Descrição de chapéu Tóquio 2020

'Brasil e EUA não dominam mais', diz Alison após eliminação das 4 duplas brasileiras no vôlei de praia

Parceiro de Álvaro diz que Brasil parou nos anos 1990 e é preciso repensar investimentos no esporte

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tóquio

A eliminação da dupla Alison e Álvaro nas quartas de final das Olimpíadas de Tóquio levou o país a um cenário inédito de não subir no pódio desde que o vôlei de praia estreou nos Jogos, em Atlanta-1996.

Foram 13 medalhas conquistadas de lá pra cá, sendo ao menos duas por edição (três em Sidney-2000).

Nenhuma das quatro duplas brasileiras, duas masculinas e duas femininas, chegou às semifinais no Japão.

Última esperança de pódio para o Brasil, Alison e Álvaro perderam na noite desta terça-feira (3) a disputa das quartas de final para a Letônia, por 2 sets a 0 (parciais de 21/16 e 21/19).

Alison busca o ataque durante a partida que decretou a eliminação do Brasil no vôlei de praia
Alison busca o ataque durante a partida que decretou a eliminação do Brasil no vôlei de praia - Daniel Leal-Olivas/AFP

Em entrevista após a desclassificação, Alison, ouro em 2016 com Bruno Schmidt, fez um balanço do desempenho da parceria com Álvaro.

Falou em falta de concentração e erros técnicos, mas aproveitou para reclamar da falta de investimentos em novas duplas no circuito nacional. Trouxe também a presença de mais nomes na cena mundial.

Ele ainda destacou o surgimento de mais países, como Letônia, Noruega e Suíça, na briga por medalhas olímpicas.

Na chave feminina em Tóquio, uma dupla de suíças enfrenta americanas na semifinal, e uma da Letônia encara outra da Austrália. No masculino, uma das disputas é entre Noruega e Letônia. Alemanha e Comitê Olímpico Russo e Qatar e Itália ainda brigam para chegar à semifinal.

“O mundo descobriu que o vôlei de praia é um esporte barato, dá resultado e traz medalha. O Brasil está parado. O Brasil e os Estados Unidos não dominam mais, a gente tem que sentar e conversar", disse Alison ao ser questionado pela Folha sobre o tema.

“Não é desculpa, não estou falando do jogo de hoje [terça], quero deixar bem claro. Quero falar [sobre] como o mundo está evoluindo, e nós estamos parados na década de 1990. Temos matéria-prima, os atletas, os técnicos, e ainda estamos esperando um pouco. O mundo está capotando”, disse.

Antes da queda de Alison e Álvaro, três duplas brasileiras ficaram pelo caminho nas Olimpíadas. Bruno Schmidt e Evandro foram eliminados nas oitavas de final pela mesma dupla da Letônia que derrotou os colegas brasileiros na terça.

No feminino, Ágatha e Duda caíram para a Alemanha, também nas oitavas, e Ana Patrícia e Rebeca deixaram Tóquio nas quartas após derrota para as suíças.

“O Brasil ganhou medalha de ouro em 2016 e não mudou nada, não teve investimento, ficou tudo parado, do mesmo jeito, menos etapas [circuito nacional], esperando Alison e Bruno, como foram Ricardo e Emanoel”, ressaltou Alison.

Aos 34 anos, ele diz que não sabe se terá condições de disputar mais um torneio olímpico –o próximo será em Paris-2024. Ele afirmou que precisa seguir competitivo.

Álvaro, 30, por sua vez, disse que certamente vai trabalhar por mais um ciclo de Jogos. "Gostei muito do que vivi aqui", afirmou.

Na avaliação de Alison, a questão de investimentos é importante para evitar que se foque apenas um grupo restrito de jogadores, e que novas gerações surjam no curto e no longo prazo na modalidade.

“Quando comecei a jogar vôlei, o circuito brasileiro tinha 24 etapas. Quanto mais você joga, mais aparecem jogadores. Quanto mais o sistema fica seletivo, pegando um atleta e dando tudo para ele, com menos atletas, mais roleta russa fica”, acrescentou.

A Confederação Brasileira de Voleibol informa que se posicionará por meio de sua CEO, Adriana Behar, e de outros gerentes sobre diferentes temas após os jogos de Tóquio. Na ocasião, a diretora executiva irá abordar a participação das equipes brasileiras nos Jogos, apresentar um quadro de investimentos feitos na modalidade e comentar sobre planos para o novo ciclo olímpico.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.