Raí defende Fernando Diniz e diz que São Paulo nada contra uma cultura

Para executivo de futebol, percepção negativa é gerada por longo jejum de títulos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Após a goleada sobre o Flamengo, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro, no último domingo (1º), Raí imaginou que teria pelo menos algumas semanas de paz no cargo de executivo de futebol do São Paulo. A tranquilidade durou três dias.

Raí (à esq.) e o técnico Fernando Diniz conversam durante treino do São Paulo
Raí (à esq.) e o técnico Fernando Diniz conversam durante treino do São Paulo - Rubens Chiri/saopaulofc.net

Na quarta-feira (4), o time tricolor venceu o Lanús (ARG) por 4 a 3 no Morumbi, mas acabou eliminado da Copa Sul-Americana. A equipe fez o gol que seria o da classificação aos 44 do segundo tempo. Dois minutos mais tarde, o rival argentino marcou e avançou às oitavas de final pelo critério do gol marcado fora de casa.

"Foi um golpe duro. Eles [do Lanús] foram para o tudo ou nada no finalzinho e fizeram o gol. Isso nos deixou arrasados emocionalmente", afirma o dirigente que, como jogador, foi um dos maiores ídolos da história do clube, líder do elenco bicampeão da Libertadores e Mundial em 1992 e 1993.

Neste sábado (7), às 19h, o São Paulo recebe o Goiás no Morumbi, pelo Brasileiro. A equipe começa a 20ª rodada a cinco pontos do líder Internacional, mas com três jogos a menos.

A queda na Sul-Americana fez com que as críticas ao trabalho do técnico Fernando Diniz reaparecessem. O treinador está no cargo desde setembro do ano passado e tem o trabalho mais longevo entre os grandes do estado.

Principal fiador do comandante, Raí reconhece que a pressão já "chegou perto do limite", mas não considera a possibilidade de demiti-lo. Seria o caminho que a maioria dos times escolheria, mas ele diz que enquanto estiver no clube não tem a intenção de que isso aconteça.

"Trata-se de nadar contra uma cultura. Temos de fazer o nosso trabalho e perceber o que as pessoas [fora do clube] não enxergaram ainda. Há um ponto de dificuldade no São Paulo, que é estar há muito tempo sem ser campeão. Isso tudo dá uma dimensão ainda maior. Mas há a necessidade de resistir, de ter ousadia e coragem", afirma o executivo.

Questionado sobre já ter ouvido pedidos de diretores para trocar o treinador, Raí desconversa. Este é um ano eleitoral no Morumbi. Em dezembro, será escolhido o novo presidente, e os resultados em campo se voltam contra a atual diretoria, comandada por Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.

"Você nunca vai ter unanimidade entre conselheiros, diretoria. Mesmo decepcionados, nós fazemos questão de ressaltar o trabalho que tem sido feito. A gente quer transformar isso em resultados", declara Raí.

O São Paulo não ganha um título desde 2012. É o maior jejum do clube desde os 13 anos entre as conquistas estaduais de 1957 e 1970. Após a vitória na final da Sul-Americana, há oito anos, o time foi eliminado 22 vezes em torneios de mata-mata. Em alguns deles por rivais de pouca expressão, como Mirassol, Penapolense, Colón (ARG) e Defensa y Justicia (ARG).

Esse retrospecto pesa e Raí sabe disso. Por isso que o cartola tem na ponta da língua o que considera as virtudes do trabalho de Fernando Diniz. Um dos argumentos do executivo de futebol é que o São Paulo jogou, no segundo tempo diante do Lanús, um futebol até melhor do que mostrado contra o Flamengo, quando venceu por 4 a 1.

"O time tem um leque muito grande de possibilidades táticas, de variações, de organização do time, uma filosofia definida e um jogo bonito. Diniz cria possibilidades no dia a dia e isso é possível observar", elogia Raí.

O fato de o São Paulo ter sofrido o terceiro gol de um time que havia voltado a jogar uma semana antes (depois de ficar parado por sete meses), quando bastava segurar a partida por mais quatro minutos, é visto em parte como falta de sorte pelo dirigente.

Ele também ressalta que Diniz assumiu o São Paulo em um momento financeiro delicado. O elenco teve apenas uma contratação, a de Daniel Alves, no ano passado, quando o treinador era Cuca. Foi uma aquisição cara, cerca de R$ 1,2 milhão por mês, que o clube esperava financiar com patrocinadores que ainda não apareceram. Além disso, o técnico recebeu como reforço o atacante Luciano, trocado com o Grêmio por Everton.

Dos 14 atletas usados por ele em sua estreia, no empate com o Flamengo pelo Brasileiro do ano passado, 12 ainda estão no elenco são-paulino. Saíram apenas Antony (negociado com o Ajax-HOL) e Hudson, emprestado ao Fluminense.

Para Raí, Diniz é o responsável pela recuperação de Brenner, 20, artilheiro da equipe em 2020, com 14 gols. "Ele também lançou Diego Costa, [Gabriel] Sara e está preparando outros garotos da base, como o [Rodrigo] Nestor", diz, se referindo ao meia de 20 anos promovido pelo técnico neste ano ao time profissional.

Na relação dos 11 titulares usados diante do Lanús, cinco foram revelados pelo São Paulo (Diego Costa, Gabriel Sara, Luan, Igor Gomes e Brenner).

Mas o maior desafio de Raí como defensor de Fernando Diniz não é nem convencer os torcedores furiosos nas redes sociais. Será a eleição no São Paulo, em que Julio Casares e Roberto Natel vão se enfrentar pela presidência com a bandeira de mudanças em vários setores da agremiação. O futebol, entre eles.

"Trabalho muito para que as pessoas percebam o potencial do trabalho. Não temos títulos e isso incomoda, claro. Tivemos eliminações duras, mas a curva do São Paulo é ascendente e vou fazer de tudo para mostrar às pessoas que muita coisa [boa] pode vir ainda", afirma.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.