O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou neste domingo (17) que haverá uma reunião na primeira semana de dezembro com a FOM (Formula One Management) para negociar a renovação do contrato do GP Brasil, em Interlagos, por mais dez anos. O atual acordo vencerá no final de 2020.
O encontro na sede da empresa irá reunir representantes do governo do estado e da prefeitura juntamente com a FOM, braço comercial da F-1 e que pertence ao grupo norte-americano Liberty, para fechar o contrato.
Para garantir a presença da F-1 na cidade de São Paulo, Doria admitiu que vai pagar a taxa de promotor. Esse valor não é fixado pela FOM e varia entre os GPs. O governador e Orlando Faria, secretário da Casa Civil da prefeitura de São Paulo, não revelaram o valor que será oferecido.
O atual vínculo entre São Paulo e a FOM, assinado em 2014, na época em que Bernie Ecclestone presidia a empresa, não prevê o pagamento desta taxa. A FOM, sob comando de Chase Carey, não irá abrir mão de receber este valor.
“Não há [o pagamento da taxa], mas haverá. A negociação é uma ação conjunta entre prefeitura e o governo do estado. Vamos buscar o apoio do setor privado”, disse Doria, que demonstrou otimismo com as negociações.
“Estamos evoluindo com o Chase Carey e com FOM e, se tudo correr bem, quem sabe já em dezembro poderemos anunciar o novo contrato”, completou.
Essa é a terceira entrevista coletiva convocada por Doria para reiterar o interesse de São Paulo em manter a F-1. Dos 48 grandes prêmios realizado no Brasil, 38 aconteceram no autódromo de Interlagos.
A negociação entre São Paulo e a FOM começou desde o final da corrida de 2018. Além da necessidade de pagar a taxa, São Paulo enfrenta concorrência do Rio de Janeiro. Em maio deste ano, o presidente Jair Bolsonaro assinou acordo de cooperação para levar a F-1 para a capital carioca. Carey não descartou a negociação com o Rio de Janeiro.
“Temos vários parceiros interessados, apreciamos esse interesse. Mas não vamos comentar sobre as discussões, que são privadas”, afirmou o CEO da FOM.
“Nossos acordos têm vários aspectos sobre eles, não são apenas sobre a taxa, temos muitos elementos que entram em um acordo, são bastante complexos, queremos ter certeza de que estamos dando a melhor corrida para os fãs.”
Apesar do desejo de São Paulo anunciar o novo acordo em dezembro, Chase Carey afirmou que a negociação pode se arrastar até agosto do ano que vem.
“Nós temos que definir o calendário da temporada 2021 até agosto”, enfatizou.
Durante esse impasse com a FOM, Doria se indispôs inclusive com o presidente Jair Bolsonaro. Há cinco meses, Bolsonaro disse que a chance de a Fórmula 1 ser realizada no Rio de Janeiro a partir de 2021 era de praticamente 99%. “A imprensa diz que ele [Doria] será candidato a presidente em 2022. Então, tem que pensar no Brasil, e não no seu estado”, disse Bolsonaro em junho deste ano.
O empresário JR Pereira, que representa o consórcio Motorsports, também recebeu neste ano visita no Rio de Janeiro de Carey e da diretora de relações comerciais da FOM, Chloe Targett-Adams.
A Motorsports ganhou uma licitação, em maio, para construir um autódromo na Floresta de Deodoro, zona oeste da cidade carioca, orçado em R$ 697 milhões. A construção, no entanto, não começou por causa da falta de estudo sobre o impacto ambiental.
Doria evitou fazer comentários sobre o Rio de Janeiro. “Não vim entrar em debate com o governador Witzel e com o presidente Bolsona, a quem respeito”, disse o governador paulista. “Prefiro não fazer comentários sobre o Rio de Janeiro, exceto sobre a vocação da cidade para receber shows, o Rock in Rio é um exemplo disso. O melhor lugar para F-1 é em São Paulo.”
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