Com melhor 1º e piores rebaixados, Brasileiro-19 é o mais desigual

Nunca, no sistema atual, foi tão grande a diferença entre primeiros e últimos

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São Paulo

O Campeonato Brasileiro de 2019, encerrado no último domingo (8), foi o mais desequilibrado desde a adoção do sistema atual de disputa, pontos corridos com 20 clubes, em 2006.

Levantamento feito pela Folha, com base na classificação da competição nas edições realizadas desde aquele ano, mostra uma discrepância inédita entre os primeiros e os últimos colocados.

A diferença é puxada pelo Flamengo, que bateu o recorde de pontos nesse formato, com 90. Some-se à campanha histórica do campeão –com impressionantes 78,9% de aproveitamento– o péssimo desempenho do lanterna Avaí, que obteve apenas 20 pontos, e o resultado é a maior distância entre os extremos da tabela.

Flamengo e Avaí terminaram o Brasileiro com uma distância de 70 pontos
Flamengo e Avaí terminaram o Brasileiro com uma distância de 70 pontos - Reuters

Foi de 70 pontos o abismo entre o primeiro e o último colocados. O número supera com folga a maior marca registrada anteriormente, os 60 de 2007. Naquele ano, o campeão São Paulo terminou o torneio com 77 pontos, contra 17 do América-RN –ainda hoje, a pior performance de qualquer equipe na série iniciada em 2006.

A disparidade também é inédita se a comparação é ampliada para o grupo dos primeiros versus o grupo dos últimos. Basta observar que a edição deste ano do Brasileiro teve o primeiro, o segundo e o terceiro colocados com mais pontos. Flamengo, Santos e Palmeiras totalizaram 238 pontos, 16 a mais do que o recorde anterior da trinca do topo (222, em 2016).

Na parte de baixo, o 16º, o 17º e o 18º quebraram recordes negativos. O penúltimo teve a terceira pior pontuação da posição, e o lanterna teve a segunda pior. O grupo dos quatro rebaixados totalizou 120 pontos, superando negativamente a marca de 2012 (135).

Confrontar a pontuação média de cada colocação ao longo dos anos e a verificada em 2019 é ilustrativo (veja gráfico). A pontuação de cada um dos seis primeiros colocados deste ano foi significativamente superior à média. Já o número alcançado por cada um dos últimos sete colocados ficou abaixo da média.

Tamanha concentração de pontos no topo da classificação teve consequências originais. Nenhum time jamais havia escapado do rebaixamento com 39 pontos, feito agora obtido pelo Ceará. E os três pontos conquistados nas cinco rodadas derradeiras nem eram necessários: o time teria escapado até com 36, pois levaria vantagem no desempate sobre o degolado Cruzeiro, 17º lugar, por ter mais vitórias.

Até 2019, a menor marca de uma equipe que não caiu tinha sido a do Palmeiras, 16º colocado do Brasileiro de 2014, com 40 pontos. Em geral, a nota de corte é mais alta. Em 2009, por exemplo, o Coritiba somou 45 pontos e mesmo assim teve de disputar a Série B do ano seguinte.

Na parte de cima, a nota de corte subiu. Com 74 pontos cada um, Santos e Palmeiras tiveram de se contentar, respectivamente, com o vice-campeonato e o terceiro lugar neste ano. O número teria sido suficiente para o título em 2009, 2010, 2011 e 2017.

A disparidade entre melhores e piores teve ainda como resultado uma rodada final esvaziada. Já estavam decididos o título, as vagas na Copa Libertadores e três dos quatro rebaixados. Faltava a definição do último degolado, indesejado posto que acabou com o Cruzeiro. No ano passado, na última rodada, ainda havia um espaço na Libertadores e dois na Série B.

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