Descrição de chapéu Financial Times Futebol Internacional

Futebol inglês terá regulador independente, promete secretária de Cultura

Plano colocará o governo em rota de colisão com a Associação de Futebol e a Premier League

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George Parker Samuel Agini
Londres | Financial Times

O futebol inglês terá um regulador independente, com um "teste de adequação" reforçado para proprietários e diretores, antes da próxima eleição geral no Reino Unido, segundo planos expostos pela secretária de Cultura, Nadine Dorries.

O plano, descrito em uma carta de Dorries ao primeiro-ministro Boris Johnson e vista pelo Financial Times, colocará o governo em rota de colisão com a Associação de Futebol (FA na sigla em inglês), entidade que rege o esporte no país e administra a seleção, e a Premier League, que organiza o Campeonato Inglês, sobre como a popular modalidade deve ser regulamentado.

A FA prefere que o supervisor se situe dentro de sua estrutura, de acordo com uma pessoa próxima ao corpo diretivo, enquanto a Premier League argumentou contra a regulamentação estatutária completa.

Torcida do Chelsea antes do jogo contra o Newcastle, dois times com donos que não são do país
Torcida do Chelsea antes do jogo contra o Newcastle, dois times com donos que não são do país - Justin Tallis - 13.mar.2022/AFP

No entanto, a Liga Inglesa de Futebol (EFL na sigla em inglês), que comanda as divisões abaixo da primeira, é a favor de um órgão fora da FA, segundo uma pessoa próxima.

Dorries quer que o regulador seja totalmente independente, de acordo com seus assessores, embora isso possa mudar no futuro se a FA provar que se reformou fundamentalmente. Mas o plano levanta a perspectiva de um debate acalorado sobre o futuro do esporte.

A secretária de Cultura argumentou que a abortada Superliga Europeia –plano elaborado no ano passado com o apoio dos "seis grandes" clubes da primeira divisão inglesa– e os recentes problemas financeiros em clubes como Bury e Derby County demonstram a necessidade de uma nova estrutura.

As sanções impostas ao proprietário do Chelsea, Roman Abramovich, também destacaram a necessidade de verificações mais duras sobre a adequação de um indivíduo para possuir um clube, embora seja improvável que um novo regulador tivesse impedido um consórcio liderado pela Arábia Saudita de comprar o Newcastle United no ano passado.

Dorries aceitou que seria criticada por alguns por adiar a legislação até depois da próxima sessão parlamentar, o que poderia dar esperança aos adversários de usar o atraso para diluir os planos.

A parlamentar conservadora Tracey Crouch, que supervisionou uma revisão liderada por torcedores sobre a governança do futebol no ano passado, argumentou que há um caso para uma legislação "urgente" na próxima sessão parlamentar.

Mas Dorries argumentou que o novo plano para o esporte precisa de uma consulta mais completa; um estudo está planejado para o verão, com a intenção de avançar com a legislação no próximo ano na sessão final, antes das eleições gerais de 2024.

"Alguns expressarão sua preocupação de que este seja o governo chutando a questão da regulamentação do futebol para a grama alta", disse Dorries na carta a Johnson. "Acredito que seja o contrário; é o governo comprometido com uma regulamentação sem precedentes que protege os torcedores, preservando o valor econômico do nosso esporte nacional."

Dorries disse que, para provar que os "opositores" estão errados, o governo deve se comprometer a criar o regulador no Discurso da Rainha, no mês que vem, e a elaborar um roteiro prometendo legislar a tempo para que o regulador seja implantado antes das eleições de 2024.

Os aliados do ministro admitem que seus planos vão colocar o governo em "rota de colisão" com os órgãos existentes do futebol inglês, mas Dorries argumentou que um novo regulador ajudaria a criar um "quadro consistente e sustentável", com menor risco de crises financeiras no esporte.

A Premier League, a FA e a EFL se recusaram a comentar, mas no mês passado Helen MacNamara, diretora de políticas e assuntos corporativos da Premier League, disse ao comitê digital, de cultura, mídia e esporte da Câmara dos Comuns que a liga era contra a regulamentação estatutária completa.

Ela defendeu o papel da FA, embora reconhecendo a necessidade de "supervisão mais independente". "Nós apoiamos a FA. Achamos que há uma razão natural pela qual a FA seria um regulador eficaz."

Mark Bullingham, executivo-chefe da FA, disse na mesma reunião que o órgão está fazendo mudanças de governança recomendadas na revisão de Crouch para permitir que assuma responsabilidades adicionais, incluindo a nomeação de diretores não executivos independentes.

"Qualquer coisa que fizéssemos seria um órgão totalmente novo, abrigado de forma independente na FA, e exigiria essa independência", disse ele.

O Departamento de Digital, Mídia, Cultura e Esporte disse: "O futebol não é nada sem seus torcedores, que são a base dos clubes de todo o país, e é por isso que garantimos que eles tenham um papel fundamental na revisão da governança do esporte, supervisionada pela deputada Tracey Crouch".

"Estamos comprometidos com a proposta de adotar um regulador independente do futebol inglês e reforçar os testes de proprietários e diretores existentes."

"Proteger o patrimônio dos clubes, melhorar a governança corporativa e maior sustentabilidade financeira em toda a pirâmide do futebol estarão no centro de nossa resposta à revisão liderada pelos fãs."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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