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Sem torcida, Bundesliga termina com domínio dos times visitantes

Em 72 jogos na retomada, eles venceram 33, contra 20 triunfos dos mandantes

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São Paulo

Nas primeiras rodadas de retomada da Bundesliga após a paralisação por conta da pandemia da Covid-19, os times visitantes registraram um número considerável de vitórias, o que já indicava que a ausência de torcida nos estádios poderia representar uma vantagem para quem joga fora de casa.

A competição, que teve o Bayern de Munique campeão pela oitava vez consecutiva, terminará neste sábado (27) com essa impressão consolidada pelas estatísticas. Dos 72 jogos disputados em oito rodadas, os visitantes venceram 33 (46%), contra 20 triunfos dos mandantes (28%). Foram 19 empates.

Antes da pausa, o aproveitamento médio dos mandantes no Campeonato Alemão em 25 rodadas era de 50,2% dos pontos em disputa. Desde a volta do torneio, esse índice caiu para 36%.

Equipes que ocupam as primeiras colocações da tabela e que buscam confirmar vagas em competições europeias da próxima temporada obtiveram um número considerável de pontos fora de casa e contribuíram decisivamente para essa queda, em uma liga cujo desempenho dos anfitriões já não era muito alto.

Bayern de Munique e Borussia Dortmund, líder e vice-líder, respectivamente, venceram todos os seus quatro compromissos como visitantes desde a 26ª rodada, quando a Bundesliga foi retomada. Os bávaros ainda jogam fora pela 34ª rodada, contra o Wolfsburg, e poderão conquistar seu 13º triunfo como visitante, igualando o número de vitórias atuando na Allianz Arena nesta temporada.

O RB Leipzig, terceiro colocado, também venceu as três partidas que jogou longe de seu estádio. O quinto colocado, Bayer Leverkusen, que entrou em campo cinco vezes como visitante desde a volta do campeonato, venceu três e empatou uma fora de seus domínios.

Na última rodada da liga, que será inteiramente disputada neste sábado, nem se todos os mandantes vencerem serão capazes de igualar a média de antes da pausa. Ficariam com 43,6% de aproveitamento.

Um estudo da Universidade de Reading, na Inglaterra, analisou todos os jogos disputados com portões fechados nas cinco principais ligas europeias entre a temporada 2002/2003 e abril de 2020 –a grande maioria nos campeonatos da França e da Itália.

Segundo o estudo, a média de vitórias dos mandantes caiu de 45,8% em jogos com torcida para 36% na ausência de torcedores. Os visitantes, que antes venciam apenas 25,9% das partidas, passaram a triunfar em média 33,5% das vezes com portões fechados.

"Eu não acho que seja uma coincidência. É mais fácil para os times visitantes quando não há torcedores no estádio. Sem torcida, o jogo fica mais resumido à qualidade dos jogadores", opinou Peter Bosz, técnico do Bayer Leverkusen.

"Times com qualidade técnica maior são menos dependentes do apoio [da torcida]. Isso cria uma desvantagem maior para alguns times", disse Adi Huetter, treinador do Eintracht Frankfurt, nono colocado e que somou, desde a paralisação, apenas uma vitória em casa, com duas derrotas e um empate.

Além da ausência de torcedores nas arquibancadas, como parte do protocolo sanitário de retorno da liga, outra novidade na volta do Alemão foi o aumento no número de substituições, permitindo às equipes que fizessem até cinco alterações por jogo, uma forma de tentar preservar os atletas de lesões depois de ficarem algum tempo inativos em razão da pandemia.

A média de substituições desde a paralisação é de oito trocas por partida. Somente em 14 dos 72 jogos houve sete alterações ou menos (esse recorte mostra quando pelo menos um dos técnicos envolvidos no confronto não usufruiu da nova regra).

Nos outros 58 jogos, o que representa 80,5% das partidas pós-paralisação, houve mais de oito substituições, ou seja, compromissos em que os dois clubes aproveitaram o aumento permitido de alterações para rodar mais a equipe durante os 90 minutos.

Levantamento da Folha mostra que a média de gols nessas oito últimas rodadas foi maior nos confrontos que tiveram mais substituições.

Nos 14 jogos que registraram apenas sete trocas ou menos, a média foi de 2,28 gols por jogo. Nas 58 partidas com oito ou mais alterações, o índice sobe para 3,18 gols por jogo.

A média é ainda maior se considerados somente os duelos que tiveram dez substituições. Em 20 partidas com esse número, foram 3,9 gols por jogo.

Alguns desses confrontos em que as equipes atingiram o máximo permitido de trocas tiveram goleadas expressivas: Mainz 0 x 5 Leipzig, Bayern 5 x 0 Fortuna Düsseldorf, Paderborn 1 x 6 Borussia Dortmund e Paderborn 1 x 5 Werder Bremen, além de 12 jogos nos quais foram anotados pelo menos quatro gols.

Já a média geral de gols caiu após a paralisação. Antes, nas 25 rodadas disputadas até a interrupção por conta da Covid-19, o índice era de 3,24 gols por jogo. Agora, da 26ª rodada até a 33ª, a média é de 3,01 gols por jogo.

Para igualar a média pré-pandemia, a 34ª rodada do Campeonato Alemão teria que registrar 46 gols nos nove jogos restantes. Nenhuma rodada da competição teve número tão alto –o máximo foi de 35 gols, na décima rodada.

Quem não parece ter sentido os efeitos da paralisação é o atacante polonês Robert Lewandowski, artilheiro da liga com 33 gols em 30 partidas. Antes da pausa, sua média já era alta, de 1,08 gol por jogo (25 gols em 23 partidas). Após a retomada, ele anotou oito vezes em sete jogos, a elevando para 1,14.

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