Descrição de chapéu The New York Times

Amistosos mostram qual será a cara da NBA na pandemia

Liga americana de basquete será retomada na próxima quinta (30), em 'bolha' na Disney

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Marc Stein
Lake Buena Vista (Flórida) | The New York Times

Kawhi Leonard, do Los Angeles Clippers, foi o primeiro jogador a entrar em quadra na quarta-feira (22), para o primeiro bola ao alto da NBA em mais de quatro meses –sem esperar que o locutor começasse a apresentar as equipes titulares.

O improviso foi um dos muitos aspectos que podemos caracterizar como nada tradicionais, no retorno tão aguardado da NBA. Sem torcedores nas arquibancadas, com proteções de plástico transparente em torno da posição dos mesários, e o Orlando Magic jogando como visitante apesar de estar a apenas 37 quilômetros de seu ginásio, os Clippers, de Leonard, venceu por 99 a 90 um jogo de ritmo previsivelmente lento, depois de uma parada tão longa. O jogo também não valia para a classificação, mas foi uma ocasião significativa mesmo assim.

Foi a primeira vez que dois times da NBA estiveram juntos em quadra desde a abrupta suspensão da temporada, em 11 de março, depois que Rudy Gobert, do Utah Jazz, foi apanhado em um exame de coronavírus pouco antes de uma partida contra o Oklahoma City Thunder.

Depois de meses de negociações, preparativos e debates sobre a viabilidade de retomar o campeonato e de continuar realizando jogos de um esporte de contato e jogado em espaços fechados em meio a uma pandemia, a liga deu um passo que considera importante para seu retorno, realizando quatro jogos-treinos, 15 dias depois que os times começaram a chegar ao complexo em que estão hospedados no Walt Disney World.

Vinte e dois times foram convidados para se hospedar, treinar e jogar dentro de uma suposta “bolha”, com acesso severamente restrito, no Disney World, perto de Orlando, Flórida.

O objetivo é completar uma temporada que muita gente na liga temia não pudesse ser salva. Cada time participará de três jogos-treinos como esse antes que o New Orleans Pelicans encare o Jazz em 30 de julho, dando início a uma série de 88 partidas que conduzirá aos playoffs.

A quarta-feira, portanto, foi um teste para a NBA assim como para os jogadores, naquilo que muita gente encara como a empreitada mais ambiciosa na história da organização.

“Assim que você entra em quadra, pode argumentar que esse é o máximo de conforto que os jogadores terão”, disse o treinador dos Clippers, Doc Rivers. “Dá para ver que o pessoal está enferrujado, claro, mas para eles é como estar de volta ao seu habitat natural."

Muita coisa exótica era visível, no retorno da NBA, com períodos de 10 minutos em lugar dos 12 minutos habituais, silêncios longos no momento dos lances livres e música e ruídos sintetizados de torcida tocados para ocupar o vazio.

O clima lembrava um pouco o da liga de verão da NBA em Las Vegas, mas os primeiros momentos de basquete competitivo jogados dentro da bolha pareceram transcorrer sem incidentes, com Lou Williams (22 pontos) e Paul George (18) liderando os Clippers. Nikola Vucevic marcou 18 pontos e conquistou 10 rebotes para o Magic.

A NBA decidiu reforçar a mensagem de um recomeço, se tomarmos por base as numerosas placas espalhadas pela arena e exibindo seu slogan #WholeNewGame. Sem a gritaria dos torcedores, o diálogo entre os jogadores era mais audível durante pausas nos sons tocados pelos alto-falantes das arenas, apesar dos gritos pré-gravados de “defesa, defesa”.

“Não há a energia da torcida, e por isso a energia terá de vir dos jogadores”, disse Joakim Noah, o pivô titular dos Clippers na quarta-feira. (Os Clippers não contavam com o ala/pivô Montrezl Harrell e o pivô Ivica Zubac, e nem com os armadores Patrick Beverley e Landry Shamet; Harrell e Beverley deixaram o time recentemente para resolver assuntos pessoais.)

Cerca de 200 pessoas estavam presentes, incluindo os dois times, o pessoal de operações do jogo, representantes da liga, três operadores de câmera (para complementar as diversas câmeras robotizadas), e o pequeno número de repórteres autorizados a assistir.

O principal local de jogo, entre os três em uso na retomada, é um ginásio com capacidade para 8.000 torcedores chamado simplesmente de Arena, no ESPN Wide World of Sports Complex.

O nome insosso oculta as medidas de segurança e os avanços tecnológicos que a liga instalou, em seus esforços para proteger os participantes contra o coronavírus e, com sorte, compensar a perda de atmosfera gerada pela ausência da torcida.

Reggie Jackson, jogador dos Clippers, de branco, faz uma bandeja
Jogo entre Los Angeles Clippers e Orlando Magic inaugurou a espécie de pré-temporada para retomada da liga - NBAE/Getty Images

Telões eram abundantes nos três lados da quadra visíveis pelos telespectadores, especialmente por trás das cestas. Os bancos dos times foram substituídos por três fileiras de cadeiras montadas em pedestais elevados, respeitando as regras de distanciamento social –com lugares específicos para cada jogador.

Os assentos na mesa dos mesários, entre os dois bancos e dentro da proteção plástica, também são espaçados de forma a encorajar o respeito ao distanciamento social, da mesma forma que os assentos reservados aos repórteres.

Os Clippers chegaram às 12h para o jogo que começaria três horas mais tarde e fizeram um aquecimento. O Magic apareceu cerca de uma hora depois, e optou por fazer uma caminhada coletiva no hotel em que está hospedado, na manhã do jogo. Steve Clifford, o treinador do Magic, disse que as condições “não são diferentes das de um jogo normal fora de casa”.

O jogo-treino entre o Washington Wizards e o Denver Nuggets, no HP Field House, um ginásio menor nas imediações, começou meia hora depois da partida entre Magic e Clippers. Por conta de múltiplas lesões e da ausência de jogadores, Mike Malone, o treinador do Denver, escalou seu pivô titular, Nikola Jokic, como armador, formando um time muito alto composto apenas por alas (Paul Millsap) e pivôs (Mason Plumlee e Bol Bol).

Em uma era caracterizada por times formados por jogadores menores, Malone não gostaria de usar um time assim alto em um jogo oficial, mas os jogadores encontraram alguma normalidade em meio a todas as novidades da quarta-feira.

“Parece que a temporada voltou”, disse Ish Smith, armador do Washington. “Acho que os caras estão retomando o ritmo, e sabem que é para valer, agora."

Tradução de Paulo Migliacci

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