Holanda tenta enfim acabar com a sina de falhar na Copa do Mundo

Seleção laranja, famosa por bom futebol e craques, nunca venceu o Mundial

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São Paulo

Não há uma seleção tão reverenciada no futebol com tão poucas vitórias a mostrar quanto a Holanda. A escola da Laranja Mecânica, de Rinus Michels, berço de Johan Cruyff, do Ajax quatro vezes campeão europeu, das gerações de ouro que chegaram a mundiais como favoritas...

Mesmo com tudo isso, a Holanda desembarca no Qatar ainda em busca de seu primeiro título no torneio. Sua solitária conquista de expressão, a Eurocopa de 1988, foi seguida de desempenho ruim em 1990, quando acabou eliminada nas oitavas de final pela Alemanha e deixou a Copa do Mundo sem ganhar nenhuma partida.

Steven Bergwijn comemora seu gol nas elminatórias contra a Noruega, em Roterdã
Steven Bergwijn celebra gol marcado nas Eliminatórias - John Thys - 16.nov.21/AFP

Estar classificada em 2022 já é mais do que a Holanda obteve há quatro anos, quando nem sequer conseguiu vaga para ir à Rússia.

"Este é um supergrupo de jogadores, com enorme compromisso e maturidade. O espírito de equipe é incrível, e isso é uma alegria para qualquer técnico", define Louis van Gaal, que pela terceira vez dirige a seleção.

A própria trajetória de Van Gaal, responsável pela formação do histórico time do Ajax ganhador da Champions League de 1995, é inconstante. Ele era o técnico que não conseguiu levar a Holanda para o Mundial de 2002, perdendo as vagas do seu grupo para Portugal e Irlanda. Depois comandou a equipe na campanha do terceiro lugar da Copa de 2014, no Brasil. Agora, estará no Qatar.

"Eu fui treinado por Van Gaal na seleção e em clube. A diferença é enorme", definiu Robin van Persie, atacante que se deu bem com o chefe na seleção em 2014, mas entrou em atrito com ele no ano seguinte no Manchester United (ING).

A mística foi construída com jogadores históricos, filosofia ofensiva e inovações táticas. O "futebol total" de Rinus Michels fez a Holanda chegar como favorita à final contra a então Alemanha Ocidental, em 1974. Perdeu por 2 a 1. Quatro anos mais tarde, um time já enfraquecido e sem Cruyff caiu de novo na decisão, mas para a Argentina: 3 a 1.

Em 2010, a seleção chegou à sua terceira final e manteve o aproveitamento em 0%. Foi superada na prorrogação pela Espanha depois de Robben ter desperdiçado, no tempo normal, a chance que representaria o gol do título. Apesar da campanha, saiu da África do Sul criticada por ter, na teoria, renegado a essência do futebol holandês, de ofensividade e toque de bola.

Uma filosofia que, apadrinhada por Johan Cruyff no Barcelona, levou ao surgimento de uma das melhores equipes da história: o Barcelona campeão europeu de 2009, 2011 e 2015.

Neste intervalo entre 1978 e 2010, a Holanda teve alguns dos maiores jogadores do planeta, como Marco van Basten, Ruud Gullit, Ronald Koeman, Patrick Kluivert, Frank de Boer, Edgar Davids e Dennis Bergkamp, sem também chegar ao topo da montanha: ganhar a Copa do Mundo.

"Depois do que aconteceu em 2018 [a não classificação], este time acredita que tem muito a provar", resume o atacante Memphis Depay, 28, um dos remanescentes do terceiro lugar de 2014.

Depay é um dos responsáveis pela criatividade ofensiva e neste papel anotou 12 gols em 10 partidas das Eliminatórias.

Com uma mistura de juventude e experiência, a Holanda tem Daley Blind, 32, e Virgil van Dyke, 31, para balancear um grupo de novatos como Jurrien Timber, 21, e Cody Gakpo, 23.

Louis van Gaal revelou neste ano que, após tratamento contra câncer de próstata, estava livre do tumor. Para evitar que os jogadores descobrissem seu estado de saúde, passava pelas sessões de radioterapia à noite.

"Não queria que eles soubessem porque poderia influenciar o desempenho em campo", explicou depois.

A Holanda está no Grupo A, com Qatar, Equador e Senegal. A estreia será contra os africanos, em 21 de novembro.

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