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Carlos Rey Perez

Valores olímpicos, não, valores humanos em meio à pandemia

O esporte expõe a importância de valores como a amizade, o respeito e a excelência

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Carlos Rey Perez

doutor em ciências pela EEFE-USP, integra o Grupo de Estudos Olímpicos, da USP

A pandemia da Covid-19 incorporou ao cotidiano de pessoas de diferentes origens e culturas atitudes pouco usuais, como o distanciamento social, quarentenas, autoisolamento, restrições de movimento e o uso de máscaras. Medidas para evitar a disseminação e, consequentemente, a contaminação pelo vírus, trouxeram prejuízo nas relações sociais e a disseminação de um pensamento negacionista pouco visto em outros momentos.

Contudo, valores altruístas emergiram e obtiveram visibilidade, principalmente nos meios de comunicação. A amizade e a solidariedade tornaram-se um meio concreto para a manutenção da própria saúde mental, e de outros, propiciando a redução da solidão ocasionada pela diminuição do contato social.

Por outro lado, o longo confinamento gerado por um convívio compulsório prolongado aumentou a vulnerabilidade ocasionada pela ansiedade e pelo estresse. Com isso, o exercício do respeito mútuo e da tolerância tornou-se primordial para lidar com as diferenças e a individualidade entre as pessoas.

Mesmo diante da dúvida sobre a viabilidade da sua realização, os Jogos de Tóquio surgem como uma esperança. O esporte, reconhecido como um espaço de relações sociais e humanas, expõe a importância de valores como a amizade, o respeito e a excelência. Embora reconhecidamente como valores humanos, foram adjetivados como olímpicos, demonstrando a importância de fazer os Jogos Olímpicos serem um fenômeno social e cultural, mais do que uma competição.

Desde que Pierre de Coubertin atentou para a importância da prática esportiva como uma ação educativa, alguns princípios éticos, pedagógicos e morais passaram a nortear essa atividade, que hoje representam a face pública do Movimento Olímpico.

Os valores funcionam como um código de conduta de todos os envolvidos nas atividades olímpicas, sejam elas competitivas, administrativas ou voluntárias. Idealmente, buscam combinar esporte, educação e cultura a partir da harmonia entre o corpo e a mente, na busca da excelência em si mesmo, da integridade nas ações, do respeito mútuo e da alegria no esforço.

O desenvolvimento de valores humanos tornou-se uma das principais metas dos profissionais envolvidos com o ensino e práticas de atividades esportivas, sejam elas cooperativas ou competitivas. Dentre eles incluem-se o respeito a si mesmo, ao seu corpo e ao outro, bem como aos regulamentos, aos envolvidos com o esporte e ao meio ambiente.

O Movimento Olímpico e o Olimpismo são mais do que os Jogos Olímpicos apenas. Eles representam história, educação, sociedade, valores morais, a cultura da paz e uma proposta de vida. Porém, superado o romantismo inicial que moveu e motivou a criação do Movimento Olímpico, assiste-se na atualidade a uma complexa trama de interesses a mover ideais e ações no campo olímpico.

Por isso o adiamento dos Jogos e sua realização fora do calendário, mesmo diante de toda a dúvida que persiste sobre a proliferação do vírus. Os Jogos tiveram ao longo da história a intenção de celebrar a vida e os valores humanos.

Se o esporte é um fenômeno regulado por valores como a amizade, o respeito e a excelência, é na sua prática cotidiana que ocorre a transformação duradoura e consistente da sociedade. É isso que se espera ver em Tóquio.

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