Descrição de chapéu skate

Skatistas celebram volta à essência em despedida de ano olímpico

Red Bull Skate Generation tem vitória do time de Pedro Barros e susto com Gui Khury

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Florianópolis

Medalhista de prata nas Olimpíadas de Tóquio, o skatista Pedro Barros, 26, lembrou após competir no Japão que ele e o australiano Keegan Palmer, primeiro campeão olímpico da modalidade park, já andaram juntos na sua casa em Florianópolis.

A história serviu como exemplo do que o skate trouxe de diferente e marcante em sua estreia nos Jogos: a celebração do esporte e da amizade entre os atletas acima das rivalidades individuais.

Pedro e Keegan, oito anos mais novo, dividiram o bowl (pista que remete ao formato de uma piscina) localizado no bairro Rio Tavares em 2014, durante o Red Bull Skate Generation. A competição organizada pela empresa na capital catarinense teve mais uma edição antes de entrar num hiato que durou até 2021.

Neste sábado (11), retornou ao seu local de origem, o bowl RTMF. Foi o momento de se despedir de um ano histórico e exaltar a realização de um evento "raiz".

Pedro Barros passa sobre seus companheiros de time no Red Bull Skate Generation
Pedro Barros passa sobre seus companheiros de time no Red Bull Skate Generation - Tauana Sofia/Red Bull Content Pool

"A galera está aqui para celebrar e fazer esta festa para os skatistas. É um momento de glória nosso. Podemos estar juntos, fazendo o que mais amamos e nos divertindo com isso", afirmou Pedro Barros.

Segundo André Barros, figura influente na cena e pai de Pedro, após o primeiro ciclo olímpico da história do esporte o objetivo era valorizar a "verdade do skate".

"Aqui eles são skatistas, mas na Olimpíada viram atletas. Lá tem uma pressão muito grande, com patrocinador, país, bandeira. Aqui eles vivem a vida como sempre viveram desde que começaram a andar de skate. No final é uma competição, todo o mundo quer dar o melhor, mas a energia é bem diferente", disse.

"A gente entendeu que era legal trazer de volta a nossa essência, principalmente a história do Rio Tavares, que trouxe a nossa medalha", completou.

Yndiara Asp e Isadora Pacheco, que representaram o país no park em Tóquio, também moram na mesma região ao sul da ilha, que ganhou projeção por ser um reduto de bowls no país.

O Generation reuniu cerca de 500 pessoas, entre organizadores e convidados, que se espalharam ao lado da pista e num pequeno morro de grama para assistir à ação.

A competição teve 40 skatistas e foi disputada por oito equipes, cada uma com cinco integrantes de três categorias: "Under 21" (até 21 anos), "The 90’s" (entre 22 e 30 anos) e "OG’s" (acima dos 30 anos).

Pela primeira vez, houve divisão entre homens e mulheres na "Under 21" e na "The 90’s", o que garantiu a presença de 16 competidoras no evento.

A vitória foi do time formado por Pedro Barros, Weslley Carvalho, 19, as americanas Allysha Le, 25, e Minna Stess, 15, e o dinamarquês Rune Glifberg, 47.

A segunda colocação ficou com a equipe de Sandro Dias, 46, Yndiara Asp, 24, Luigi Cini, 19, Raicca Ventura, 14, e o americano Alex Sorgente, 24.

"A gente nunca quer perder e tenta o melhor sempre. Lógico que quando você está num ambiente como esse, que é uma festa do skate, acaba se divertindo muito mais, mas quando está na pista quer fazer o melhor show", disse Sandro Dias.

Yndiara faz manobra pisando no capacete de Sandro Dias
Yndiara Asp e Sandro Dias em ação durante o evento - Marcelo Maragni/Red Bull Content Pool

O time que ficou em terceiro teve Miguel Catarina, 50, Isa Pacheco, 16, Camila Borges, 25, Augusto Akio, 20, e Gui Khury, 12.

Primeiro atleta da história a acertar um giro de 1.080° num half pipe (estrutura em forma de U), Gui levantou o público com movimentos impressionantes. Quando ele tentava mandar um 900°, porém, sofreu uma queda e bateu a cabeça no cimento. Após ser socorrido na pista, foi retirado do espaço de competição e levado para ser atendido numa ambulância.

"Ele estava um pouco febril, mas quis competir de qualquer maneira. Estava um pouco cansado, além do normal, e na hora se empolgou fazendo a manobra. Com o tombo acho que tudo veio de volta. Bateu o cansaço e ele quis dar um tempo, ficar no colo da mãe", afirmou Ricardo Khury, pai do garoto.

'Amigos da firma'

Durante os últimos dias, os participantes puderam conhecer outros redutos clássicos do esporte na região. Na sexta (10), as equipes foram montadas durante uma sessão livre de skate na pousada Hi Adventure.

O momento foi um bom resumo da proposta do evento. Entre as voltas, skatistas davam risadas, e alguns também goles de cerveja. No entorno do bowl estavam pessoas de todas as idades e muitos pais que acompanhavam os filhos, além de Glauber Rocha, um cocker caramelo animado para se aventurar no mesmo palco dos skatistas.

"O problema é que se ele entrar não consegue mais sair", disse o dono do cachorro, conhecido como Sagui.

Também houve um susto logo no início da sessão, quando Otavio Neto, 41, caiu durante a volta e precisou ser socorrido. Mais tarde, ele retornou com o braço direito enfaixado e lembrou aos presentes que o infortúnio também faz parte da essência do esporte.

"Tem skate para todos os gostos. Se quiser ir para a Olimpíada vai, se quiser correr campeonato corre, se quiser beber bebe", declarou, arrancando aplausos.

O fortalecimento da divisão entre os atletas que perseguem resultados no skate e outros que se dedicam mais ao esporte como estilo de vida é aventada desde a entrada no programa dos Jogos, em 2016.

Skatistas perfilados na beira do bowl
Os times premiados no Red Bull Skate Generation - Marcelo Maragni/Red Bull Content Pool

Para André, tanto as Olimpíadas quanto a cena ganharam com a inclusão, e o acesso ao universo do skate está mais democrático no Brasil. Para que assim continue, ele defende a manutenção de eventos como o Generation.

"Ou a gente leva o skate pelo melhor dele, fazendo isso, ou vai ser só mais um esporte. Aí a Olimpíada terá que buscar outra modalidade que tenha o que a gente vendeu para eles: o lance do espírito, da amizade, do lifestyle", disse.

Pedro arriscou uma analogia com o mundo corporativo para explicar a diferença de participar de cada torneio. "Aqui os skatistas estão trabalhando, se dedicando, mas de uma forma mais leve. É como fazer uma viagem com os amigos da firma. Vocês vão curtir, talvez até falem sobre negócios, mas no meio de uma resenha. Já na Olimpíada é ir para o escritório e ter que desempenhar na frente do seu chefe, de todo o mundo e sob pressão."

O repórter viajou a convite da Red Bull

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