Descrição de chapéu Tóquio 2020 paralimpíadas

Paralimpíadas: Brasil chega a 20 ouros e se aproxima da melhor campanha da história

Com triunfo no goalball, país fica perto dos 21 títulos de Londres-2012

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São Paulo

Com a medalha de ouro conquistada nesta sexta-feira (3) nas Paralimpíadas de Tóquio, o Brasil chegou a 20 e se aproximou das 21 registradas em Londres-2012. Se ainda não pode dizer que estabeleceu um novo número recorde de ouros, a campanha já está bem perto de ser a melhor da história.

Na Inglaterra, foram 21 ouros, 14 pratas e 8 bronzes (43 no total), com a sétima posição no quadro de medalhas. Em Tóquio, a dois dias do fim dos Jogos, são 20 ouros, 15 pratas e 26 bronzes (61 no total), também na sétima posição até aqui.

O recorde absoluto de medalhas é do Rio-2016, com 72. Em casa, o Brasil ficou na oitava posição do quadro geral por causa do número mais baixo de ouros. Foram 14, com 29 pratas e 29 bronzes.

Jogadores com camiseta amarela se abraçam em uma rodinha
Atletas da seleção masculina de goalball e comissão técnica comemoram a medalha de ouro - Alê Cabral/CPB

O ouro desta sexta foi inédito, no torneio masculino de goalball, ao vencer a China. Já Thiago Paulino chegou a comemorar o título do arremesso do peso F56/F57, mas a China entrou com um recurso e invalidou a tentativa vencedora. Assim, Paulino ficou com o bronze. E o também brasileiro Marco Aurélio Borges, que tinha levado o bronze, obteve a prata.

Além dessas três medalhas, foram mais quatro no décimo dia de competições das Paralimpíadas de Tóquio. Luís Carlos Cardoso ficou com a prata na canoagem velocidade, na prova de 200 m do caiaque classe KL1. O nadador Wendell Belarmino levou o bronze nos 100 m borboleta S11, assim como João Victor Teixeira no lançamento do disco F37 e Silvana Fernandes no taekwondo K44 até 58 kg.

A seleção feminina de vôlei sentado perdeu a semifinal para os EUA e disputará o bronze.

Veja os destaques da campanha brasileira nesta sexta

Thiago Paulino ganha e perde ouro

Thiago Paulino dos Santos, 35, comemorou, mas não levou o ouro no arremesso do peso classes F56/57 (para atletas com deficiências diversas que competem sentados).

Ele obteve a marca de 15,10 m, o que chegou a ser celebrado como o novo recorde dos Jogos. Mas, já na manhã de sábado no Japão, perdeu esse arremesso, após recurso da China. Não foi inicialmente divulgada a falta cometida, mas ele caiu da primeira para a terceira posição, com 14,77 m.

O ouro acabou ficando com o chinês Wu Goshan, com 15 m. O paulistano Marco Aurélio Borges, 43, que arremessou o peso a 14,85 m, conquistou a prata.

Thiago sentado na cadeira onde faz seus arremessos com expressão séria e apontando para baixo
Thiago Paulino dos Santos celebrou o ouro, mas acabou levando o bronze - Takuma Matsushita/CPB

Título inédito no goalball coroa ótima campanha brasileira

A seleção brasileira conquistou uma inédita medalha de ouro com a vitória sobre a China na decisão do torneio masculino de goalball das Paralimpíadas de Tóquio-2020, por 7 a 2.

Os três jogadores titulares da equipe verde-amarela marcaram gols. Foram três de Leomon Moreno (dois deles em penalidades), três de Josemarcio, o Parazinho, e um de Romário.

Alex de Melo Sousa, Emerson da Silva e José Roberto Ferreira de Oliveira também integram a equipe campeã.

O Brasil já tinha uma medalha de prata (Londres-2012) e uma de bronze (Rio-2016) e agora consegue ir ao lugar mais alto do pódio pela primeira vez com uma campanha quase perfeita.

Na primeira fase foram três vitórias em quatro jogos —11 a 2 sobre a Lituânia, 10 a 4 contra a Argélia e 8 a 3 diante do Japão— e apenas uma derrota, 8 a 6 para os EUA.

No mata-mata, triunfos por 9 a 4 sobre a Turquia e novamente contra os lituanos, que defendiam o título de 2016, por 9 a 5, antes da decisão do ouro.

O goalball é o único esporte do programa paralímpico desenvolvido exclusivamente para pessoas com deficiência (no caso, visual), sem ser uma adaptação de uma modalidade convencional.

Atletas brasileiros perfilados no pódio com agasalhos amarelos
Atletas do Brasil sobem ao pódio para receber o ouro no goalball masculino - Ale Cabral/CPB

O objetivo é marcar gols arremessando uma bola para o outro lado da quadra, que tem as dimensões da de vôlei (9 m x 18 m). Três atletas de cada time atuam ao mesmo tempo como arremessadores e defensores. O arremesso deve ser rasteiro ou tocar pelo menos uma vez nas áreas obrigatórias antes de balançar as redes.

Para igualar a condição dos atletas, que podem ter diferentes graus de deficiência visual, todos atuam com vendas sobre os olhos. A percepção da bola, que tem guizos, é feita pela audição. Exceto após os gols e nas paradas, não pode haver barulho no ginásio. As linhas na quadra estimulam o tato para facilitar o senso de localização.

A Lituânia levou o bronze ao derrotar os EUA por 10 a 7. No torneio feminino, vencido pela Turquia, o Brasil terminou na quarta posição e adiou a conquista de uma medalha inédita. A prata foi dos EUA, e o bronze, do Japão.

Mais quatro medalhas em quatro esportes

Canoagem

Luís Carlos Cardoso, 36, conquistou a prata na canoagem velocidade, a segunda do país no esporte, que estreou nos Jogos em 2016 com bronze.

Ele foi o segundo colocado da final do caiaque 200 m classe KL1 (com uso apenas dos braços na remada), atrás do húngaro Peter Kiss. "Passa um filme na cabeça, todas as muitas vezes que eu pensei que não ia conseguir, o desgaste físico e psicológico. Finalmente chegou a minha vez", comemorou Luís.

Ex-dançarino profissional, o atleta nascido em Picos (PI) teve uma infecção na medula em 2009 e perdeu os movimentos das pernas. Da dança, foi para a canoagem adaptada.

Luís Carlos, de dentro do barco, aponta com o indicador para o alto
Luís Carlos Cardoso, medalhista de prata nos 200 m do caiaque classe KL1 - Miriam Jeske/CPB

Taekwondo

Silvana Fernandes, 22, foi dominante para vencer a disputa da medalha de bronze no taekwondo categoria até 58 kg classe K44 (atletas com amputação unilateral do braço). A brasileira superou a turca Gamze Gurdal nos três rounds e terminou a luta com vitória por 26 a 9.

Nascida em São Bento (PB), começou a carreira no atletismo, competindo no lançamento do dardo, em 2014. Quatro anos depois, mudou para o taekwondo, esporte que conheceu pela internet.

"Quando comecei no esporte, tinha como meta defender o Brasil. Mas, quando saiu a lista de provas dos Jogos Parapan-Americanos [de Lima, no Peru], minha classe no lançamento do dardo não estava. Aí, meu sonho de competir pelo Brasil acabou. Conheci, então, o taekwondo. Comecei a treinar e descobri que tinha potencial", contou a paraibana em entrevista à TV Correio.

A decisão foi das mais sábias. Ela estreou internacionalmente no Pan-Americano da modalidade, em Portland, nos Estados Unidos, em 2019. No mesmo ano, disputou o Parapan de Lima e ficou com o ouro.

Silvana Fernandes com agasalho amarelo, medalha no peito e sorrindo em foto com fundo escuro
Silvana Fernandes recebe a medalha de bronze no taekwondo - Rogério Capela/CPB

Natação

Uma recuperação nas últimas braçadas deu a Wendell Belarmino a medalha de bronze nos 100 m borboleta classe S11 (atletas cegos).

Wendell virou os primeiros 50 metros na sétima posição e parecia distante da medalha até os últimos metros, mas sustentou seu ritmo enquanto os rivais diminuíram e assim conseguiu bater na terceira colocação, com o tempo de 1min05s20.

O brasileiro de 23 anos, nascido em Brasília, fechou a sua participação de estreia em Jogos Paralímpicos com três medalhas, uma de cada cor, já que também conquistou o ouro nos 50 m livre e foi prata no revezamento 4 x 100 m livre misto.

O Brasil encerrou sua campanha no esporte com 23 medalhas, um recorde. Foram 8 ouros, 5 pratas e 10 bronzes.

Wendell de agasalho amarelo segurando a medalha com a mão direita
Wendell Belarmino, medalhista de bronze nos 100 m borboleta classe S11 - Miriam Jeske/CPB @miriamjeske.photo

Atletismo

João Victor Teixeira, 27, conquistou a medalha de bronze no lançamento do disco da classe F37 (paralisados cerebrais andantes). Ele atingiu a marca de 51,86 m em sua penúltima tentativa e ficou com a terceira posição na prova.

O carioca teve um resultado positivo para a Covid-19 no último teste antes da viagem para o Japão e perdeu parte da aclimatação no país das Paralimpíadas. Ainda assim, conquistou duas medalhas de bronze no atletismo: além do lançamento do disco, também ficou em terceiro lugar no arremesso do peso.

João Victor, de agasalho amarelo, sorri e segura a medalha de bronze com a mão direita
João Victor Teixeira, medalhista de bronze no lançamento do disco classe F37 - Fábio Chey/CPB

Derrota no vôlei sentado leva Brasil à disputa do bronze

A seleção brasileira perdeu para os Estados Unidos por 3 sets a 0 (25/19, 25/11 e 25/23) na semifinal do torneio feminino de vôlei sentado.

As americanas são as atuais campeãs paralímpicas. No Rio-2016, a equipe nacional terminou na terceira posição.

O Brasil disputará a medalha de bronze novamente contra o Canadá. O jogo pelo terceiro lugar será neste sábado (4), às 4h30 (horário de Brasília).

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