com Felipe Wu, os brasileiros ainda não conquistaram nenhuma vaga e têm o Pan como melhor oportunidade para fazer isso.

O handebol deve assistir aos tradicionais duelos entre Brasil e Argentina pelo lugar no Japão destinado aos campeões masculino e feminino, com favoritismo brasileiro.

No polo aquático, os principais rivais do time masculino brasileiro serão os EUA. Como as americanas já garantiram presença em Tóquio, as adversárias diretas das brasileiras serão canadenses e cubanas.

Mesmo quem não tem o Pan como prioridade passa longe de desprezá-lo. O ginasta Arthur Nory, 25, medalhista olímpico em 2016, afirma que o evento será importante para que a seleção brasileira entre numa sincronia de equipe e se fortaleça na disputa da vaga olímpica no Mundial da Alemanha, em outubro.

 
 

Ainda que com atenções divididas entre competições, o país terá praticamente força máxima nas suas principais modalidades individuais, como atletismo, natação e vela.

O atletismo, que vive bom momento em provas de pista e de campo, será observado com atenção pelo COB. O comitê cobra evolução após a modalidade conseguir apenas duas medalhas de ouro no Pan de Toronto-2015.

Já judô e ginástica terão que lidar com desfalques importantes. O judoca Rafael Silva, 32, se recupera de uma lesão na mão, e a ginasta Rebeca Andrade, 20, precisou passar recentemente pela sua terceira cirurgia no joelho.

“Lamento muito a ausência da Rebeca. Dói um pouco porque ela é uma lutadora que está enfrentando muitas dificuldades. Para mim seria a principal atleta do Brasil nos Jogos Pan-Americanos e quem sabe será dentro dos Jogos Olímpicos”, diz Bichara.

Nomes que estão entre os melhores do mundo em suas modalidades, entre eles o ginasta Arthur Zanetti, 29, o canoísta Isaquias Queiroz, 25, e o mesa-tenista Hugo Calderano, 23, são candidatos a um papel de destaque em Lima.

Entre as estrelas dos concorrentes está a velocista Shelly-Ann Fraser-Pryce, jamaicana bicampeã olímpica (2008 e 2012) nos 100 m. O nadador dos Estados Unidos Nathan Adrian, 30, cinco vezes medalhista olímpico, e a judoca cubana Idalys Ortiz, que subiu ao pódio três vezes em Jogos Olímpicos, também estarão nos holofotes no Peru.

A diminuição da delegação brasileira em Lima no comparativo com o Pan de 2015 (de 590 atletas para 487) passa pela ausência de equipes em modalidades coletivas. No futebol, o país não terá nenhuma das duas seleções. O mesmo acontecerá com o basquete masculino.

Há quatro anos, pela primeira vez desde 1967, o Brasil superou Cuba no quadro de medalhas, mas mesmo assim não atingiu a segunda posição. Ficou atrás dos EUA, maior potência esportiva mesmo sem mandar vários de seus principais atletas, e do Canadá, que por sediar o evento foi com força máxima na maioria das modalidades disputadas.

Com a competição realizada no Peru, nação que não irá brigar pelas primeiras posições, a tendência é que cubanos, brasileiros e canadenses travem uma disputa acirrada pela melhor posição possível para os países que não se chamam Estados Unidos.

Se o Brasil voltará a ocupar a vice-liderança, algo que só conseguiu em 1963, quando São Paulo sediou o Pan-Americano, ou baterá o recorde de 52 medalhas de ouro obtidas na edição do Rio, em 2007, são perguntas que as próximas semanas responderão.

Independentemente do que aconteça no Pan do Peru, Bichara pede cautela.

“É importante que a análise ao final dos Jogos leve em consideração a estratégia de cada confederação. Não ter resultado nos Jogos Pan-Americanos não significará que as modalidades estão mal.”

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