Descrição de chapéu tênis

Djokovic tem deportação adiada e deve ficar na Austrália pelo menos até segunda

Tenista sérvio aguarda audiência após apelar contra decisão que cancelou seu visto de entrada

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São Paulo | Reuters

Novak Djokovic passará pelo menos as próximas 72 horas em um hotel de Melbourne antes de mais um capítulo judicial na sua tentativa de permanecer na Austrália e jogar o primeiro Grand Slam da temporada. Uma audiência sobre o caso foi marcada para segunda-feira (10), às 16h locais (2h de Brasília).

O sérvio está isolado em um quarto de hotel a 5 km do Melbourne Park, palco do Australian Open, depois que as autoridades cancelaram seu visto de entrada no país, na manhã desta quinta-feira (6) no horário australiano.

"Djokovic não forneceu as evidências adequadas para atender aos requisitos de entrada na Austrália, e seu visto foi posteriormente cancelado", disseram as autoridades de fronteira australiana. O primeiro-ministro, Scott Morrison, destacou que "regras são regras, especialmente quando se trata de nossas fronteiras".

Novak Djokovic no controle de fronteira no aeroporto de Melbourne, na Austrália - REUTERS - 5.jan.22

O tenista número 1 do mundo está no centro de uma polêmica por não revelar se foi vacinado contra o novo coronavírus, além de inicialmente ter recebido uma autorização especial a fim de disputar o torneio, no qual ele buscaria seu 21º título de Grand Slam para se isolar como o maior vencedor entre os homens —atualmente, está empatado com Rafael Nadal e Roger Federer.

Em uma audiência nesta quinta, os representantes do atleta e do governo australiano chegaram a um acordo de que nenhuma ação seria feita para deportá-lo antes da audiência de segunda-feira, em um tribunal federal. A disputa das chaves principais do Australian Open 2022 começa no dia 17 de janeiro.

O juiz Anthony Kelly disse que está disposto a tratar o caso com agilidade, mas não será influenciado pela preferência da Tennis Australia, autoridade do esporte no país e organizadora do campeonato, de que o assunto seja resolvido até terça-feira. "Se eu puder dizer com o respeito necessário, o rabo não vai abanar o cachorro aqui", afirmou.

Caso o sérvio de fato deixe a competição, o russo Daniil Medvedev será o cabeça de chave número 1 da chave de simples masculina.

Nick Wood, representante de Djokovic, declarou que estava disponível para discutir a situação de seu cliente com as autoridades. "Se a decisão de cancelamento for válida, é um obstáculo insuperável para Djokovic competir no torneio", disse Wood.

Em fevereiro passado, antes de conquistar o título em Melbourne pela nona vez, Djokovic ficou em quarentena em um hotel de luxo em Adelaide e pôde treinar no famoso clube de tênis Memorial Drive durante o período de isolamento obrigatório para todos os participantes do Australian Open.

Em contraste, o hotel da imigração onde o atleta está agora detido, ao norte do distrito comercial central de Melbourne, é um simples lar de pessoas detidas no país por diferentes razões e períodos de tempo.

Apoiadores de Djokovic se juntaram do lado de fora do hotel a defensores de refugiados que protestavam contra prolongadas detenções.

Policiais observam manifestantes com cartazes em frente a prédio
Ativistas pró-refugiados protestam em frente ao mesmo hotel no qual o tenista se encontra - William West/AFP

Conflitos políticos na Austrália

O destino de Djokovic está ligado a uma disputa política na Austrália, caracterizada por acusações entre a administração de Morrison, do Partido Liberal, e o governo do estado de Victoria, comandado por Daniel Andrews, do Partido Trabalhista.

As disputas aumentaram enquanto as infecções diárias de Covid-19 na Austrália atingiam um recorde pelo quarto dia consecutivo, com novos casos ultrapassando 72 mil, sobrecarregando hospitais e causando escassez de mão de obra.

De acordo com o sistema federal da Austrália, estados e territórios podem emitir isenções dos requisitos de vacinação para entrar em suas jurisdições. No entanto, o governo federal controla as fronteiras internacionais e pode contestar tais isenções.

Mulheres reunidas com velas e uma bandeira da Sérvia
Apoiadoras de Djokovic em frente ao hotel de imigração onde o tenista está detido em Melbourne - Loren Elliott/Reuters

Djokovic viajou para a Austrália após receber uma isenção do governo de Victoria, comunicada oficialmente pela Tennis Australia. Segundo o órgão, o pedido do tenista foi aceito por dois painéis médicos independentes. Essa isenção, cujas razões não são conhecidas, sustentou seu visto inicialmente emitido pelo governo federal.

Em sua chegada, no entanto, funcionários da Força de Fronteira Federal no aeroporto disseram que Djokovic não conseguiu justificar os motivos de sua isenção.

A força-tarefa australiana que define os parâmetros de isenção lista o risco de doenças cardíacas graves devido à inoculação e uma infecção por Covid-19 nos últimos seis meses como qualificadores.

No entanto, Morrison disse que a Tennis Australia foi informada semanas atrás que uma infecção recente não atendia aos critérios de isenção para o governo federal. De acordo com o jornal The Age, duas cartas das autoridades de saúde federais encaminhadas à organização do torneio sustentavam essa informação.

Ainda segundo a publicação, várias fontes ouvidas pela reportagem afirmam que a motivação do atleta para o pedido teria sido uma contaminação recente pelo coronavírus.

Funcionários do governo da Tennis Australia e de Victoria disseram que Djokovic não recebeu tratamento preferencial e que cumpriu os requisitos exigidos a todos os participantes.

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