Conheça Pickles, o cachorro que encontrou a taça da Copa do Mundo

Cão da raça collie achou o troféu Jules Rimet, roubado antes do Mundial de 1966

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São Paulo

A Copa do Mundo fez de Pickles o cachorro mais famoso da história do esporte. É verdade que o protagonismo do cão da raça collie ainda é questionado, mas, na história, consta que ele encontrou a taça Jules Rimet, oferecida ao campeão mundial de futebol.

Em 20 de março de 1966, a pouco menos de quatro meses do início do torneio na Inglaterra, o troféu foi colocado em exibição na Methodis Central Hill, em Londres. Nem era o que mais valioso estava ali. Também havia coleção de selos avaliados em 3 milhões de libras (43,7 milhões de libras corrigidos ou R$ 257,3 milhões).

Pickles, o cachorro que encontrou a taça Jules Rimet em 1966
Pickles, o cachorro que encontrou a taça Jules Rimet em 1966 - Reproduçao BBC

Mas o prêmio oferecido ao vencedor do mundial foi o item escolhido para ser roubado naquela noite, Quando o sumiço acabou descoberto, havia nota exigindo o pagamento de 15 mil libras (218 mil libras corrigidas ou R$ 1,3 milhão) como resgate.

Foi um escândalo.

"É uma piada de mau gosto se na Inglaterra um troféu pode ser roubado e nunca mais encontrado", reclamou o secretário da Fifa, Helmut Kaeser.

A Federação local divulgou nota reconhecendo que o episódio trazia "descrédito para si mesmo e para o país."

A Scotland Yard, a polícia local, começou a investigar o crime e, em poucos dias, anunciou ter detido um intermediário, mas sem encontrar o troféu. Foi oferecida recompensa de 3.500 libras (51 mil libras atuais ou R$ 300 mil) por informações que levassem aos criminosos ou ao item roubado.

Em 27 de março, David Corbett, 26, andava com seu cão de estimação, Pickles, por Beulah Hill, na região de South Norwood, em Londres. O cachorro começou a cheirar o carro do vizinho e a concentrar sua atenção em uma das rodas dianteiras.

"Eu ia para uma cabine telefônica porque minha cunhada estava para ter um bebê. Pickles viu que havia um pacote ao lado do pneu e fiquei com medo de ser uma bomba. Era tempo em que o IRA [Exército Republicano Irlandês] estava cometendo atentados. Mas não era. Rasguei um pouco embaixo e vi um pedaço da placa. Reconheci na hora o que era", disse Corbett anos depois para o Daily Mail.

A primeira reação de Corbett foi levar a taça para a delegacia mais próxima. O sargento o dispensou. Disse que aquela não era a Jules Rimet roubada. Apenas diante da insistência foi feita uma verificação mais detalhada. Quando se constatou que aquele realmente era o troféu desaparecido, ele passou a ser visto como principal suspeito.

"Logo percebi que estavam desconfiados de mim e da minha história. Mas respondi tudo o que perguntaram porque eu não tinha nada a esconder", completou.

Quando chegou em casa, teve outra surpresa. Ela estava cercada pela imprensa. A história havia vazado e Pickles era considerado herói nacional.

A dupla recebeu centenas de convites pelos meses seguintes. Um deles foi para o jantar oficial após a Copa do Mundo, uma comemoração pelo título da seleção da casa.

Cobertt recebeu 5.000 libras (72.800 libras atualmente ou R$ 428 mil) entre recompensa e contratos publicitários em que o cachorro foi o astro. Usou o dinheiro para comprar uma casa. O Pickles participou de um longa-metragem e recebeu convites para eventos e inaugurações.

O episódio ainda é alvo de desconfiança. Como um cachorro pode ter encontrado, daquela forma, um troféu tão importante? Mas ninguém conseguiu desacreditar a história que se tornou célebre.

Pickles morreu no ano seguinte em acidente próximo à sua casa. Ele correu para perseguir um gato, mas sua coleira se prendeu no galho de uma árvore, o asfixiando.

Quando surgiu a notícia do roubo da taça, Silvio Pacheco, o representante da CBD (Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF) no Mundial, reclamou que "algo assim jamais aconteceria no Brasil".

A seleção ficou de posse definitiva da Jules Rimet ao vencê-la pela terceira vez, em 1970. Treze anos mais tarde, a taça foi roubada da sede da entidade, no Rio de Janeiro, e derretida.

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