Descrição de chapéu Tóquio 2020 canoagem

Com duas medalhas no pescoço, sossego, diz Isaquias, recordista na Rio-2016

Após três pódios na edição passada, ele quer ouro em Tóquio; primeira tentativa será com Jacky Godmann

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Tóquio

Ao conversar com a reportagem antes de embarcar para o Japão, o canoísta Isaquias Queiroz perguntou logo de cara como estava o clima em Tóquio.

Quem pratica esportes que sofrem influência da natureza sabe que às vezes o menor detalhe importa para ficar dentro ou fora do pódio, ou para a cor da medalha que sairá ao fim da competição.

A previsão de que faria calor nos dias das provas da canoagem velocidade nas Olimpíadas é mais fácil, pois o verão da capital japonesa tem sido praticamente sem trégua. Já as condições do vento, que podem favorecer um competidor numa determinada posição da raia, eram ainda difíceis de prever.

Isaquias Queiroz no camping de canoagem velocidade em Capitólio (MG) em fevereiro de 2021
Isaquias Queiroz no camping de canoagem velocidade em Capitólio (MG) em fevereiro de 2021 - Rafael Bello/COB

Após conquistar três medalhas nas Olimpíadas do Rio-2016 (recorde do país numa edição), Isaquias, 27, tem a chance de se igualar em número aos maiores medalhistas do Brasil na história dos Jogos: os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, ambos com cinco.

Uma das provas em que o canoísta obteve sucesso há cinco anos, a canoa individual de 200 metros saiu do programa olímpico.

O baiano de Ubaitaba inicia sua participação a partir das 22h05 deste domingo (1º), nas eliminatórias da prova de 1.000 m da canoa em dupla (C2). As quartas de final ocorrem no mesmo dia. Semifinais e final, no dia seguinte.

O companheiro de Isaquias no C2 será Jacky Godmann. Erlon Souza, o parceiro habitual até então, não se recuperou a tempo de uma lesão no quadril e acabou fora da convocação.

Assim como Isaquias, de Ubaitaba, e Erlon, de Ubatã, Jacky também é baiano, de Itacaré. Sua família é formada por outros canoístas, como a tia Valdenice Conceição, medalhista pan-americana em Toronto-2015 e competidora na Rio-2016, e o tio Vilson Conceição, medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos do Rio-2007.

A única competição recente de Isaquias e Jacky juntos no C2 foi em maio, na etapa da Hungria da Copa do Mundo —ficaram em terceiro.​

Se há duas medalhas em disputa nos Jogos, a meta de Isaquias será buscar as duas. “Eu não ia chegar na mídia e dizer que tenho oportunidade de ganhar duas medalhas sabendo que eu não tenho. Se eu soubesse que não teria, iria falar e acabou. Mas a gente está treinando muito bem e estou bem confiante”, afirmou.

A elite da canoagem tem como base a cidade de Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte. Por estarem em local afastado, os atletas não tiveram que interromper os trabalhos em razão da pandemia. Mas a comparação com os rivais ficou prejudicada porque, à exceção da etapa da Copa do Mundo, não houve competições internacionais desde o aparecimento do novo coronavírus.

“A gente treinou. Tudo o que a gente tinha que fazer a gente fez, me dediquei ao máximo que podia e me sinto bem preparado”, disse.

Questionado sobre o que mudou na reta final de treinamentos, após a competição na Hungria, ele mostra o bíceps e brinca: “Não sei se você vai perceber, mas acho que estou mais preparado”. Complementa destacando que perdeu 4 kg e está com o peso que considera ideal para a competir (84 kg).

Diferentemente da experiência que vivenciou na Rio-2016, Isaquias chega aos Jogos muito mais conhecido pelo público brasileiro. "Terei mais visibilidade por tudo o que fiz lá. No Rio fui sem pressão nenhuma. Hoje todo mundo quer ver eu ganhar medalha de ouro nas Olimpíadas.”

Por ter sido o primeiro atleta do país a conquistar três medalhas em uma única edição dos Jogos logo na estreia, ele diz que não se preocupa com a inexperiência de Jacky. “Experiência olímpica não conta muito. O Jacky vai estar com um cara experiente no barco e que sabe como se comportar na prova e administrar. Acho que ele vai ter bastante confiança.”

Depois do C2 1.000 m, Isaquias terá dois dias para se recuperar antes da disputa das eliminatórias da prova individual (C1), em 6 de agosto. Semifinais e final ocorrerão no dia 7. Os Jogos de Tóquio serão encerrados no dia 8, quando o atleta espera enfim poder relaxar.

“O que mais quero é chegar no dia 8 com as duas medalhas no pescoço. Aí vou estar sossegado”, diz.

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