Espinosa foi mentor de Renato e de técnico argentino finalista de Copa

Morto aos 72 anos, gaúcho comandou Alejandro Sabella no Grêmio, na década de 1980

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São Paulo

Renato Gaúcho sempre fez questão de exaltar o homem responsável por lhe dar sua primeira grande oportunidade no futebol. Em 1980, o jovem ponta direita chegava ao Grêmio recomendado pelo então técnico tricolor, Valdir Espinosa.

"Muita gente fala: 'Ahh, eu descobri o Renato, trouxe o Renato'. Tudo mentira. Quem me descobriu e quem me trouxe foi o Espinosa", conta o hoje treinador gremista.

Renato Gaúcho e Valdir Espinosa, técnico e coordenador, respectivamente, do Vasco, no ano de 2007
Renato Gaúcho e Valdir Espinosa, técnico e coordenador, respectivamente, do Vasco, no ano de 2007 - Airton Soares/Folhapress

Nesta quinta-feira (27), Renato perdeu o seu grande mentor e parceiro. Aos 72 anos, Valdir Espinosa, campeão da Libertadores e do mundo com o clube gaúcho em 1983, morreu em decorrência de complicações após uma cirurgia no abdômen.

"Perdi meu segundo pai, meu irmão mais velho, meu exemplo, meu grande e fraterno amigo. Foi pelas suas mãos que cheguei ao Grêmio e consegui dar para a minha família tudo que sempre quis. Tenho certeza que ele sempre estará nos olhando, cuidando e guiando. Vai com Deus meu grande amigo", afirmou o técnico nesta quinta, por meio de sua assessoria.

A relação especial entre os dois precede os anos de glória do Grêmio na década de 1980.

Lateral direito, Espinosa teve carreira curta como jogador. Revelado em 1970 e formado nas categorias de base gremistas, atuou por apenas oito anos, com passagens por CSA, Esportivo de Bento Gonçalves e Vitória, até encerrar a carreira em 1978.

Em 1979, um ano após a aposentadoria, iniciou sua trajetória como treinador no Esportivo. No clube, conheceu um tal Renato Portaluppi, ponta direita que despontava nas categorias de base do time da serra gaúcha.

Com Espinosa no comando, Renato estreou no futebol profissional. Foi justamente contra o Grêmio, no estádio Olímpico, em 12 de agosto de 1979. A equipe tricolor venceu por 3 a 0, gols de Tarciso, Éder Aleixo e Baltazar.

O Esportivo fez uma campanha surpreendente no Campeonato Gaúcho daquele ano e terminou a competição como vice-campeão. Renato fez cinco jogos no torneio.

No ano seguinte, Valdir Espinosa chegou ao Grêmio como auxiliar técnico de Oberdan Vilain. Com a demissão do treinador, foi efetivado no cargo e indicou à diretoria tricolor a contratação de Renato.

O descobridor do ponta direita ainda passou por Londrina e Ceará, onde conquistou os estaduais de 1980 e 1981, antes de retornar ao Grêmio, em 1982, para iniciar sua passagem mais vitoriosa na carreira, coroada pelos títulos da Libertadores e do Mundial. Diante do Hamburgo (ALE), em Tóquio, o ponta marcou os dois gols da vitória por 2 a 1, que deram ao clube tricolor a sua primeira e única taça intercontinental.

A parceria foi repetida em outras equipes, inclusive fora das quatro linhas, já com Renato na condição de técnico depois de sua aposentadoria como jogador, em 1999. A dupla trabalhou junto em Fluminense e Vasco —Espinosa de auxiliar do pupilo.

O último trabalho em conjunto foi há quatro anos, quando se reencontraram no Grêmio. Ambos foram contratados no mesmo momento. Renato, para ser o treinador, e Espinosa, como coordenador técnico. Mais uma vez, ajudaram o clube a erguer uma taça, com a conquista da Copa do Brasil de 2016. No ano seguinte, Valdir Espinosa foi demitido, e Renato levou o time ao título da Libertadores.

"Sempre foi uma pessoa que esteve presente na minha vida, mesmo depois que eu parei de jogar. Ele foi fundamental [para mim]", afirma o hoje treinador.

Renato não foi o único técnico de sucesso que absorveu de Espinosa conceitos e ensinamentos para a carreira de técnico.

Sabella comemora gol da Argentina na Copa do Mundo de 2014, disputada no Brasil
Sabella comemora gol da Argentina na Copa do Mundo de 2014, disputada no Brasil - Sergio Moraes/Reuters

Vice-campeão com a Argentina na Copa do Mundo de 2014, Alejandro Sabella também aprendeu com o gaúcho e transferiu o que acumulou nessa vivência para o seu trabalho no comando das equipes.

O primeiro contato entre eles foi em 1983, quando o Grêmio enfrentou o Estudiantes (ARG) de Sabella pela Libertadores, jogo que ficou conhecido como "Batalha de La Plata", no qual os gaúchos terminaram com sete jogadores e arrancaram um empate em 3 a 3.

Impressionado com o talento do meio-campista, Espinosa pediu a contratação do argentino, que defendeu o Grêmio por duas temporadas, em 1985 e 1986. Estreou contra o Cruzeiro, no Mineirão, onde 24 anos depois seria campeão continental como técnico do Estudiantes sobre o mesmo adversário.

Campeão da América, Sabella citou Valdir Espinosa como uma de suas referências, ao lado de nomes como Carlos Bilardo e Ángel Labruna, treinadores históricos do futebol argentino.

"De Valdir Espinosa, no Grêmio, fiquei com uma frase: 'O futebol é uma luta pelos espaços, e quem melhor e mais rápido os ocupa, ganha", disse o argentino à revista El Gráfico, em 2010.

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