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Lesões de astros prejudicam quase todos os favoritos ao título da NBA

Após três quartos da temporada regular, times sofrem com perdas de grandes jogadores

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Marc Stein
The New York Times

Três quartos da temporada regular da NBA foram concluídos nesta semana, e isso cria um momento oportuno para tentar identificar o favorito ao título.

Mas a tarefa seria muito mais fácil, infelizmente, se alguém pudesse me informar quem entre os candidatos ao título terá um elenco saudável em junho e julho.

Os prognósticos não pareciam complicados em dezembro, quando o Los Angeles Lakers aparentava ser uma escolha segura para o bicampeonato, mas os cálculos se complicaram muito, agora que chegamos aos 25% finais da temporada.

A culpa é o desgaste de um torneio caracterizado por numerosos adiamentos de jogos, protocolos de saúde e segurança intermináveis, e ginásios que passaram meses em geral vazios, tudo isso agravado por lesões em alguns dos jogadores mais importantes da liga.

Na noite de segunda-feira (12), no mesmo jogo em que Stephen Curry superou Wilt Chamberlain como o maior cestinha da história dos Warriors, Jamal Murray, do Denver Nuggets, despencou no minuto final depois de cair de mau jeito ao se apoiar em seu pé esquerdo. O diagnóstico decepcionante que surgiu na manhã de terça foi o de um rompimento no ligamento cruzado anterior, confirmando os temores de muitos observadores no momento da lesão. Para Murray, a temporada acabou.

Jamal Murray sai de quadra amparado após sofrer grave lesão nesta semana
Jamal Murray sai de quadra amparado após sofrer grave lesão nesta semana - Ezra Shaw - 11.abr.21/AFP

“Há jogadores demais se machucando, por conta da temporada comprimida”, tuitou Josh Hart, do New Orleans Pelicans, depois da lesão de Murray.

Ele mesmo afastado das quadras por uma cirurgia recente no dedão, Hart incluiu na mensagem um emoji que expressava decepção, e acrescentou esperar que a liga não volte a fazer isso”.

“Isso” quer dizer uma temporada regular de 72 partidas comprimida entre 22 de dezembro e 16 de maio, por conta de uma temporada 2019/2020 que só terminou em outubro em função da interrupção causada pela pandemia do coronavírus, e que foi seguida pelas férias mais curtas da história da NBA.

A liga e o sindicato dos jogadores chegaram a um acordo quanto ao calendário, com um forte empurrãozinho dos parceiros televisivos da NBA, que desejavam desesperadamente iniciar a temporada 2020/2021 na semana do Natal.

A pausa curta deveria ajudar a maximizar a receita, depois que a temporada passada arrecadou US$ 1,5 bilhão a menos que o previsto, e posicionaria a temporada 2021/2022 para retornar ao seu calendário usual entre outubro e junho. O plano também foi preparado para permitir que o campeonato da NBA terminasse antes da Olimpíada de Tóquio, que começa no final de julho.

Mas os rigores do final da última temporada, disputado em um ambiente de bolha, combinados ao retorno rápido dos jogos na nova temporada e a um calendário comprimido por conta da olimpíada, geraram temores, semelhantes aos expressados por Hart, de um risco ampliado de lesões.

Não está claro que tenham sido esses os fatores que intensificaram o número de lesões na atual temporada, mas muitos times acreditam que eles sejam a causa, mesmo sem dispor de dados que o confirmem.

Diversos times com que falei afirmaram que a combinação de um calendário denso, exigências de viagem e exames diários de coronavírus, na temporada atual, reduz o tempo de repouso dos jogadores e aumenta o risco de lesões.

Um estudo publicado pelo Journal of Science and Medicine in Sport em setembro de 2016 indicava que jogos em noites consecutivas e quatro jogos disputados em cinco dias não apresentavam correlações com um número mais elevado de lesões. Os times estão jogando uma média de 3,6 jogos por semana nesta temporada, ante 3,42 na temporada anterior, e realizam 15% menos viagens aéreas, de acordo com dados fornecidos pela NBA.

É um desafio eterno para os times e para aqueles que buscam acompanhar as tendências quanto a lesões atribuir uma determinada lesão ao tempo ao uso excessivo de um jogador. Algumas das lesões mais notáveis da temporada, como a torção de tornozelo de LeBron James depois de uma colisão com Solomon Hill, do Atlanta Hawks, parecem ter sido completamente acidentais.

O mesmo vale para lesões sofridas depois de quedas duras por dois dos estreantes mais elogiados da liga, LaMelo Ball (pulso), do Charlotte Hornets, e James Wiseman (joelho), do Golden State Warriors. Hart machucou o dedão quando sua mão direita bateu no aro da cesta durante uma tentativa de enterrada.

Mas há muitos dos nomes mais conhecidos da NBA nas listas de lesionados, e isso reforça a sensação de uma crise. Um estudo dos oito times que detinham as melhores campanhas da liga até a terça-feira (13) mostram que apenas dois deles –Utah Jazz e Phoenix Suns– não estavam enfrentando lesões sérias em jogadores importantes.

Los Angeles Lakers

Os Lakers, depois de iniciarem a temporada como francos favoritos a um novo título, desfrutaram dessa condição por cerca de dois meses, antes de perder Anthony Davis (tendão de aquiles e panturrilha), em fevereiro, e James (tornozelo), em março. Os Lakers venceram apenas 6 de seus últimos 15 jogos, já que não contam com os dois pilares de seu time.

Brooklyn Nets

Os Nets eram amplamente apontados como o ataque mais poderoso na história da NBA, depois de adquirir James Harden do Houston Rockets, em 14 de janeiro. O problema é que eles mal tiveram oportunidade de demonstrar suas verdadeiras capacidades, porque Harden, Kevin Durant e Kyrie Irving só jogaram juntos durante 186 minutos, em sete partidas.

Durant, que ficou de fora por 23 partidas consecutivas em função de uma lesão no tendão da coxa esquerda, e Irving só começaram como titulares juntos em 14 partidas —e Harden se machucou assim que Durant voltou ao time. Os Nets vêm vencendo e marcando muitos pontos durante a temporada toda, a despeito das lesões e das ausências de Irving por motivos pessoais, mas é difícil avaliar o verdadeiro potencial do time quando não o vemos jogar completo.

Kevin Durant, James Harden e Kyrie Irving batem as mãos em quadra
Kevin Durant, James Harden e Kyrie Irving: trio dos Nets esteve poucas vezes junto - Jason Miller - 21.jan.21AFP

Milwaukee Bucks

Giannis Antetokounmpo ficou de fora por cinco jogos consecutivos por dores no joelho esquerdo. Foi a primeira vez que o jogador, ganhador do prêmio de MVP [jogador mais valioso] das duas últimas temporadas regulares, se viu forçado a ficar de fora por mais de duas partidas.

Philadelphia 76ers

Agora que o pivô e astro do time Joel Embiid está de volta, depois de ficar dez jogos fora com uma lesão óssea em seu joelho esquerdo, o 76ers parece ser o candidato ao título mais afortunado, em uma lista de que qualquer time gostaria de ficar fora. Não que Philadelphia planeje celebrar –afinal, Embiid tem um histórico de lesões frequentes, e o time continua à espera da estreia de George Hill, que acaba de ser contratado mas ainda não se recuperou de uma cirurgia no polegar.

Los Angeles Clippers

Paul George, dos Clippers, foi nomeado o melhor jogador da semana na conferência oeste, segunda-feira, mas começou o mês admitindo que a lesão no dedão de seu pé direito que o deixou de fora em sete partidas consecutivas em fevereiro, ainda não estava curada e que sua escalação seria decidida “jogo a jogo”.

Os Clippers também ficaram sem seu pivô titular, Serge Ibaka, nos últimos jogos, devido a uma lesão nas costas, e o armador Patrick Beverley deve ficar de fora por pelo menos um mês depois de passar por uma cirurgia em sua mão esquerda, fraturada na semana passada.

Denver Nuggets

Talvez por perceber a vulnerabilidade dos Lakers, os Nuggets decidiram deixar de lado sua reputação de cautela na realização de trocas e adquiriram Aaron Gordon, do Orlando Magic, no último dia da janela de transferências, no mês passado.

Os Nuggets venceram suas oito primeiras partidas com Gordon em quadra, desabaram em uma derrota incompreensível em casa para o Boston Celtics, no domingo, e na noite de segunda-feira assistiram horrorizado à lesão catastrófica sofrida por Murray em seu joelho esquerdo, que quase certamente vai mudar a trajetória da temporada do time. Murray tinha ficado de fora dos quatro jogos anteriores porque estava com o joelho direito dolorido.

Murray foi o quarto jogador a sofrer um rompimento do ligamento anterior cruzado nesta temporada, depois de Spencer Dinwiddie, dos Nets; Markelle Fultz, do Orlando; e Thomas Bryant, do Washington Wizards. A NBA vinha sofrendo em média três rompimentos de ligamento anterior cruzado por temporada, desde 2005/2006, de acordo com dados compilados por Jeff Stotts em seu site Street Clothes.

“Ainda estamos coligindo dados sobre os efeitos do calendário comprimido, a esta altura do ano”, disse Stotts. “Minha preocupação é que vejamos mais lesões de tecidos moles, em abril. Elas parecem estar em alta, comparadas aos números do restante da temporada."

Eu sempre adorei playoffs cheios de suspense, em contraposição às temporadas em que um time parece se encaminhar ao título como uma máquina indestrutível, e normalmente celebraria o quanto a disputa do título deste ano parece aberta, agora que chegamos à reta final da temporada regular. Mas quando porção tão grande dessa incerteza está vinculada a lesões, isso simplesmente não é possível.

Tradução de Paulo Migliacci

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