Robson Conceição, 33, pisou no ringue na madrugada de sábado (24), na tentativa de se tornar um raro campeão olímpico também campeão mundial no boxe profissional —feito obtido apenas por quatro lendas da modalidade: Joe Frazier, Muhammad Ali, Sugar Ray Leonard e George Foreman. Não conseguiu.

Em Newark, nos Estados Unidos, o superpena (até pouco menos de 59 kg) foi bem controlado pelo norte-americano Shakur Stevenson, 25. A luta foi decidida após os 12 assaltos, sem nocaute, porém a decisão foi unânime na avaliação dos três jurados: 118 a 108, 117 a 109 e 117 a 109.

O combate valia três cinturões, mas só em caso de triunfo do brasileiro, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Stevenson não conseguiu alcançar o peso da categoria, ultrapassando-o em cerca de 700 g, e teve de abrir mão dos títulos da WBO (Organização Mundial de Boxe) e do WBC (Conselho Mundial de Boxe).

Também ficou vago o cinturão oferecido pela prestigiada revista The Ring. No ringue, ainda que tenha perdido os cinturões, Stevenson conseguiu se impor sobre o baiano.

Conceição até mostrou algum ímpeto no primeiro assalto, porém logo ficou clara a maior constância do seu adversário, apoiado pelo público de 10.107 espectadores no Prudential Center. No quarto, "round", o árbitro chegou a abrir contagem após um desequilíbrio do brasileiro.

O norte-americano exibiu um bom jogo de pernas, manejando de maneira inteligente a distância para o rival. Conseguia castigá-lo, sobretudo na linha de cintura —Robson reclamou de um golpe baixo—, sem dar espaço para contra-ataques.

Conceição teve seu melhor momento no oitavo assalto, quando encaixou um bom golpe de direita que ultrapassou a guarda do adversário. Logo Stevenson restabeleceu seu domínio, controlando as ações até o último gongo.

Quando o resultado do combate foi anunciado, não havia espaço para surpresas.

"Sou simplesmente um indivíduo dominante. Fiz todo o possível para atingi-lo tanto quanto fosse possível. Ele me segurou e me agarrou a noite inteira", afirmou o norte-americano, reclamando das táticas do brasileiro para frustrar suas investidas mais agressivas.

Sobre seu fracasso na tentativa de alcançar o peso superpena —o que lhe custou parte da bolsa da luta e críticas de Robson, que o chamou de "não profissional"—, Shakur disse ter feito o que podia. Ele agora pretende mudar de categoria e se tornar um atleta peso leve.

"Tive uma semana longa. Eu me matei para bater o peso. No fim, o que eu queria era chegar neste ginásio e ter uma boa performance. Fiz tudo o que estava ao alcance."

Por recomendação médica, Conceição foi levado a um hospital ao fim da luta. Ele passou algumas horas em observação e, por esse motivo, não concedeu entrevistas sobre o combate.

"Estou bem, galera. Logo mais, volto aqui", publicou o baiano, nas redes sociais. "Independentemente do resultado, continuo firme e forte, de cabeça erguida. Obrigado para os de verdade, não foi desta vez", acrescentou, horas mais tarde, aquele que agora tem um cartel de 17 vitórias e duas derrotas como profissional