Descrição de chapéu Tóquio 2020

Estrelas das Olimpíadas, Osaka atropela na estreia e Biles mostra que é capaz de errar

Não vai ser fácil, para não dizer impossível, tirá-las do pódio de maiores destaques dos Jogos

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Tóquio

Menos de 1km separou neste domingo (25) os palcos das estreias das estrelas dos Jogos de Tóquio.

A tenista japonesa Naomi Osaka atropelou sua adversária, e a ginasta americana Simone Biles confirmou o que muitos duvidam: é humana e até falhou —nada que lhe tomasse o primeiro lugar no individual geral do grupo. Não vai ser fácil, para não dizer impossível, tirá-las do pódio de protagonistas do evento.

Biles, 24, desembarcou para a sua segunda edição das Olimpíadas com pinta de veterana, vista por muitos como o maior nome da história da ginástica e sedenta por mais recordes depois das quatro medalhas de ouro e uma de bronze no Rio, em 2016, além de 25 em campeonatos mundiais, 19 das quais ouros.

Número 2 do mundo no tênis, Osaka, 23, participa de sua primeira competição olímpica, mas já entrou para história dos Jogos ao acender a pira na cerimônia de abertura, na sexta (23), no estádio de Tóquio.

O currículo de ambas em Olimpíadas parece, até aqui, ser a única diferença entre elas. Em comum, além da excelência esportiva, são mulheres negras, de personalidade destacada e engajadas.

De tranças vermelhas, Osaka bateu com tranquilidade a chinesa Saisai Zheng, por 2 sets a 0 (6/1 e 6 /4). Com arquibancadas vazias, restaram palmas de jornalistas japoneses no intervalo de lances da tenista.

Logo depois, na arena ali ao lado, sobressaiu o eco dos lamentos dos repórteres locais e estrangeiros quando Biles derrapou de leve para fora do tablado no solo. Mas é Simone Biles. Mesmo com a falha, ela ficou à frente das colegas de equipe e em segundo no geral desta prova.

A tenista japonesa Naomi Osaka durante vitório em seu primeiro jogo nas Olimpíadas de Tóquio
A tenista japonesa Naomi Osaka durante vitório em seu primeiro jogo nas Olimpíadas de Tóquio - AFP

A um grupo de jornalistas presente na área de imprensa ao lado da quadra de tênis, Osaka deu seu recado sobre o papel das mulheres nos Jogos. “O esporte feminino definitivamente está em alta. Falam em igualdade, mas às vezes eu sinto que nós estamos um pouco melhores, não em habilidade, mas por sermos capazes de nos expressar. Sinto que estamos muito fortes”, disse ela.

Falar à imprensa não é algo que a agrada. A japonesa voltou a competir após protagonizar uma polêmica em Roland Garros, em maio, quando abandonou a competição depois de ter sido multada por se mostrar contrária à obrigatoriedade de conceder entrevistas coletivas. Em seguida, ficou de fora de Wimbledon.

Na ocasião de Roland Garros, declarou sofrer de depressão e ansiedade desde o US Open de 2018.

Depois da vitória na estreia olímpica, Osaka comentou o retorno às quadras. “Sinto, mais que tudo, apenas felicidade por estar aqui. Estamos jogando em uma pandemia, é difícil para todos”, disse. Afirmou ainda se sentir nervosa por disputar sua primeira Olimpíada e atuar em casa depois de dois anos.

Osaka, dois dias depois de acender a pira, conseguiu a proeza de chamar a atenção para a primeira rodada da competição de tênis, geralmente menos atrativa por ser uma etapa preliminar.

Os organizadores separaram um espaço especial para a mídia local falar com a estrela, que respondeu em inglês às perguntas feitas em japonês. Filha de pai haitiano e mãe japonesa criada nos EUA, ela costuma ouvir críticas locais sobre sua relação com o Japão, o que desperta debates sobre racismo e identidade.

Detentora de quatro Grand Slams, Osaka abriu mão da nacionalidade americana para representar o Japão no esporte. Ser escolhida para acender a pira olímpica, ponto alto de uma cerimônia sóbria, foi um gesto dos organizadores do comitê japonês para promover e valorizar a diversidade em um evento carregado de resistências internas e críticas por ser realizado em meio a uma pandemia.

Agora, a número 2 do mundo enfrentará nos Jogos a suíça Viktorija Golubic nesta segunda (26), pela segunda rodada do torneio olímpico —ao todo, são cinco jogos antes da disputa final.

O caminho para Osaka sair com o ouro em Tóquio ficou mais fácil com a queda da australiana Ashleigh Barty, número 1 do mundo, para a espanhola Sara Sorribes Tormo, 48 do ranking, por 2 sets a 0 (6/4 e 6/3).

Mal terminou a entrevista coletiva da japonesa, a arena da ginástica, a menos de 1km da do tênis, assistia à entrada de Biles e seus colegas de equipe para a fase classificatória. A americana ficou em primeiro lugar no salto, obteve o oitavo lugar nas barras assimétricas e o sétimo na trave, na qual falhou na descida. Nada que ameace, por ora, seu favoritismo e sua posição inabalável de maior estrela dos Jogos.

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