Consumir álcool, falar alto e interagir com os atletas de forma próxima, por exemplo para pedir autógrafos, serão coisas proibidas aos espectadores admitidos nas instalações dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.
Os organizadores avançaram com os preparativos para o megaevento, que tem a cerimônia de abertura marcada para 23 de julho, apesar das fortes preocupações do público japonês de que hospedar competidores de todo o mundo poderia resultar em mais surtos de Covid-19.
Para agravar essas preocupações, um segundo membro da equipe de Uganda teve um teste positivo para a doença poucos dias após sua chegada ao Japão.
O teste positivo do atleta seguiu-se ao de um treinador do país, no sábado (19). A delegação foi colocada em quarentena em Izumisano, cidade no oeste do Japão onde fará a sua preperação.
Veículos de imprensa locais haviam relatado na terça (22) que os organizadores estavam considerando permitir o consumo de álcool em arenas, mas eles voltaram atrás. Atualmente há restrições de venda à população japonesa para evitar convivência em bares.
Pessoas se reuniram em frente à sede do governo metropolitano na noite desta quarta-feira (horário local) para protestar contra os Jogos, com os participantes gritando "cancelem a Olimpíada", "parem a tocha" e "salvem vidas".
A presidente do comitê organizador, Seiko Hashimoto, reiterou que os organizadores querem Jogos seguros. "Se nossos cidadãos têm preocupações [sobre servir álcool nas Olimpíada], acho que devemos desistir disso. É por isso que decidimos proibir a venda de álcool", disse ela a repórteres. A patrocinadora Asahi Breweries, do ramo de bebidas, afirmou concordar com a decisão, considerando a mudança natural.
Os detentores de ingressos, a serem selecionados em uma nova loteria depois que os espectadores domésticos foram limitados a até 50% da capacidade dos estádios ou 10 mil pessoas (o que for menor), também serão convidados a ir direto para as arenas e depois para suas casas. Não serão exigidos testes negativos de Covid-19 e comprovante de vacinação.
"O maior desafio nos Jogos de Tóquio é conter o fluxo de pessoas e limitar o senso de celebração", disse Hashimoto. "Estamos nos esforçando para tornar os Jogos de Tóquio seguros e protegidos, para que não sejam muito comemorativos."
Quando Tóquio venceu a concorrência para sediar o evento, em 2013, a notícia foi recebida no país com com uma onda de emoção e como marco para a etapa final da recuperação após o devastador terremoto seguido de tsunami de 2011, que provocou o colapso de vários reatores na usina nuclear de Fukushima. Oito anos depois, essa alegria foi ofuscada pela pandemia.
Especialistas médicos japoneses disseram que banir espectadores seria a opção menos arriscada, mas também deram recomendações sobre a melhor forma de sediar os Jogos se os espectadores locais forem de fato admitidos. Hashimoto defendeu a decisão de permitir o público com limitações.
"Eu entendo que realizar o evento sem espectadores diminuiria o risco, mas há evidências de que não houve surtos em outros eventos e torneios", disse a presidente.
Os organizadores afirmaram nesta quarta-feira que ainda decidirão se permitirão espectadores nas sessões noturnas, levando em consideração as infecções, até 12 de julho, quando medidas de restrição serão suspensas em Tóquio e em algumas outras áreas.
O primeiro-ministro Yoshihide Suga ainda não descartou a realização dos Jogos sem espectadores se Tóquio for colocada de volta em estado de emergência, do qual saiu em 21 de junho.
Os árduos preparativos para a Olimpíada também parecem ter afetado os organizadores. A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, foi hospitalizada na terça-feira, depois que o governo metropolitano disse que ela tiraria o resto da semana de folga devido a cansaço.
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