Descrição de chapéu Tóquio 2020 skate

Pai de Pedro Barros fez churrasco comunitário na Nicarágua para ver prata do filho

André Barros lamentou a distância imposta pela Covid-19, que não permitiu que ele fosse a Tóquio

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São Paulo

Para ver seu filho, o catarinense Pedro Barros, 26, competir na final da modalidade skate park nos Jogos Olímpicos, o surfista André Barros abriu o portão de sua casa, em Miramar (Nicarágua), colocou a televisão em uma área externa e, à beira da praia, fez um churrasco.

Quem passasse estava convidado a entrar para ver o desempenho que levou Pedro a se consagrar medalhista de prata olímpico, na madrugada desta quinta-feira (5), em Tóquio.

“Foi muito legal, moro em um vilarejo muito pequeno, uma comunidade carente, abri minha casa para o pessoal poder ficar assistindo o campeonato. Pessoas que nunca tiveram acesso a nada relacionado ao skate vieram à casa do pai de um medalhista”, diz André. “Foi muita festa, muita choradeira.”

Pedro Barros celebra uma de suas voltas na disputa do skate park em Tóquio
Pedro Barros celebra uma de suas voltas na disputa do skate park em Tóquio - Loic Venance/AFP

Com a vitória do skatista, o Brasil chegou a sua 19ª medalha nesta edição dos Jogos Olímpicos, mesmo número de pódios conquistados nas Olimpíadas do Rio em 2016.

A diferença é que, nestes Jogos, o skate, modalidade estreante, se tornou protagonista do esporte brasileiro, colocando no pódio também Kelvin Hoefler e Rayssa Leal (todos com a prata).

Nesta quinta, além de Pedro Barros, o país ainda colocou outros dois competidores na decisão do skate park, mas Luiz Francisco e Pedro Quintas não alcançaram o pódio.

Em entrevista à Folha antes da decisão, André havia expressado a angústia de não poder estar ao lado do filho em Tóquio, por causa das medidas preventivas contra a pandemia da Covid-19, como as restrições a acompanhantes dos atletas da delegação. Desta vez, porém, o sentimento era de alívio.

“Missão cumprida. Ele estava em êxtase, saiu um caminhão das costas dele, ele sentia esse peso”, disse o pai, sobre a conversa que teve com o filho por telefone logo após o skatista ter recebido os 86.14 pontos que o colocariam no pódio, atrás apenas do australiano Keegan Palmer, que registrou 95.83 pontos.

“Agora ele está livre, pode se aposentar do esporte, já conquistou tudo o que podia”, prosseguiu o pai.

Pedro tem seis medalhas de ouro nos X Games, além de três pratas e um bronze. Também foi sete vezes campeão mundial na categoria skate park, em competição organizada pela World Skate e reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional.

André afirmou ainda que ele e o filho sempre tiveram, como missão, “transmitir paz, amor, expandir para o mundo esse sentimento”. Para ele, a distância geográfica com o filho, neste momento, “foi dolorida”.

“Mas senti muito a companhia dele, e ele sentiu minha presença também.”

André Barros conta que, antes de Pedro viajar para Tóquio, em uma quarentena que cumpriu na Califórnia, os dois se encontraram. Foi a despedida antes da medalha de prata no Japão.

“Fui visitar ele, mostrar segurança e dizer que a carreira dele já era brilhante. Que ele fosse para Tóquio para fazer o que o skate sempre representou para ele: se divertir.”

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