A final feminina por equipes da ginástica, vencida pelo time do Comitê Olímpico Russo, deixou os Jogos de Tóquio sob apreensão em relação à participação de sua maior estrela, a americana Simone Biles.
A ginasta de 24 anos abandonou, de maneira surpreendente, a final nesta terça-feira (27) após obter uma nota ruim —para o padrão Biles— na prova do salto. E levantou o debate sobre a saúde mental dos atletas.
Questionada pela imprensa, não confirmou a participação na final individual geral, a mais tradicional da modalidade, a ser disputada na quinta (28) e que tem a brasileira Rebeca Andrade entre as 24 finalistas.
Após desistir da prova de equipes, Biles vestiu o agasalho da delegação americana e seguiu no ginásio, apoiando as colegas de time e sem demonstrar quaisquer sinais de problemas físicos. Os EUA ficaram com a prata e, por ter participado da primeira prova, Biles recebeu sua medalha, mais uma olímpica.
Com ela no peito, a ginasta conversou durante quase 20 minutos com um grupo de jornalistas. Solícita com os repórteres, disse que desistiu da competição por questões de saúde mental —e descartou lesões.
Biles já havia tido uma atuação abaixo do esperado na classificatória do último domingo (25), quando saiu do tablado na prova do solo. Questionada se disputará a final do individual geral, categoria na qual ficou em primeiro lugar na classificatória, preferiu não confirmar a presença. “Vamos ver sobre quinta-feira. Nós temos amanhã [quarta-feira] para ter um descanso mental.”
Diante da insistência dos jornalistas, a americana disse apenas que discutirá o assunto com sua equipe, num tom que coloca sob dúvidas sua continuidade nas Olimpíadas. “Vamos ver o que vai acontecer”, disse ela, ao lado das colegas que também conquistaram a medalha de prata.
A ginasta afirmou ainda que a desistência logo no começo da final visou proteger a equipe americana, já que, segundo ela, “o que é melhor para mim é melhor para o time”. “Depois do desempenho que eu tive, apenas optei por não seguir adiante”, disse, referindo-se ao salto ruim no início da disputa, uma performance que Biles diz ter percebido já no aquecimento que não seria satisfatória.
Emocionada, afirmou que precisa lutar contra a própria mente para ter confiança e voltar a se divertir com a ginástica —e não se preocupar com a opinião dos outros. “Tenho que focar a minha saúde mental, e não posso comprometer meu corpo. Temos que proteger nosso corpo, nossa mente”, destacou.
A ginasta tem mais cinco finais para disputar em Tóquio. Além da individual geral, ela se classificou para o salto, para a trave, para as barras assimétricas e para o solo. Após ter conquistado quatro medalhas de ouro e uma de bronze no Rio, em 2016, a atleta americana desembarcou no Japão como principal nome do evento esportivo e sob a expectativa de bater novos recordes.
Ela tem a oportunidade de ser a ginasta americana com mais medalhas da história em seu país e a segunda a vencer o individual geral em duas oportunidades consecutivas. A autora do feito pela primeira vez, há 53 anos, foi Vera Caslavska, em 1968, na Cidade do México, e em 1964, em Tóquio.
Antes dos Jogos, a ausência de Biles no evento não foi cogitada em nenhum momento. Até então, o grande mistério era se a ginasta executaria nas Olimpíadas o salto Yurchenko, o duplo mortal carpado.
Ela estreou o movimento em maio, no US Classic, 18 meses depois de retornar às competições. Foi a primeira mulher a praticar o movimento. Biles chegou a treinar o salto em Tóquio, mas ainda há dúvidas se vai colocá-lo em prática nos Jogos. Agora, há dúvidas se vai disputar tudo aquilo que havia programado.
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