Descrição de chapéu skate

Leticia Bufoni e Pedro Barros traçam planos para Olimpíadas de Paris

Skatistas experientes manifestam disposição para encarar novo ciclo rumo aos Jogos de 2024

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Florianópolis

Leticia Bufoni e Pedro Barros, dois dos skatistas brasileiros mais vitoriosos e reconhecidos mundialmente, desejam que a participação nos Jogos de Tóquio não seja a única experiência olímpica de suas carreiras.

Quatro meses após competirem no Japão, eles dizem estar dispostos a encarar o ciclo até Paris-2024, quando esperam viver um momento bem diferente do presenciado na estreia do esporte nas Olimpíadas.

No caso de Pedro, 26, não pelo resultado, pois ele terminou com a medalha de prata na modalidade park. Já Leticia, 28, teve menos motivos para sair satisfeita da pista, de fora da final do street.

Pedro Barros de camiseta amarela e capacete azul e cinza, comemorando com o punho direito erguido
Pedro Barros durante o Red Bull Skate Generation, evento de skate realizado em sua casa, em Florianópolis - Marcelo Maragni 11.dez.21/Red Bull Content Pool

Ambos ainda esperam vivenciar uma edição dos Jogos sem as restrições impostas pela pandemia, com presença de público nas arenas e ao lado de pessoas próximas.

"Penso muito em Paris. Acho que vai ser a experiência verdadeira de Olimpíadas se tudo melhorar até lá, para a gente poder ter público, levar nossa família e os amigos. Tomara que dê certo. Quero voltar a competir bem no ano que vem", afirmou Leticia à Folha em Florianópolis, onde esteve no último fim de semana para acompanhar o Red Bull Skate Generation.

Ela não chegou a participar como competidora do evento, organizado por um de seus patrocinadores e que reuniu atletas mais especializados em park na pista de Pedro Barros.

Após Tóquio, Leticia ganhou um torneio em Paris e disputou duas etapas da Street League Skateboarding nos Estados Unidos, mas não foi ao pódio. Depois abriu mão de disputar o Super Crown, final do circuito mundial realizada em novembro, na Flórida, e o STU Open, principal torneio brasileiro e que ocorreu no início deste mês, no Rio de Janeiro.

Leticia 'voa' com o skate em manobra realizada em frente à Torre Eiffel
Leticia Bufoni em ação durante torneio realizado em Paris após os Jogos de Tóquio - Teddy Morellec -18.ago.21/Red Bull Content Pool

Fora das pistas, recentemente lançou uma linha própria de tênis da Nike e um modelo de shape em parceria com a britânica Sky Brown, 13, chamado Monarch Project.

"Eu resolvi dar um ‘break’ de competição nos últimos dois meses, uma folga para o corpo, porque tivemos um ano intenso. Quis curtir um pouco, vir em eventos como esse e apreciar, porque quando estou competindo não consigo relaxar em nenhum momento", disse.

A skatista passará o Natal e o Ano-Novo no Brasil antes de retornar aos EUA, em janeiro. Ainda sem um calendário definido para o próximo ano, ela pretende voltar a disputar torneios perto de abril.

Mesmo ausente das competições, Leticia afirma estar sempre "em cima do skate" para não perder o ritmo. Também tem dedicado mais tempo a outras paixões, como surfe e carros, especialmente ao drift (técnica de direção baseada em deslizar o veículo nas curvas). No fim de semana do Super Crown, ela esteve no Brasil para o GP da F1 em São Paulo.

"Fazer esses esportes também me ajuda muito no skate, e estou conseguindo conciliar. Já estava bem cansada, então resolvi dar uma folga nas competições. Quando surgiu a oportunidade da F1 foi perfeito, porque era um fim de semana em que eu realmente queria descansar. Tive momentos incríveis na F1 e não me arrependo de ter trocado", explicou.

Ela e Pedro sabem que a concorrência no esporte tende a aumentar após a estreia olímpica. Os torneios do segundo semestre colocaram em evidência outros talentos que também pretendem ir a Paris e devem elevar o nível da disputa nos próximos anos, num ciclo mais curto que o habitual por causa do adiamento de Tóquio-2020.

Depois de conquistar a medalha de prata, o catarinense comparou o objeto almejado por tantos atletas a um "souvenir" e declarou que a experiência que levaria para sua vida era muito maior do que um item material. No retorno ao país, ele deu a medalha de presente para a mãe.

Apesar do discurso que na ocasião causou impressão de desapego pelo resultado, ele admite ter sentido certa pressão por um bom desempenho no Japão. "Era a primeira Olimpíada do skate e eu tenho uma trajetória única no park. Queria fazer parte desse momento. Agora tudo é mais leve, já conheço um pouco o caminho da roça, sei o que me espera se eu quiser realmente me dedicar", afirmou.

Pai de Pedro e um dos seus grandes incentivadores no esporte, André Barros avalia que, com a pressão deixada para trás, o filho poderá buscar um resultado ainda melhor, mas sem a sensação de que há necessidade de voltar com uma medalha.

"Mesmo com o nível aumentando, se ele treinar por dois anos pode ter chance de ganhar medalha. Não que seja o objetivo, mas ele se vê lá dentro. Acho que vai com vontade de buscar esse ourinho, ficou com gostinho na boca", disse.

Pedro Barros confirma o desejo e se vê no auge como atleta aos 26 anos, disposto a buscar novas façanhas. "No final, quem compete quer o lugar mais alto do pódio. Queria ganhar esse ouro. A prata foi maravilhosa, a mensagem que a gente passou foi maravilhosa. Vou deixar nas mãos do universo e de uma forma leve, mas sei que ainda tenho muito skate para mostrar."

O repórter viajou a convite da Red Bull

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