Descrição de chapéu Tóquio 2020

DJ do vôlei nas Olimpíadas leva 'didididiê' ao mundo, exalta Anitta e Pabllo e veta letra 'suja'

Michael Staribacher, o Stari, conta como faz para escolher repertório de hits brasileiros

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Tóquio

Como o “didididiê” (“Cheia de Manias”) do Raça Negra foi parar na arena de vôlei das Olimpíadas de Tóquio?

Um DJ austríaco despertou a curiosidade nas transmissões pelo repertório de hits brasileiros. Com a equipe verde-amarela (masculina ou feminina) em quadra, a playlist de Michael Staribacher, 42, conhecido como DJ Stari, tem Anitta, Pabllo Vittar, Raça Negra, Marília Mendonça, Tim Maia e dezenas de outros brasileiros.

O austríaco Michael Staribacher, conhecido como DJ Stari, anima os jogos de vôlei com Anitta e Pabllo Vittar
O austríaco Michael Staribacher, conhecido como DJ Stari, anima os jogos de vôlei com Anitta e Pabllo Vittar - Camila Mattoso/Folhapres

Em entrevista à Folha, nas cadeiras da silenciosa arquibancada da Arena Ariake, DJ Stari revelou um pouco de sua caixa de segredos musicais, reverenciou a obra brasileira e contou como se preparou diante de um cenário inédito de arena vazia em Tóquio.

“Raça Negra é ótimo. Conheço a banda há muito tempo, tem lindas músicas”, diz.

Ele reverencia Anitta: “É única, na minha opinião. No momento, a artista brasileira mais conhecida no mundo. Ela faz sucesso não só dentro do Brasil, mas nos EUA, na Europa, todo mundo conhece Anitta”.

Stari destila elogios ao trabalho da Pabllo Vittar, que aparece durante a atuação de Douglas Souza em quadra. “Sou muito fã da Pabllo. Não a conheço há muito tempo, mas é música muito bem produzida. É algo especial, sabe o que faz", diz.

DJ Stari é um veterano de Olimpíadas. Anima as partidas de vôlei desde Atenas-2004. Tóquio é sua quinta participação nos Jogos.

Sem torcida para empolgar desta vez, devido à pandemia da Covid-19, ele decidiu pesquisar as músicas de cada país no torneio de vôlei e tocá-las durante os duelos para os atletas e os espectadores das transmissões.

“O meu trabalho é entreter o público dentro das arenas. Só que agora [com arenas vazias] é muito diferente. Então procurei algo especial para fazer com que cada time se sentisse num jogo em casa”, explica.

O processo de seleção das músicas inclui enquetes com amigos desses países, atletas das seleções e pesquisas na internet.

“Tento entender todas as músicas que toco, saber um pouco do que tem por trás. Conheço muitos atletas e fico em contato com eles, perguntando o que estão ouvindo agora”, diz.

Ele conta que a brasileira Tandara, da seleção feminina, sugeriu que tocasse “Baby Me Atende”, parceria de Matheus Fernandes e Dilsinho. Outra sugestão foi “Tipo Gin”, do MC Kevin o Chris.

“Tento sempre traduzir e checar, primeiramente, se a música é apropriada, porque a brasileira, na verdade, às vezes não é tão fácil, vocês sabem disso. Há muitas palavras sujas”, diz o DJ.

Ele também diz se preocupar em saber quem são os artistas. Stari vetou da sua lista, por exemplo, o DJ Ivis, que foi preso após aparecer em vídeos agredindo a mulher.

"Sei da história dele porque é meu trabalho. Simplesmente não toco", conta.

Segundo o austríaco, sua atuação nos Jogos de Tóquio tem repercutido mais no Brasil do que em qualquer outro lugar.

"Toquei muitas músicas em eventos esportivos, e os brasileiros são os que mais reagem”, afirma.

Dois brasileiros são lembrados constantemente na playlist do DJ nas partidas da seleção: Isac Santos e Douglas.

Para Douglas, a escolha é “Zap Zum”, de Pabllo Vittar. Já Isac é recebido ao som de “Isaac”, do cantor de reggae Edson Gomes.

Segundo o DJ, seu repertório ajuda a motivar os jogadores em quadra. “Eu não só acho, como sei disso, porque os atletas me dizem. Eles se divertem e se motivam. Minha filosofia é que não quero tocar só a música boa, mas também a certa nos momentos certos”.

Ele discorda ser o "sétimo" jogador em quadra, como dizem em Tóquio. "Não diria isso. Sou neutro, toco música brasileira quando o Brasil joga, a italiana com a Itália. Eu tento celebrar o vôlei internacional."

O austríaco diz que, fora do período olímpico, ocupa metade do seu tempo com eventos esportivos e o vôlei é, de longe, o que mais tem sintonia com músicas na arena.

“É o melhor para entreter com música, no bloqueio, no saque, no corte. Numa situação dramática, a música vai ser mais poderosa”, diz.

O DJ conta que toca “Sweet Caroline” nos jogos da seleção em homenagem ao treinador do time masculino, Renan Dal Zotto, desde a conquista da Liga das Nações, em junho.

Ele atendeu a um pedido feito pela comissão técnica na ocasião. Dal Zotto escutava a canção enquanto se recuperava da Covid-19.

A versão reproduzida é uma remixagem feita por Enzo, o próprio filho do técnico. “Vou tocar sempre que o Brasil ganhar”, avisa Stari.

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