Descrição de chapéu tênis

'Sempre admirei Serena, mas ela nunca me admirou', diz recordista de Grand Slams

A australiana Margaret Court afirma não ser lembrada no mundo do tênis por causa de religião

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São Paulo

A mulher com mais títulos de torneios de simples em Grand Slam afirma admirar Serena Williams, mas não crê que a recíproca seja verdadeira. Em entrevista ao diário britânico Daily Telegraph, Margaret Court, 80, disse acreditar que o mundo do tênis a esqueceu.

A australiana obteve 24 títulos do Aberto da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e Aberto dos Estados Unidos entre 1960 e 1975. No total, ela chegou 29 vezes à final de um dos quatro principais torneios do tênis.

 Margaret Court durante cerimônia realizada em Wimbledon neste ano
Margaret Court durante cerimônia realizada em Wimbledon neste ano - Adrian Dennis-3.jul.22/AFP

Na lista das maiores vencedoras, ela tem um título de vantagem sobre Serena Williams, que se aposentou das quadras no início deste mês, e dois sobre a alemã Steffi Graf.

"Serena, eu sempre a admirei como jogadora. Mas creio que ela nunca me admirou. Eu não penso muito nisso mais. Eu estava em Wimbledon neste ano e ninguém veio falar comigo. Eu pensei: ‘ah, isso é interessante’", afirmou ao jornal britânico.

Court vive em Perth, em seu país natal, onde é pastora desde 1995 e ainda acompanha tênis. E ela constata que seu nome raramente é citado pela imprensa. Ainda mais no meio de todas as louvações feitas à carreira de Serena Williams.

A ex-tenista é uma das três da história a vencer os quatro principais torneios no mesmo ano. Em 1970, foi campeã na Austrália, na França, no Reino Unido e nos Estados Unidos. As outras duas a conseguirem o mesmo feito foram a americana Maureen Connolly, em 1953, e Steffi Graf, em 1988.

"É muito triste porque a imprensa e a TV hoje em dia, especialmente no tênis, não querem mencionar meu nome. Isso acontece apenas quando não há outro jeito, porque eu ainda tenho vários recordes. Em 2020, eu deveria ter ido a Wimbledon para o 50º aniversário dos títulos de 1970. Mas houve a pandemia, então a homenagem nunca aconteceu. Roland Garros nunca me convidou, o Aberto dos Estados Unidos nunca me convidou. Eu não perco o sono com isso, mas as homenagens pelo que eu fiz não aconteceram. No meu próprio país eu ganhei muitos títulos, mas eles preferem não mencionar o meu nome", afirma.

Court acredita que o ostracismo acontece como resposta às crenças religiosas de uma devota pentecostal cristã. Ela já declarou ser contra casamento entre pessoas do mesmo sexo. Martina Navratilova, checa naturalizada americana e ex-número 1 do mundo, criticou a visão da australiana como uma "miopia realmente assustadora".

"Eu acho que tem muito a ver com o fato de que sou uma pastora e me mantenho firme no que acredito. Eu fui alvo de muito bullying. Mas nós deveríamos poder dizer o que acreditamos. Não tenho nada contra ninguém, respeito todos e prego a todos. Eu ainda amo o esporte. Ensino muita gente jovem e uso a imagem do tênis para falar sobre disciplina, comprometimento e foco. Esporte traz muito para a sua vida", completa.

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